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O debate esquentou na volta do recesso parlamentar da Aleac

Depois do recesso parlamentar, parece que os deputados estaduais voltaram dispostos a justificar porque ocupam as cadeiras de representantes da população. A sessão de ontem, na Aleac, mostrou um debate renhido entre a oposição e a situação. Não faltaram acusações e ironias.

Tudo devidamente embalado pelo clima de intensa disputa eleitoral. Afinal, os atuais 24 deputados têm nos seus calcanhares mais de 300 candidatos que sonham com uma cadeira na Aleac para a próxima legislatura.

O deputado N. Lima (DEM) iniciou a artilharia da oposição acusando de incompetência o comando da Polícia Militar no caso do assassinato de Ana Eunice, há três semanas. Depois foi a vez de Idalina Onofre(PPS) centrar fogo no atendimento psiquiátrico do Estado.

“Quem quiser ser atendido no Hosmac, na Capital, tem que acordar às 3h da manhã para tentar uma ficha a partir das 4h da madrugada. No Caps, em Cruzeiro do Sul, apesar da boa vontade dos médicos, faltam remédios para o tratamento dos doentes”, acusou a deputada, que também cobrou a criação de um hospital de custódia para os pacientes de alta periculosidade que não possam voltar à sociedade.

Liderança do governo reconhece problemas, mas destaca investimentos
O líder Moisés Diniz (PCdoB), respondeu as críticas ao Governo. “Problemas existem nas áreas de Saúde e de Segurança Pública. Mas nós rebatemos a oposição falando os grandes investimentos que estão sendo feitos para resolvê-los.

Grandes hospitais estão sendo concluí-dos. Quero destacar a imensa estrutura de Saúde que o nosso Governo está montando desde 1999.

Fizemos a descentralização da Saúde. Só em 2009 o Governo depositou R$ 45 milhões nas contas dos hospitais e criou o ProAcre para ajudar as prefeituras.

Algo inédito na Amazônia com equipes permanentes de Saúde na zona rural. Considero esse tom da oposição natural nos 60 dias que antecedem as eleições. Nós vamos reconhecer o papel da oposição e rebater com os nossos dados”, argumentou.

Novos capítulos da novela CPI da Pedofilia
Os ataques coordenados da oposição seguiram com o deputado Luiz Calixto (PSL). “O bom trabalho que desenvolvemos nesta legislatura ficou comprometido com a não vinda para depor na CPI da Pedofilia do assessor especial do Governo, Francisco Pianko. O assessor indígena conseguiu vencer os 24 deputados. Os parlamentares da base atenderam a solicitação do Governo de não deixá-lo vir depor”, ironizou.

O presidente da CPI, Luiz Tchê (PDT), rebateu as acusações afirmando: “rasgo o meu diploma de deputado se o Pianko não vier depor na CPI.

 Só que isso não vai acontecer durante o período eleitoral. Ele já está convocado e virá no momento certo”, rebateu. O líder do governo, deputado Moisés Diniz (PCdoB), quis entrar no debate. “Os trabalhos da CPI ainda não foram encerrados.

Só depois disso é que se pode julgar o resultado da CPI. Quero dizer ao nobre deputado que não sei como isso funciona em outros planetas, mas aqui na Terra são a maioria eleitas pela população que ditam as regras nos parlamentos. Mesmo assim, nós temos mantidos um diálogo permanente com a oposição”, protestou.

Oposicionistas se desentendem
Num outro momento tenso, o deputado Donald Fernandes (PSDB), ocupou a tribuna para comentar que o debate estava muito acalorado. “Todo mundo quer mostrar às suas bases do que é capaz nesses dois meses. Não vou entrar nesse debate eleitoreiro”, afirmou.

Depois ao ouvir um comentário de N. Lima de que pretendia se aliar a Frente Popular, Donald Fernandes, protestou. “Você, deputado, que veio da FPA.

 Não sou da FPA e não pretendo ser. Você não tem moral para ficar falando de mim”, rebateu. Momentos depois N. Lima voltou à tribuna para dizer que tinha “brincado” com o tucano. “Mas não sei por que ele se ofendeu tanto”, ironizou.  

A BR-364 entra no debate
O deputado Thaumaturgo Lima (PT), resolveu discursar afirmando que o Acre entrará numa outra fase econômica com a conclusão da BR- 364 e da Estrada do Pacífico. “Fiz a viagem de carro pela estrada até o Vale do Juruá. No próximo ano teremos todas as pontes concluídas e o fluxo de negócios entre as cidades acreanas será facilitado. O tempo do isolamento acabará para várias comunidades.

Quem sair de Cruzeiro do Sul para a Capital não precisará mais utilizar balsa. Esse fator somado a perspectiva da implantação Zona de Processamento de Exportação (ZPE) abrirá a oportunidade de emprego para milhares de acreanos. Não se pode discutir que a criação de uma nova infra-estrutura a partir dos governos da FPA abrem novas possibilidades promissoras ao nosso Estado”, destacou.

O líder do PT, Ney Amorim , avaliou:  “o debate acalorado já era esperado por estarmos no período eleitoral e se estar discutindo planos de governo. Na minha opinião, alguns estão desesperado. Mas não tenho dúvidas que em 2011 a BR-364 estará concluída. Fui na semana passada ao Juruá de carro e para ser sincero as obras avançaram muito. Por isso, posso fazer essa afirmação com tranqüilidade”, garantiu.

Aleac em regime especial
O presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), se reuniu por mais de uma hora com todos os parlamentares para decidir sobre as sessões da Casa durante o período eleitoral. Depois anunciou: “nós vamos funcionar em regime especial que garanta uma agenda de debate e de deliberações.

Nós teremos nas próximas sete semanas todas as terças-feiras sessões de debates e deliberativas. Vamos juntar matérias de interesse do Governo e dos parlamentares e concentrar as votações”, anunciou.

Depois o presidente da Casa comentou a pressão que subiu durante a primeira sessão depois do recesso. “O debate do parlamento é uma espécie de termômetro das ruas. Estamos vivendo o início do aquecimento eleitoral e isso se transporta naturalmente para o plenário. O momento eleitoral se reflete em cada frase dita na tribuna da Aleac”, finalizou. 

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