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Seca do Madeira pode desabastecer o setor de alimentos no Estado

As informações que chegam ao Acre através de motoristas de caminhões e carretas que cruzaram o Rio Madeira através da balsa do Abunã, em Porto Velho (RO), não são nada animadoras. Em virtude da seca, a Capitania dos Portos da região proibiu o transporte por barcos de alimentos e passageiros no período noturno e ameaça suspender por tempo indeterminado o transporte de veículos pesados pelas balsas.
Balsa-porto-velho
Se a promessa se cumprir, o reflexo no setor de alimentos do Acre será imediato. Serão necessários apenas dois dias de interrupção para gerar desabastecimento em vários supermercados do Estado. De acordo com o gerente de Logística e Transporte da Rede de Supermercados Araújo, Marcos Lima, frutas, legumes e verduras serão os primeiros a faltar.

Segundo ele, uma carreta do supermercado já chegou a ficar encalhada na semana passada porque o rio não oferecia condições de navegação. Em virtude da seca na região, a travessia da balsa, que em dias normais durava em média uma hora, está demorando até oito horas para ser completada.

Com a ausência de chuvas nas cabeceiras do Rio Madeira, os riscos de navegação aumentaram muito. Tem ainda o agravante das queimadas que cobrem a região com uma cortina de fumaça, dificultando ainda mais a pas-sagem das balsas, que diariamente ficam encalhadas.

A principal preocupação é com pedras e bancos de areia que podem surgir repentinamente. A orientação da Capitania dos Portos é para que os proprietários de embarcações naveguem com cargas e passageiros abaixo do limite. Uma carreta lotada de alimentos pesa entre 33 e 39 toneladas. Numa única balsa chegam a ser transportadas 15 de uma única vez, o que aumenta os riscos de acidentes.

A maioria dos produtos alimentícios comercializados no Acre é oriunda do Estado de São Paulo. Grande parte é perecível e corre o risco de se perder mesmo que não haja a interrupção total da passagem. Basta para isso que a espera para a travessia se prolongue por mais algumas horas, o que não está descartado.

Os motoristas também denunciam a majoração do preço das tarifas. A taxa para a travessia de uma carreta disparou de R$ 68,00 para R$ 80,00. A situação começa a ficar insuportável com o registro de filas quilométricas na cabeceira da balsa do Abunã. “Por enquanto a situação está sob controle, mas se nenhuma providência for tomada, isso pode mudar”, alerta Marcos Lima.

Donos de postos de combustíveis buscam mercados alternativos
A situação do setor de combustíveis é ainda mais preocupante. Isso porque a maior parte dos derivados de petróleos revendidos no Estado são provenientes de Manaus, no Amazonas, que também está sendo castigado pelo verão amazônico. Na semana passada, uma balsa que transportava 12 caminhões tanques carregados de combustíveis encalhou por dois dias.

No Acre, dois revendedores ficaram sem combustível durante todo o final de semana e outros estão ameaçados de passar pela mesma situação. Segundo o presidente interino do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Acre (Sindepac), José Magid, no Estado existem cerca de 70 postos de combustíveis, sendo 42 deles localizados na Capital.

Como medida alternativa, muitos proprietários estão buscando fornecedores no sul do país para garantir o abastecimento. O problema é que para chegar ao Acre todos os carregamentos têm que passar pela balsa do Rio Abunã. (D.A)

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