E, dezenove rodadas depois, terminou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Ou quase. Um centenário aqui, duas competições ali… e o grito que ecoa na discussão boleira é… bom, digamos, peculiar:
– ÔÔÔÔ… o asterisco voltou… o asterisco voltou.
Sim, ele, o asterisco, aquela figura de pontuação que mora em cima do 8 no seu teclado. Ele, que vem do grego asteriscus e quer dizer “pequena estrela”, terminou como astro súbito desta primeira metade de Brasileirão. Dois adiamentos fizeram a tabela receber estrelinhas para informar que quatro times têm um jogo a menos.
Por conta da Libertadores e da Copa do Brasil, Santos x Internacional foi adiado. Por conta da festa de seu centenário, o Corinthians ganhou o presente de jogar contra o Vasco em São Januário só em outubro. Em outras palavras… o primeiro turno do campeonato terminou.. mas não acabou. E, por conta disso, fica difícil dizer quem foi o “campeão” do dito cujo.
Teria sido o Fluminense, que fez mais pontos do que todos os outros? Ou o Corinthians, com aproveitamento melhor e um jogo a menos?
Se o mundo acabasse amanhã numa bola de fogo, o Fluminense seria, sem dúvida, o último campeão brasileiro de futebol (e o último jogo do Maracanã teria sido um Flamengo x Santos sem gols diante de escombros). Mas, como o mundo promete não acabar, só resta esperar outubro – para saber se o Timão teve campanha melhor que o Fluminense em setembro. Até lá, claro, o título simbólico – que já não vale muito – pode não fazer a menor diferença. Enquanto isso, porém, falemos da rodada #19 – do que ela nos trouxe – e informou.
Primeiro, ela confirmou a derrapagem tricolor. Em três rodadas, o Fluminense queimou a gordura que tinha conseguido e viu o Corinthians crescer no retrovisor. A vantagem, que chegou a ser de cinco, caiu pra um mísero ponto. Em Campinas, o time de Muricy Ramalho sofreu sua terceira derrota no campeonato – a primeira em 15 rodadas. No último quarto do primeiro turno, o Flu fez apenas seis pontos em cinco jogos (aproveitamento de 40%) – e poderia ter perdido a liderança não fosse o adiamento. No sábado, o Timão atropelou o claudicante Goiás no Pacaembu – e chegou aos 68,7% de aproveitamento no turno.
Os dois grandes jogos da rodada foram confrontos café-com-leite: Minas x São Paulo – e os dois foram marcados por viradas visitantes. Em Ipatinga, o São Paulo virou sobre o Galo depois de estar perdendo por 2 a 1. E em São Paulo, o Cruzeiro fez três gols no segundo tempo numa sensacional reação em cima do Palmeiras, que perdeu Marcos no meio do jogo com um problema no joelho. Com isso, o time de Cuca confirmou sua presença no segundo pelotão do Brasileirão – formado por Inter, Santos, Cruzeiro e Botafogo – todos juntos com 31 pontos – o que, junto com Flu e Corinthians, gerou uma espécie de G-4 vitaminado, ou G-6. Como Inter (que despachou o Prudente no Beira-Rio) e Santos (empate sem gols com Flamengo no Rio) já têm vaga na Libertadores do ano que vem – Botafogo e Cruzeiro, quinto e sexto colocados respectivamente, estão na chamada faixa continental do ano que vem.
Em Santa Catarina, o recauchutado Furacão do técnico Paulo César Carpegiani, depois de namorar com o Z-4 durante boa parte do torneio, derrotou o Avaí no último lance do jogo e confirmou sua recuperação (10 pontos nos últimos quatro jogos). A vitória veio num lance curioso aos 49 minutos do segundo tempo, porque o juiz Paulo César de Oliveira resolveu esperar o “resultado” de um tiro de meta do Furacão depois do tempo vencido. Maikon Leite chutou, a bola desviou no zagueiro e entrou). Avaí e Ceará, que tiveram ótimas arrancadas e figuraram no G-4, terminaram o turno perdendo em casa – e mais perto do Z-4 do que da zona de cima. Em seus últimos cinco jogos, o Avaí fez apenas um ponto.
A rodada#19 foi também das viradas. Corinthians, Guarani e Cruzeiro saíram perdendo para Goiás, Fluminense e Palmeiras, respectivamente, mas conseguiram reverter a situação. E o jogo de Ipatinga teve duas: primeiro o São Paulo levou uma do Galo, depois fez dois gols e saiu de campo como vencedor: 3 a 2.
Drible da rodada:
Mazola, do Guarani, é uma das revelações do campeonato. O garoto, cujos direitos econômicos pertencem ao São Paulo, infernizou o lado direito da defesa do Fluminense no Brinco de Ouro. Com velocidade, ele passou por Mariano e Valencia e só parou quando foi derrubado.
Muralha da rodada:
O ataque do Flamengo continua decepcionando a torcida. Mas Diogo só não quebrou o jejum rubro-negro graças a uma defesa milagrosa de Rafael ainda no primeiro tempo no Maracanã. Após jogada e cruzamento de Williams, o atacante do Fla tocou e tentou desviar do santista, que se esticou todo para jogar a bola para escanteio.
Plantão médico da rodada:
Correa levou uma cabeçada de Marcel e viu sangue jorrar de sua cabeça no jogo contra o Santos. Usou uma faixa para os minutos finais, assim como Guerrón, que trombou com um jogador do Avaí na ressacada e teve de usar o mesmo ‘remendo’ para seguir em campo.
Confusão da rodada
Dois times com uniformes branco não dá… Mas Vasco e Ceará entraram em campo assim no sábado no Castelão. Por mais que a faixa preta do Vasco fizesse uma boa diferença, o árbitro Salvio Spinolla Fagundes Filho pediu para os cruzmaltinos mudarem de camisa. E eles fizeram isso dentro de campo mesmo, para não atrasar ainda mais o início da partida.
Golaço da rodada
A rodada foi das piores possíveis para o Goiás. O time foi goleado por 5 a 1 para o Corinthians, ‘disparou’ na lanterna do campeonato e ainda viu o rival Atlético-GO golear o Vitória. O único motivo de orgulho foi o golaço do veterano lateral Junior, que dominou a bola pela esquerda, se livrou de dois corintianos e mandou uma bomba no ângulo.
Gol mais perdido da rodada
Era finzinho do jogo no Brinco de Ouro e o Fluminense lutava para não perder uma invencibilidade de 15 jogos. Conca, o maoir destaque do time no primeiro turno, recebeu uma bola livre e tinha tudo para empatar a partida contra o Guarani. Mas errou o chute bisonhamente, mandando para longe a chance de igualar o placar.
Gol (ilegal) mais perdido da rodada:
Sorte de Leandro Damião que o bandeirinha marcou impedimento. Quando o Inter vencia o Prudente por 1 a 0, ele recebeu um cruzamento praticamente dentro do gol. E conseguiu tocar para fora. Depois, ele marcou o seu, comemorou com um bigode postiço para homenagear o pai e tudo ficou certo…
Erro de arbitragem da rodada:
Em uma rodada com poucos erros graves, Gutemberg de Paula Fonseca ganha o prêmio por conta do pênalti que marcou de Romerito em Bruno César. O jogador do Goiás dá um carrinho na área e trava a bola. O corintiano cai e o árbitro aponta a marca. Para piorar, ainda dá cartão amarelo para o esmeraldino. (Globo Esporte)