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Polícia teve chance de prender Andriola 48h antes do assassinato

Termo de Declaração prestado ao delegado Cleyton Videira dos Santos, da Delegacia Antiassalto da Polícia Civil (Dapc), pelo vigilante Juranilson de Oliveira Kagy, 35, revela que a polícia teve a chance de prender o presidiário em liberdade condicional Gleisson da Silva Andriola, 25, 48 horas antes de ele promover um festival de sangue na Capital.
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Entre a noite do dia 10 e a madrugada do dia 11 de julho, Andriola – inicialmente com a ajuda de um comparsa – roubou a arma de um vigilante no Pronto-Socorro de Rio Branco, para em seguida disparar seis tiros contra o comerciante Kender Conceição Alves da Silva, 32, e matar com 15 facadas a assessora parlamentar Ana Eunice Moreira Lima, 52. 

O que pouca gente sabe é que no dia 8 de julho – dois dias antes – o mesmo Andriola, e seu comparsa Jeferson Teixeira de Andrade, ambos em liberdade condicional tomaram de assalto a Oca do Parque da Maternidade, roubaram a arma do vigilante de plantão e fugiram a pé sem serem incomodados pela polícia.

A vítima, Juranilson de Oliveira Kagy, conta que o fato foi imediatamente comunicado ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), mas que além de ser destratado pela atendente foi informado de que as ocorrências de assalto deveriam ser informadas diretamente à delegacia especializada. A omissão favoreceu a fuga dos bandidos.

De acordo com a vítima, o assalto ocorreu às 22h30, e uma viatura da Polícia Militar só chegou ao local por volta de 40 minutos depois, oportunidade em que os bandidos já tinham tomado rumo ignorado. “Eles estavam a pé, se a polícia tivesse atendido a minha chamada, teria dado tempo de prendê-los em flagrante”, observa o vigia.

Determinado a identificar os bandidos e colocá-los na prisão, o vigilante procurou a Delegacia Antiassalto da Polícia Civil, onde noticiou o crime e informou ter condições de fazer a identificação dos suspeitos, fornecendo inclusive características físicas dos mesmos.

Juranilson ainda acessou o arquivo de fotografias da polícia, mas ainda no início da pesquisa, a conexão com a internet foi interrompida, em virtude de falhas técnicas.  “Eles disseram que me ligavam depois para dar seqüência, mas isso não aconteceu”, disse.

Há 15 anos trabalhando como vigilante, incluindo plantões em presídios e pousadas de menores da Capital, Juranilson pensou já ter visto de tudo, mas declara que nada se compara ao que presenciou durante um ano de trabalho na Oca do Parque da Maternidade.

“Aqui a gente ver de tudo. Os assaltos acontecem todo dia. Os bandidos sabem que não existe patrulhamento permanente e que a viatura só passa de hora em hora, e quando passa”, diz.

Casado e pai de três filhos, o vigilante comunicou à empresa de segurança Norsergel que não tinha mais condições de prestar serviços na Oca do Parque. “A gente dá plantão do lado de fora, isso facilita a ação dos bandidos, naquele dia só não morri pela vontade de Deus”, conta.

A arma roubada de Juranilson é um revólver calibre 38, marca Taurus, e estava municiada com seus projéteis. Existindo a possibilidade, inclusive, de ela ter sido utilizada no atentado contra o comerciante Kender Conceição.

Caso será julgado na 2ª Vara Criminal
O assalto à Oca do Parque da Maternidade só ficou conhecido após a remessa do Inquérito à Justiça. Pelo sistema de distribuição, os autos foram remetidos à 2ª Vara Criminal de Rio Branco, onde atua como titular a juíza Denise Castelo Bonfim.

O detalhe nesse caso, é que apesar do fato ter sido anterior ao assassinato de Ana Eunice e a tentativa de homicídio contra Kender Conceição, o inquérito, presidido pelo delegado Roberth José de Sousa Alencar, só foi instaurado bem depois.

Aliás, foi a partir das prisões em flagrante de Jeferson e Andriola, que Juranilson fez o reconhecimento dos acusados. A arma roubada do vigilante dois dias antes da morte de Ana estava em poder de Andriola. O representante do Ministério Público no caso é o promotor de Justiça Marcos Aurélio Ribeiro. (D.A)

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