Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Abertura da “Semana Farroupilha 2010”

A cultura gaúcha é a cultura da simplicidade, do ascetismo, claro.

Visitem, por exemplo, o quarto de Getúlio Vargas no Palácio do Catete, no Rio, e que foi o cenário do seu suicídio. Parece mais uma cela monástica do que o aposento de um presidente da República.

Nossa comida é honesta; nada de preciosismos culinários que, nos restaurantes chiques, servem para mandar a conta para as alturas.
Claro, há enfeites: a guaiaca, por exemplo, pode ter belos adornos.

E há bombachas muito vistosas.

Mas aí chegamos aos pés, aquela essencial parte de nossa anatomia, aquilo que nos coloca em contato com a terra. Em geral, culturas eqüestres, como a nossa, não dispensam as botas. Agora: a bota não é apenas um calçado, é um símbolo de poder. “Sob o tacão do opressor” era uma expressão muito usada no passado para mobilizar a indignação dos oprimidos. Pisar com a bota no pescoço de alguém caído era o cúmulo da humilhação.

Gaúcho usa botas.

Mas gaúcho usa também alpargatas. E a alpargata, diferente da bota, é feita de pano, não de couro. A alpargata não tem cano alto. A alpargata não admite esporas. Mas a alpargata protege os pés. E a alpargata humaniza, iguala.

Gauchismo, no fundo, é isso, é uma forma de exercermos nossa humanidade neste cenário em que vivemos. E do qual devemos ter muito, mas muito orgulho.

 E como diz o nosso hino: “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”!

Sair da versão mobile