Um acidente na BR 364, no trecho da Terra Indígena Katukina, próximo ao Rio Liberdade, a cerca de 100 Km de Cruzeiro do Sul, vitimou o presidente da Câmara de Rio Branco, vereador Jessé Santiago(PSB). O vereador, que era candidato a deputado federal, estava na região do Juruá fazendo campanha política. Na colisão da Hilux, que seguia para Rio Branco, estavam mais seis pessoas. Faleceram também no acidente Maria Queline Souza Melo, de 37 anos e, uma criança de aproximadamente 5 anos, Carla Dinar Viana Livas. O Hospital Regional do Juruá, em Cruzeiro do Sul, que atendeu as vítimas. As informações são de que Jessé ainda chegou com vida no Hospital de Cruzeiro do Sul. No entanto, depois de entrar em coma, o vereador faleceu por volta das 10h40 da manhã.
Segundo as informações do motorista da Empresa Colorado, que faz o recapeamento da pista nesse trecho, Oséias Lima, que socorreu as vítimas, o acidente ocorreu por volta das 6h da manhã no KM 56. A camionete que era um carro de campanha do candidato à reeleição a deputado estadual, Luis Tchê (PDT). Os funcionários da empresa Colorado que assistiram ao acidente, explicaram que o motorista da camionete não se deu conta de um desvio na pista em reforma à direita. A Hilux passou direto caindo num vão de 6m de largura por 5m de profundidade onde está sendo construída uma galeria de passagem de águas pluviais. O veículo ficou pendurado no buraco.
Coisas do destino
Posso afirmar que foi uma fatalidade o que aconteceu com vereador. Ele foi uma vítima indireta do problema que o Acre vive com a grande quantidade de fumaça na sua atmosfera. Ontem, na madrugada, por volta das 3h15 da manhã, me encontrei com o Jessé Santiago, no Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul. Nós iríamos embarcar no vôo da Trip com destino a Rio Branco. No entanto, devido à falta de visibilidade provocada pela fumaceira a aeronave nem saiu de Rio Branco. No chek in fomos informados do cancelamento do vôo.
Todos os passageiros estavam bastante agitados com o transtorno. Brinquei com o Jessé me referindo ao fato de ele que era um pastor evangélico pedindo votos na terra de Nossa Senhora da Glória, que teve o ápice do seu Novenário há dois dias. Ele retrucou que isso era um detalhe e que seria um deputado federal de todas as religiões. O vereador me abraçou e afirmou que tinha pressa para voltar à Capital. Que estava esperando para conseguir uma carona de carro já que a situação da fumaceira poderia se agravar e ele não queria ficar “preso” em Cruzeiro do Sul.
Todos que estavam no Aeroporto de Cruzeiro do Sul tinham um sentimento de revolta devido ao isolamento forçado, inclusive, eu. As pessoas queriam resolver seus negócios em outras cidades e estavam impedidas de voar e sem saber quando os aeroportos do Acre e de Rondônia reabririam novamente. Então, quem podia, estava armando logísticas via estrada para saírem do Juruá.
Quando Jesse comentou comigo que talvez tivesse um carro para levá-lo, um amigo que estava comigo ainda sugeriu que ele poderia arrumar essa carona para nós dois também. Mas é claro que isso não foi possível. Conforme os relatos do acidente, a Hilux já estava com seis passageiros e deveriam viajar com pouco espaço para acomodar o vereador, o sétimo passageiro.
Outro ponto a se destacar é que provavelmente Jessé Santiago não deveria estar com o cinto de segurança. É literalmente um risco trafegar nos trechos em obras da BR 364 sem os aparatos de segurança. Outro fator que pode ter contribuído à fatalidade foi o horário em que aconteceu o acidente. Por volta das 6h da manhã, onde a luminosidade é conhecida como lusco fusco podendo criar ilusões visuais perigosas para os motoristas.
Outra questão a se destacar é o fato de que para chegar nesse horário a 100 KM de Cruzeiro do Sul, na BR 364, a camionete saiu direto do Aeroporto de Cruzeiro do Sul para a estrada. A condução de um veículo na madrugada sempre torna a jornada mais perigosa se levarmos em conta o fator cansaço e a baixa visibilidade. Ainda mais numa rodovia que está toda em obras.