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Manobras tentam fragilizar Áreas Protegidas na Amazônia

Criadas com o objetivo de proteger a biodiversidade da Floresta Amazônica da agressão de atividades econômicas – como a pecuária e a indústria madeireira – as áreas protegidas correm o risco de ficarem fragilizadas por conta de manobras políticas. É o que revela o mais recente estudo do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), divulgado ontem.

O Acre foi o único Estado do Norte a não apresentar ini-ciativas nesse sentido. Rondônia lidera as propostas para reduzir o tamanho das áreas protegidas dentro de seu território. Porto Velho usa até mesmo seu ZEE (Zoneamento Econômico-Ecológico) para isso.

Composta por Unidades de Conservação e terras indígenas, as áreas protegidas formam 42% da Amazônia Legal. Se para am-bientalistas elas são vistas como instrumentos de garantia de que a floresta não será devastada, para alguns setores econômicos são apontadas como entrave para o progresso de seus negócios.

“O aumento das áreas protegidas e da fiscalização contra as atividades ilegais tem levado políticos, ocupantes ou pretendentes a proporem formalmente sua extinção, redução ou mudança de categoria”, mostra trecho do estudo que teve à frente os pesquisadores Elis Araújo e Paulo Barreto.

O Imazon detectou 37 iniciativas neste sentido, que abrangem 48 áreas protegidas. Dessas, 92% sofriam algum tipo de ameaça como ocupação (81%), exploração madeireira (46%), obras de infra-estrutura (46%) e exploração mineral (27%).

Até o mês passado, 65% das propostas de alteração tinham sido concluídas, com resultados nada agradáveis para o setor ambiental. Mais de 90% foram favoráveis, o que resultou na redução de 49.506 km2 de área protegida.

Em Rondônia e Mato Grosso, os principais motivos para a supressão foram a comprovação de posse antes da criação das Unidades de Conservação e projetos de infra-estrutura, como a construção de estradas e pequenas centrais hidrelétricas. 

Segundo o Imazon, a redução de uma área no Parque Estadual do Xingu (MT) foi motivada pela implantação de projetos agropecuários. Em Rondônia, acordo entre o governo estadual e o federal possibilitou na diminuição da Floresta Nacional do Bom Futuro.

O governo rondoniense barganhou a concessão de licença ambiental das usinas do Madeira em troca de o Ministério do Meio Ambiente reduzir a abrangência da unidade. A troca foi aceita. Longe dos interesses escusos, o Acre mantém suas áreas protegidas. Unidades de Conservação e terras indígenas representam 45,66% do território. 

 

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