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Obras no aeroporto de Rio Branco só ficarão prontas para setembro de 2011

As obras executadas no Aeroporto Internacional de Rio Branco deverão ser finalizadas apenas em setembro de 2011 (previsão). Isso não significa que o aeroporto continuará funcionando sob as atuais restrições (aviões menores, com menos passageiros) até 2011, mas certamente não poderá ter 100% da sua capacidade até lá. As duas margens (pontos críticos) devem ser finalizadas até outubro deste ano. O pátio central, porém, só deve ser reformado a partir da próxima estiagem, já que as chuvas de inverno inviabilizam as obras.
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O Aeroporto Plácido de Castro na Capital foi inaugurado em 22 de novembro de 1999, representando um dos maiores símbolo do novo desenvolvimento do Acre. A obra mais cara do Estado! Contudo, o complexo só tinha validade até 2010. Por isso, nos últimos 2 anos o solo local começou a se expandir e danificar a pavimentação da pista. Isso gerou pane com saliências no asfalto (o que, inclusive, já causou o atolamento de um avião há cerca de 4 meses), exigindo que a Infraero iniciasse uma ‘operação tapa-buracos’.

Desde então, as obras estão sendo executadas pelo 7º BEC (Batalhão de Engenharia de Combate, parceiro da Infraero), mas não estavam andando no que pode se chamar de ‘ritmo acelerado’. Desta forma, autoridades acreanas, como o governador Binho Marques e o senador Tião Viana, trataram de cobrar do Exército brasileiro para agilizar os reparos.

Na terça da semana retrasada (3 de agosto), em sessão deliberativa ordinária no Senado Federal, o senador Tião Viana fez breve comentário solicitando ao comando do Exército para que adotasse, com urgência, as medidas necessárias para resolver os problemas na pista do aeroporto, em face ao risco real da si-tuação para a população. O pedido foi atendido.

“É uma reforma que não acaba nunca! Muitas vezes, eu conversei com o comandante do Exército, o ministro da Defesa e com o presidente da Infraero. Alegava-se que não havia dinheiro. Então, disponibilizaram mais de R$ 30 milhões e mesmo assim as coisas não avançavam. Depois da última pressão, ainda bem que as obras começaram a andar mais rápido, porque com esta restrição de passageiros nas aeronaves a demanda local ficaria bastante reprimida, fora os meses de riscos que já passamos”, comentou o senador.

Aceleração e estimativa de vida útil até 2016
E como as obras ficaram rápidas! Conforme o superintendente local da Infraero, Daniel Sobrinho, desde então o Exército intensificou os reparos com mais homens, máquinas e períodos de trabalho. Assim, a expectativa é de terminar ambas as margens da pista até o mês de outubro, antes que comece período de chuvas. No próximo ‘verão’, a partir do 2º semestre de 2011, devem começar as reformas no pátio central (obra que a Infraero ainda não tem planejamento específico, já que a prioridade é terminar logo as margens).

De orçamento, Empresa de Infra-estrutura Aeroportuária disponibilizou R$ 28 milhões para o recapeamento geral e R$ 2,8 milhões para uso emergencial (total: R$ 30,8 mi).

Com todos os reparos concluídos, Infraero estima que o Aeroporto de Rio Branco possa operar com plenitude por até 5 anos (vida útil de 2011 até 2016). A partir daí, a empresa decidirá o que fazer com a pista (se a reforma de novo, se constrói uma completamente nova, se reforma e a aumenta com uma pista paralela, entre várias outras hipóteses).   

 
Ao todo, Daniel Sobrinho conta que a pista possui 2.158 m de cumprimento, dos quais cerca de 1.200 m são ocupados pelas 2 cabeceiras (600 m cada). Como uma delas está interditada para obras, o aeroporto opera hoje só com 1.500 m, o que gerou restrição às cias aéreas de operar com aviões menores (TAM deixou de atuar com Airbus A320 pelo A319, passando a transportar só 144 passageiros ao invés de 174; a Gol trocou 737-800 pelo 737-700, podendo conduzir só 108 pessoas ao invés de 135. As empresas tiveram um período de adequações para as mudanças, mas seus prejuízos não serão arcados).

“Conforme reduz pista, a aeronave tem de decolar com peso menor, senão a aceleração não atinge a medida ideal para subir antes que o espaço acabe. Portanto, as companhias tiveram de redimensionar o peso máximo de cargas, por segurança”, completa Daniel.

Acompanhamento técnico das obras
Grosso modo, as obras que estão sendo feitas às margens da pista do aeroporto consistem em retirar o asfalto danificado, cavar na área para firmar o que se chama de ‘base’ e, por fim, repô-lo com novo material asfáltico para acabar com buracos. Atualmente, o reparo é feito só na 1ª margem, que deve demorar em torno de 35 dias para ficar pronta. Daí é que se passará para a 2ª margem (que levará mais 40 dias, aproximadamente).

O processo, em si, não havia começado até a última quinta (12), mas só porque ainda estão buscando as falhas na pavimentação. Segundo tenente Gustavo Secchi, engenheiro do 7º BEC, tal trabalho preliminar está sendo feito através do método viga Benkelman, que mede as depressões na pista e já identifica os pontos onde ela está mais frágil. “É como vemos onde cavar para obter melhores resultados na execução da obra”, diz.

A partir daí, Secchi detalha que os reparos começam com a reposição/fixação do novo material a ser posto sobre a parte escavada. Para tanto, são necessárias três camadas de asfalto: a primeira com espessura de 2 cm, a segunda de Geogrelha (material sintético, poliéster) e a terceira com 7,5 cm (binder). Cada camada tem propriedades próprias.

A técnica é a mesma aplicada em aeroportos e até mesmo em rodovias do país. Para efetuá-la, o 7º BEC conta com 3 rolos compactadores, 1 pavimentadora, 1 distribuidor de asfalto,  1 usina de asfalto, 1 niveladora, 1 trator agrícola/vassoura e 5 caçambas.

O risco com a fumaça local: interdição
Além das obras, outro obstáculo ao funcionamento pleno do aeroporto é a fumaça que toma conta do céu acreano. A nebulosidade dela já faz com que os pilotos não tenham, por conta própria, visibilidade suficiente para pousar aviões aqui há 2 semanas, por isso, estão usando aparelhos para conseguir tal proeza (troca modo manual pelo automático). E a ameaça é ainda maior! Caso a fumaça aumente ainda mais, as aterrissagens (vôos) poderão sofrer atrasos ou até mesmo ser inviabilizadas (interditando o aeroporto).

 

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