O Ministério Público Estadual (MPE), através do promotor de Justiça, Leandro Portela, formalizou na última sexta-feira (30/7), ao juízo da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco, denúncia contra Gleisson da Silva Andriola e Jéferson Teixeira Andrade, ambos com 25 anos. A ação penal tem como base inquéritos instaurados nas Delegacias de Flagrante, Especializada de Atendimento à Mulher e Antiassalto da Polícia Civil.
Andriola foi denunciado pelo cárcere privado e assassinato da assessora parlamentar, Ana Eunice Moreira Lima; tentativa de homicídio contra o comerciante Kender Conceição; roubo mediante grave ameaça de um revólver sob a responsabilidade do segurança Alexsandro Machado Salvador; e porte ilegal de armas. Jeferson foi denunciado por roubo qualificado e porte ilegal de armas.
As armas de fogo utilizadas para tomar de assalto o segurança do Pronto-Socorro de Rio Branco teriam sido adquirida 10 dias antes da ocorrência. Armados, no dia 11 de julho deste ano, eles deram início à execução dos crimes, começando com a invasão do P.S.
A invasão, que deu origem ao roubo do revólver do segurança, ocorreu por volta de 00h30min. Nesse momento, Andriola e Jeferson, segundo o MPE, agiam em comunhão de esforços e vontade. Na fuga, ocorre a invasão a casa do comerciante Kender Conceição, 32, atingido por seis tiros por Andriola.
Jeferson é preso e Andriola invade a residência da assessora parlamentar Ana Eunice Lustosa, 52. Mantida em cárcere como refém por várias horas, ela finda executada com mais de 15 facadas.
“Logo após tamanha brutalidade, o denunciado telefonou para a polícia e disse que a vítima tinha sido executada e que estava aguardando a invasão da casa, todavia por prudência a polícia não invadiu a residência por ter a esperança de que ela tivesse viva”, destaca um dos trechos da denúncia.
Para o promotor Leandro Portela, as provas acolhidas nos autos são suficientes para demonstrar o tamanho da perversidade de Andriola. Por esse motivo, o representante do MPE se manifestou contrário ao pedido de reprodução simulada dos fatos requitado pela defesa do réu.
“Esse tipo de procedimento só utilizado quando existem dúvidas acerca dos crimes cometidos, o que não é o caso”, argumenta Portela. Com relação ao pedido da quebra do sigilo telefônico do comandante da Polícia Militar, coronel Romário Célio e do companheiro de Ana Eunice, jornalista Tião Maia, acredita que seja uma estratégia para retardar o julgamento do caso.
Segundo ele, o conteúdo de uma conversa telefônica só pode ser obtido mediante intercepção telefônica, devidamente autorizada pela Justiça, o que não é o caso, haja vista que o diálogo já ocorreu.
No caso em discussão, o que se pode obter é a quebra do sigilo telefônico, mediante o qual se tem acesso somente aos dados das contas solicitadas, como número, horário e duração das chamadas efetuadas e recebidas.
Comerciante baleado pode ser a principal testemunha
Como testemunhas, o Ministério Público Estadual arrolou doze pessoas. Entre elas o comerciante Kender Conceição, o segurança Alexsandro Machado, o coronel Romário Célio e o companheiro de Ana Eunice, jornalista Tião Maia.
Para Portela, com a boa recuperação que está apresentando Kender Conceição pode se tornar a principal testemunha do caso. A partir do oferecimento da denúncia, os réus devem ser citados e terão cinco dias para apresentar a defesa.
Na seqüência, o juiz marca a audiência de instrução e julgamento para a oitiva das vítimas, acusados e testemunhas. Ao final, decide se pronuncia ou não os réus e marca a data do julgamento pelo júri popular.