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Jorge Viana quer encampar luta por ferrovia no Acre

Caso seja eleito ao Senado, Jorge Viana (PT), já tem uma forte bandeira para os seus oito anos de mandato. O ex-governador pretende incentivar a construção de uma ferrovia que integrará Cruzeiro do Sul com Pucallpa, no Peru. Posteriormente a estrada de ferro atravessará todo o Acre em direção ao Rio Madeira, em Rondônia, para alcançar a Ferrovia Transcontinental (EF-354), prevista no PAC 2.
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O projeto do Governo Lula prevê uma linha ferroviária de 4400 Km que inicia no porto do Rio de Janeiro e vai até a fronteira com o Peru, em Cruzeiro do Sul. “Esse projeto não é uma invenção. Em 2014, a Ferrovia Transcontinental chegará à Vilhena. Vamos fazer a nossa parte saindo de Pucallpa atravessando o Juruá aproveitando o leito da BR-364 para unir com a Transcontinental”, afirmou.

Vale lembrar que o sonho de uma estrada ferroviária integrando o Acre ao Peru é antigo. O escritor Euclides da Cunha, quando viajou por essa região, em 1905, já havia sugerido a construção de uma ferrovia num modelo parecido. “A nossa rodovia é de integração do Acre. Mas não dá condição suficiente para o nosso projeto de desenvolvimento florestal. Nós vamos encampar logo após a rodovia, que deverá ficar pronta no próximo ano, o novo desafio de fazer a integração com o Peru sem danos ambientais, unindo Cruzeiro a Pucallpa por via férrea”, explicou.

Novo caminho à integração
Segundo as explicações de Jorge Viana haverá gestões diplomáticas junto ao governo peruano para viabilizar a obra. “Nós estamos lutando pela integração faz tempo, inclusive, com o Edvaldo Magalhães (PCdoB) articulando bem com os peruanos. A nossa proposta é sensibilizar o governo peruano e começar a ferrovia em Pucallpa. Isso porque a região é plana e tem muitas pedras. Como passará pela Serra do Divisor não haverá estresse com problemas ambientais. Enquanto isso a outra parte da ferrovia estará vindo do Rio Madeira”, avisou. 

No projeto, os transportes fluviais, aéreos e rodoviários se integram para criarem uma nova logística de transportes. “Será um sistema intermodal muito eficiente com a integração entre os rios. A ferrovia deverá chegar aos portos facilitando o transporte da nossa produção. Fica perfeito e completa o nosso plano de desenvolvimento sustentável. Um dos desafios do Tião Viana (PT) é a industrialização do interior do Estado ligado às atividades da economia florestal. A nossa infra-estrutura está sendo concluída. Com tudo pronto, vamos trabalhar paralelamente a consolidação de um sistema intermodal”, garantiu.

Motivação econômica
Jorge Viana prevê que nos próximos anos haverá uma melhoria em todas as áreas da produção acreana desde a pecuária de corte e leiteira à agricultura. “A economia do Acre vai melhorar o seu grau de independência que vai nos inserir no mundo. Mas o dinheiro mesmo virá da economia florestal. Nós agora somos à entrada do Brasil para a Costa Oeste Americana e para Ásia. Mandar madeira in natura para a China é ‘furada’ porque a gente não ganha nada. Poderemos montar uma série de pequenas unidades de beneficiamento nos nossos rios para trabalhar primariamente a madeira. Nos pólos industriais de Cruzeiro do Sul, de Tarauacá, de Feijó e de Sena Madureira daremos acabamento ao produto com valor agregado”, argumentou.

As limitações da rodovia
Indagado sobre a possibilidade de alteração de rumos de objetivos em relação a BR-364, Jorge Viana, faz questão de ressaltar: “não quero misturar as bolas com a rodovia. Esse é outro projeto. Acabei de fazer uma viagem pela BR-364 e acho que é o momento das pessoas visitarem as suas obras e verem os sacrifícios para a sua concretização. Na realidade a rodovia ajuda na construção da ferrovia. Quero mostrar como a estrada de ferro é adequada ao nosso plano de economia florestal que exige o transporte de alta tonelagem. A rodovia para a produção florestal é limitante”, salientou.

Para o candidato ao Senado a questão da necessidade de manutenção constante das rodovias amazônicas favorece ao projeto da ferrovia. “Os grandes volumes de cargas gerados pela indústria florestal não cabem na nossa rodovia que só aceita oito toneladas por eixo dos caminhões. Inclusive, essa lei que vale para todas as rodovias brasileiras tem que ser alterada para a Amazônia.

Qualquer estrada que a gente faça precisará em 10 anos de manutenção que é muito cara. Um metro de brita na região do Juruá custa R$ 850 e na beira do Abunã R$ 120. É preciso jogar três mil sacos de cimento por quilômetro de estrada. Na Capital uma saca de cimento custa 30 e no Juruá, R$ 50. O custo da ferrovia é mais de implantação porque a manutenção é mínima”, garantiu.

Segundo o projeto, haverá um aproveitamento das obras realizadas na BR-364. “A gente poderá aproveitar as pontes que estão sendo construídas na BR-364 fazendo adaptações. Assim teremos um sistema de transporte adaptado ao mundo com baixas emissões de carbono no pós-Copenhague. Isso aumenta a nossa capacidade logística e diminui os impactos ambientais com custos competitivos para uma região que não tem pedras”, disse ele.

Jorge Viana garante que isso gerará uma produção com aceitação internacional garantida ao Acre. “Quanto mais a nossa economia for limpa mais estaremos inseridos no mercado mundial com produtos competitivos. Vou fazer o movimento juntando empresários e os movimentos sociais porque esse tipo de projeto consolida a Zona de Processamento de Exportação e resolve os problemas logísticos. O leito da estrada será a base. Como houve um investimento cortando os morros e criando um leito plano para a BR podem ser feitas adaptações para as composições dos trens barateando os custos da construção da ferrovia”, lembrou.

A questão política
Respondendo se um projeto como esse poderia gerar um acalorado debate político, Jorge Viana, disse: “os projetos têm que ser refinados. Estou voltando à política com o propósito de aproveitar a minha experiência de gestor público e também do setor privado. Só quero cuidar da vida pública. Os políticos acreanos têm que se comprometer com projetos como esse.

 Já fizemos todas as grandes rodovias e vamos pavimentar ramais e as ruas das cidades com tijolo. Eu vou encampar essa luta em conjunto com o Tião Viana e o Edvaldo porque será capaz de gerar empregos e produzir valores agregados. A nossa proposta de industrializar o Acre tem que estar baseado numa matriz de transporte que seja sustentável do ponto de vista ambiental. Nós vamos pegar um sonho que era do Euclides da Cunha para realizá-lo no período pós-BR-364. Essa será a nossa grande luta”, finalizou.

 

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