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A globalização e o caminho da educação

No século XVIII, o célebre cientista e pensador francês, conhecido pelo nome de Antoine Laurent de Lavosier, disse “no Universo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Com estas palavras ele tornou conhecido o princípio da conservação da matéria e, mais do que isso, evidenciou que o movimento de transformação é o agente responsável pelo milagre evolutivo.

Hoje, em pleno século XXI, pode-se constatar que o signo da transformação extrapolou as fronteiras da química, ampliou-se e envolveu todos os aspectos da vida moderna: do individual ao coletivo, do social ao político, do nacional ao supranacional. Os paradigmas sobre os quais se es-truturou a sociedade industrial são insuficientes e inadequados para que a nova sociedade global floresça. Assim, o fenômeno da globalização econômica é um processo que ocorre em ondas, com avanços e retrocessos, separados por intervalos que podem durar séculos.

Essas ondas da chamada globali-zação podem ser agrupadas da seguinte forma:
1 – a primeira onda: ocorreu por ocasião da ascensão do Império Romano. Enquanto os gregos se dedicavam à filosofia, em suas cidades-estados e ilhas, os romanos articulavam seu sistema legal, difundiam o uso da moeda e protegiam o comércio contra as investidas dos piratas. A educação romana se inspirou nos ideais práticos e sociais e pode ser dividida em três fases: pré-helenista, helenista-republicana, helenista-imperial. Com a queda do Império Romano houve uma feudalização política e comercial, pondo fim ao primeiro movimento de globalização.

2 – A segunda onda: veio nos séculos XIV e XV, ocasião em que o mundo ocidental ingressou nos descobrimentos marítimos. Nesse tempo a educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. O comércio internacional, com a abertura comercial para o Oriente, foi freqüentemente interrompido por guerras religiosas e dinásticas das monarquias européias. Foi nesse período que se falou, pela primeira vez, em globa-lização da economia. Isso coube ao Arcebispo de Florença, S. An-tonino (1439), que na sua Suma Teológica, em que tratava de ética e economia, propôs uma economia moderna, concebida globalmente e cujo objetivo mais importante era promover a justiça social.

3 – A terceira onda: veio no século XIX, no final das guerras napoleônicas, quando nasce o ensino público. Nesse tempo, o liberalismo sobrepujou o mercantilismo e começou a ganhar espaço a democracia política. Mas essa nova onda globalizante sofreu abrupta interrupção com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

4 – A quarta onda: ocorreu logo após a Segunda Guerra Mundial e se acelerou com o colapso do socialismo (1989-1991). Essa retomada da tendência à globalização é caracterizada pelo aparecimento de organizações internacionais (ONU, Gatt – substituído pela OMC, Bird etc), pela formação de blocos regionais, como o Mercado Comum Europeu (atual UE-União Européia), pela expansão das empresas multinacionais, pelo crescimento do comércio internacional e pela interligação dos mercados financeiros, possível graças à revolução da telemática. A educação é tida como o maior recurso de que se dispõe para enfrentar essa nova es-truturação do mundo.

5 – A quinta onda: a atual, a mais rápida de todas, pois trouxe a revolução nas comunicações e maior avanço dos meios de transportes, em geral. Também é mais abrangente, envolve comércio, produção e capitais, serviços, arte, educação etc. Não sem razão, essa quinta onda de globalização tem causado mais apreensão do que entusiasmo. Os meios de transporte e de comunicação, cada vez mais velozes, estão modificando a “cara” do planeta. A Educação deve acompanhar as mudanças no mundo e tornar-se o motor da nova história.

Assim, com a chegada dessa atual globalização – que para muitos se confunde com uma nova era, a do conhecimento – a educação é tida como o maior recurso de que se dispõe para enfrentar a nova estruturação do mundo. Dela depende a continuidade do atual processo de desenvolvimento econômico e social, também conhecido como era pós-industrial, onde se nota, claramente, um declínio do emprego industrial e a multiplicação das ocupações em serviços diferenciados, tais como comunicação, saúde, turismo, lazer e informação.

Em face desses cenários, tudo conduz ao pensamento de que neste século XXI a principal atividade “industrial” será o turismo. As pessoas passam a viajar mais. A arte, também, nesse processo de mudanças, passará a ter um papel mais importante do que teve até então, considerando que o tipo de profissional exigido no século XXI será um ser humano “global”. Esse ser “global” terá por obrigação estudar durante toda a vida para se manter atualizado e ser, ao mesmo tempo, membro da sociedade do conhecimento.

Na era da informação, o conhecimento é um diferencial na crescente sociedade instruída, precisando, cada vez mais, de educação e aprendizado continua-do. Hoje, todo cidadão precisa ter acesso à educação corrente e atual para participar, completamente, da era da informação e perceber seu potencial para eliminar limitações e criar oportunidades para viver, plenamente, dias melhores. É nesse sentido que deve caminhar a educação desse século XXI.

DICAS DE GRAMÁTICA

LIMPO OU LIMPADO, Professora?
– A regra gramatical é clara. Usa-se limpo com os verbos ser e estar: estava limpo o terreno; será limpo o quintal da casa. Usa-se limpado com os verbos ter e haver: havia limpado o pasto, terei limpado o forno?

QUANDO ALGUM É NENHUM
– A posição de uma palavra na frase pode mudar totalmente seu sentido. Quando algum vem antes do substantivo – eu tenho algum dinheiro – é porque eu tenho um pouco de dinheiro. Já a frase “Não tenho dinheiro algum” significa o contrário, que estou sem nenhum dinheiro.

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestra em Letras pela Universidade Federal Fluminense; Membro da Academia Brasileira de Filologia; Membro da Academia Acreana de Letras. (colunaletras@yahoo.com.br)

 

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