Respirando aliviados e motivados com as novas perspectivas econômicas que se abrem para o Acre, autoridades e empresários comemoraram, ontem, a produção dos primeiros litros de álcool da Usina, em Capixaba. O governador Binho Marques (PT) declarou: “estamos aliviados de tirar toneladas de peso das nossas costas.” Depois brincou: “a Álcool Verde funcionando prova que praga não pega porque muitos desejavam que o empreendimento não desse certo”, desabafou.
Quando o governador se referiu a “fumacinha” que saía das chaminés da Usina como a única aceitável no Acre foi logo corrigido pelo diretor técnico do Grupo Farias: “não é fumaça governador, mas vapor da produção”, disse Horácio Muruá. Binho declarou que a entrada em atividade da Usina “acaba com o símbolo de um passado que ficou para trás”. “Isso aqui simboliza a responsabilidade com o recurso público. Estamos concretizando um corredor produtivo na região do Rio Acre com a futura instalação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), em Senador Guiomard, as fábricas de pisos e camisinhas de Xapuri e o abatedouro de aves em Brasiléia”, ressaltou o governador.
Por outro lado, o presidente do Grupo Farias, Eduardo Farias, destacou que no investimento de R$ 30 milhões para entrar em funcionamento não há um centavo de recursos públicos. “Aplicamos os recursos do nosso Grupo para criarmos um patrimônio para o povo do Acre. A Álcool Verde será uma marca na atividade socioeconômica do Estado. Teremos um efeito multiplicador que vai gerar novos empreendimentos e negócios para os acreanos. Nós temos monitorado o IDH da região e já verificamos melhoras pelo trabalho do Governo e dos empregos gerados pela nossa unidade”, salientou.
O presidente da Fieac, João Francisco Salomão, também comemorou o funcionamento da nova indústria no Acre. “É um sonho realizado para todos nós que acreditávamos. Assistimos com otimismo ver uma Usina já gerando 400 empregos diretos e mais de mil indiretos. Hoje a Álcool Verde é o maior negócio da região”, afirmou. O prefeito de Capixaba, Joais Santos (PT), confirmou que a cidade que governa já mudou com a instalação da empresa. “Os hotéis estão lotados e o comércio está mais aquecido com o movimento da Usina. Temos mais de 100 trabalhadores empregados e estamos preparando tecnicamente outros para poderem trabalhar na fábrica”, confirmou.
Para o governador o fato da Usina estar com dificuldades para contratar operários é positivo. “Isso significa o crescimento da empregabilidade no Estado. O Acre é muito maior do que os sonhos de alguns”, argumentou. Segundo o diretor técnico da empresa, Horácio Muruá, quando a produção estiver plena os números de empregos diretos deverão triplicar. “A primeira safra será reduzida porque ainda estamos investindo no plantio de cana de açúcar. Mas graças aos estudos da Embrapa sabemos que as terras da região são excepcionais para a produtividade da cana. Além disso, a nossa fábrica tem o mais elevado nível de automação para que o Acre possa produzir a sua bioenergia”, afirmou.
Missão cumprida
Um dos secretários mais animados com a entrada em funcionamento da Álcool Verde era Mauro Ribeiro. O chefe da pasta de agropecuária não se cansava de explicar aos visitantes todo o processo de produção da Usina. “Na verdade aqui são duas indústrias. Uma de extração de caldo da cana e a destilaria. Os resí-duos conhecidos por vinhaça serão aproveitados como adubo para a terra. Toda a colheita será mecanizada abrindo perspectivas para que pequenos produtores possam oferecer a matéria-prima à Usina. Aliás, esse será um grande negócio. No primeiro ano a fábrica já estará produzindo seis milhões de litros de álcool combustível. Tudo num processo sem o menor risco para o meio ambiente”, explicou.
Combustíveis mais baratos no Estado
Indagado sobre a possibilidade da produção de álcool diminuir o preço do produto na bomba dos postos de abastecimento, Mauro Ribeiro, confirmou. “vamos fazer gestões juntos aos distribuidores para que isso aconteça. Atualmente o álcool que vem do Centro Sul custa R$ 2,44. Como em outros lugares do país o certo é custar 70% mais barato do que a gasolina. Acredito que conseguiremos colocar o nosso álcool a um preço abaixo dos R$ 2. Não vai faltar pressão do Governo para que isso aconteça. Os distribuidores terão uma maior lucratividade comprando o álcool no Estado e poderão reduzir os preços. Quando a Usina estiver a todo vapor produziremos 120 milhões de litros de álcool por safra”, garantiu.
O presidente do Grupo Farias, também acredita numa redução do preço do combustível no Acre. Segundo Eduardo Farias, tudo vai depender das negociações com os distribuidores. “Mas a tendência é cair 70% em relação ao preço da gasolina” , garantiu. O empresário pernambucano que dirige mais nove unidades de produção espalhadas pelo Brasil também projeta para breve a produção do açúcar. “Estamos trabalhando com a perspectiva de atendermos a um mercado de 35 milhões de pessoas num raio de 750 Km da fábrica. Isso considerando os mercados que se abrem com a Rodovia Transoceânica do Peru e da Bolívia”, projetou.
Outra questão importante é que a Álcool Verde é auto-suficiente na geração de energia. Segundo Mauro Ribeiro, através das suas caldeiras a fábrica gera mais do que o dobro da energia que necessita. “Eles estão produzindo mais de 10 megawatts. O excedente poderá ser jogado para aproveitamento no linhão”, finalizou.