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Com o Fusca rosa, Cebolinha anda por Rio Branco na caça aos votos

Quando José Cornélio, 41, decidiu se candidatar a deputado estadual ele encontrou todo apoio possível: amigos, do pastor da igreja e também de seu partido, o PV. “Você não tem nome para concorrer”, disse o religioso a ele. Os verdes tentaram de toda forma apodrecer a candidatura, e os amigos riam da iniciativa. Esse foi o “apóio” recebido por Cebolinha, como é mais conhecido.
Cebolinha
Contra todos e ninguém, assim mesmo encara a empreitada. O apelido vem do personagem de Maurício de Sousa, famoso pelos poucos fios de cabelo espetado e por trocar o “R” intervocálico pelo “L”.

Criado na Cohab do Bosque, José foi apelidado pelos colegas por também ter os fios do cabelo sempre para cima. Hoje taxista, Cebolinha decidiu disputar uma cadeira na Assembléia Legislativa.

Sua campanha se diferencia pelo principal instrumento de trabalho: um Fusca rosa. Por aonde passa, Cebolinha chama a atenção dos pedestres e motoristas. Nas laterais do carro estão estampados os adesivos da candidatura. Já a peça do vidro traseiro também traz a imagem da estrela do PV, a presidenciável acreana Marina Silva.

Sem dinheiro e outros recursos, Cebolinha diz conquistar o voto dos eleitores pelo diálogo. A principal aposta dele está no desejo da sociedade de renovar o atual cenário político.

“As pessoas sempre me perguntam se é a primeira vez que sou candidato. Quando eu digo que sim elas ficam mais con-fiantes, pois já perderam as esperanças em quem está no poder”, afirma.

Cebolinha chegou a receber várias propostas para que pudessem votar nele. Tempos atrás uma mulher pediu passagens aéreas para passar uma temporada em Fortaleza, a capital cearense. Já outro solicitou ajuda para tirar a Carteira Nacional de Habilitação. “Não tenho dinheiro nem para colocar gasolina”.

Por vezes, Cebolinha já ficou no “prego” com o tanque vazio. Segundo ele, muitos motoristas, ao ver a situação, dão dinheiro para comprar o combustível. Cebolinha chega a percorrer 200 quilômetros dentro de Rio Branco. Ele escolhe uma rua estratégica, estaciona o Fusca rosa e vai de casa em casa conversar com as pessoas.

Ao voltar para o carro é preciso um pouco da manha e paciência para o velho motor pegar. O tradicional e famoso ronco do motor do Fusca é abafado pelo jingle da campanha de Cebolinha, que ecoa a partir de uma caixa de som pendurada no teto do carro. Em ritmo de forró, a campanha de Cebolinha vai percorrendo as ruas da Capital. 

Se eleito, Cebolinha promete ter um mandato voltado para a recuperação de dependentes químicos. “Quero criar um centro de reabilitação específico para mulheres, o que hoje não há no Acre”, declara.

Outra bandeira dele será com seus colegas de profissão. Cebolinha diz que apresentará projetos para isentar taxistas da cobrança do IPVA na compra do carro zero. Assim Cebolinha vai fazendo sua campanha: com a cara e coragem, bastante humor e disposição, e conquistando o voto como deve ser: no diálogo e não com fisiologismos. 

 

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