O setor de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) divulgou em 2 de agosto o boletim com prognóstico do clima na Amazônia Legal para trimestre. Segundo as informações do documento, as chuvas poderão ocorrer acima dos padrões climatológicos no nordeste do Amazonas, abrangendo os municípios de Presidente Figueiredo e Manaus. Situação oposta poderá acontecer no noroeste, extremo oeste e sudoeste do estado, incluindo os municípios de São Gabriel da Cachoeira, Iauarete, passando por São Paulo de Olivença, Tabatinga, Ipixuna, Eirunepé e Boca do Acre, onde a chuva poderá apresentar-se abaixo dos padrões climatológicos. Nas demais áreas, a chuva deverá ocorrer dentro dos padrões climatológicos.
De acordo com a meteorologista do Sipam, Ana Cleide Bezerra, algumas localidades exigem atenção por conta da falta de chuvas. “Destacam-se as áreas do sul do Amazonas, principalmente na calha dos rios Juruá e Purus, já que segundo a previsão são esperadas poucas chuvas para o trimestre, e as condições de baixo índice pluviométrico já refletem na calha dos rios da região, cujos níveis estão próximo aos registrados nas maiores vazantes.
Segundo o Boletim de Monitoramento Hidrológico do CPRM, na Bacia do rio Purus, em Rio Branco (AC), o nível do rio Acre está 35cm acima do valor verificado na mesma época, em 2005, data da maior vazante. Na estação Boca do Acre o nível do rio Purus está 81 cm acima do valor verificado na mesma data em 1998, ano da maior vazante. E na Bacia do Rio Juruá (na estação Eirunepé), o nível d’água se mantém estável nos últimos dias, embora esteja 66 cm abaixo do valor registrado na mesma época do ano da maior vazante (1995)”, informou a meteorologista.
Acre, Rondônia e Mato Grosso
Para o sul da Amazônia a previsão é de influência do La Niña. O fenômeno começa a se intensificar no Oceano Pacífico e, com isso, espera-se alterações no clima da região nos próximos três meses. A expectativa é de que o Acre, Rondônia e quase todo o Mato Grosso (com exceção do nordeste do Estado) tenham chuva abaixo da média neste trimestre. Freqüentemente, as chuvas iniciam em setembro nos três estados. Porém, com a evolução do fenômeno La Niña no Pacífico e também das águas mais quentes que o normal no mar do Caribe, a tendência é de que a massa de ar seco, que predomina no Brasil Central e que atualmente está mais intensa que o normal, continue atuando com força na região, dificultando a formação de nuvens de chuva até meados de setembro.
Somente em outubro as chuvas voltam a acontecer com certa freqüência, o que colocaria assim o trimestre como um todo com chuvas abaixo da normalidade. Para os rios isso é muito ruim, pois aumenta as chances de vermos alguns rios atingindo a marca de máxima vazante encontrada em 2005. Como o período das chuvas no sul da Amazônia deixou muito a desejar, ou seja, choveu abaixo do esperado na maior parte dos três estados do sul da Amazônia e com o atraso no início das chuvas, existe uma grande possibilidade de os rios atingirem níveis muito próximos à máxima vazante registrada em 2005.
Com relação à temperatura, o calor continuará mais forte que o normal na região, com exceção do sul e sudoeste do Mato Grosso, onde as temperaturas seguirão dentro da normalidade. Esse trimestre (agosto-setembro-outubro) é normalmente o mais quente do ano nos estados do sul da amazônia. Assim, neste ano, com a manutenção da massa de ar quente e seco, que seguirá forte nesses meses, a tendência é da temperatura permanecer bastante elevada em todas as áreas, atingindo em quase todos os dias desse trimestre temperaturas acima dos 35 graus na grande maioria das cidades. Vale ressaltar também a umidade do ar, que continuará muito baixa na região (principalmente em Rondônia e no Mato Grosso) até meados de setembro. A partir daí, com o início das chuvas, a umidade volta a subir. As friagens ainda ocorrem nesse trimestre. Portanto, ainda se esperam alguns eventos significativos na região até outubro. (Ascom/Sipam)