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Um sucesso o lançamento do livro “Acre onde o vento faz a curva”

Já está nas principais livrarias da cidade o novo livro do escritor e jornalista Silvio Martinello, Acre onde o vento faz a curva, lançado na última segunda-feira. Centenas de pessoas lotaram o Teatro Hélio Melo e o Memorial dos Autonomistas, entre alunos e professores universitários, jornalistas, membros da Academia Acreana de Letras, amigos e familiares do escritor, empresários e políticos de vários partidos.
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A cerimônia de lançamento, conduzida pela jornalista e radialista Eliane Sinhasique, começou com uma projeção de fotos que relembram os vários períodos vividos pelo jornalista desde sua chegada no Acre há 34 anos, sendo um dos fundadores do jornal alternativo Varadouro, juntamente com  o colega Elson Martins da Silveira, que estava presente.

O ponto alto do lançamento, porém, foram os diversos depoimentos de professores e alunos da Universidade Federal do Acre, membros da Academia Acreana de Letras e alguns políticos, a começar pelas alunas do Curso de Letras da Ufac, Gabriela e Dorotea.

Tema de alguns seminários já realizados na Ufac, as duas universitárias destacaram que a opção pela obra A Ilha da Consciência se deve ao estilo inovador e irreverente de fazer a releitura da conquista do Acre, na virada do século XIX para o século XX. Ao mesmo tempo em que o autor relembra a história, faz uma transposição para os tempos atuais, como a entrevista com o Imperador Galvez.

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Em seguida, a professora e doutora de Letras da Ufac, Alzenir Rabelo, foi além, chegando a comparar a Ilha da Consciência com o clássico Macunaíma do escritor Mário de Andrade. Para a professora e doutora, o personagem João Minervino, o retirante nordestino que vem ao Acre e é submetido ao regime de escravidão dos seringais, depois, por esperteza, se alista ao Exército de Plácido de Castro, é o Macunaíma do Acre.

Ainda, segundo a professora e doutora Alzenir Rabelo, o mérito do autor em A Ilha Da Consciência é o de se valer de um estilo peculiar, ora investindo-se na condição de historiador e literato, mas, ao mesmo tempo, do repórter que é e que acompanha os grandes eventos da chamada Revolução Acreana, fazendo uma cobertura jornalística bem humorada, satírica, mas profunda.

Já o deputado Edvaldo Magalhães confessou que, devido aos compromissos de campanha, não teve tempo para ler por inteiro o novo livro Acre onde o vento faz a curva. Porém, acrescentou, chegou a ler a apresentação feita pela jornalista Maíra Martinello, filha primogênita do autor.  “Quem  ler a apresentação – disse – não pode deixar de se emocionar e ir até o final”.

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Jorge Viana, Edvaldo Magalhães, Moisés Diniz, Tião Viana e a esposa Marlúcia foram ao Memorial dos Autonomistas prestigiar o lançamento de mais um livro de Silvio


Gavião, coruja ou águia?

Outro momento marcante do lançamento do novo livro do jornalista e escritor Silvio Martinello Acre onde o vento faz a curva foi o depoimento da professora e doutora em Letras da Ufac, Margarete Edul Prado, que teceu algumas considerações sobre a segunda obra do autor, Corações de Borracha, também tema de seminário do curso de Letras.

Contando que possui uma biblioteca só de obras de autores acreanos, a professora relembrou alguns deles, como José Potiguara. Porém, na sua avaliação, o livro que melhor retrata a saga dos Soldados da Borracha, que vieram para o Acre na década de quarenta, durante a Segunda Guerra Mundial, é Corações de Borracha.

Após comentar algumas passagens e personagens do livro, como José Eugênio, o Doutorzinho de Coimbra, filho de um coronel de barranco, a professora destacou o desfecho do romance. Mesmo como professora e doutora, confessou que não resistiu e chorou com a morte trágica da personagem Vitória, a menina filha de retirantes nordestinos que se tornou mulher de José Eugênio.

Membro da Academia Acreana de Letras, o senador Tião Viana, mesmo em campanha, disse ter lido Acre onde o vento faz a curva e mergulhou fundo nas questões suscitadas pela nova obra de Martinello. Pela observação e apuração dos fatos, o senador chegou a brincar, dizendo que não saberia definir se o jornalista é “um gavião” que de dia observa tudo o que acontece no país, no mundo e no Acre, ou se seria “uma coruja” que à noite sai para refletir.
Pelas obras já publicadas e esgotadas e esta última, o senador e membro da Academia disse que, talvez, tenha chegado a hora do jornalista Silvio Martinello tomar uma decisão em sua vida: se continua “jornalista ou escritor”.

Sucedendo o senador, a professora Maria José Bezerra, membro da Academia Acreana de Letras e representando no ato seu presidente, professor Clodomir Monteiro, fez questão de destacar o aspecto histórico das obras de Martinello, que retratam os vários ciclos econômicos do Acre. Segundo ela, o autor escreve como jornalista, literato, mas também como historiador. “Por isso – brincou – além de gavião e coruja, ele pode ser comparado também a uma águia”.

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Tendo editado os quatro livros do autor, o empresário Antônio Leônidas, da gráfica Printac, se disse honrado em ter publicado as obras de Silvio Martinello, o que, para ele, só vêm a valorizar a indústria local.

Outro ponto alto do lançamento foi a fala do ex-governador do Acre, Jorge Viana. Contou que, mesmo em campanha, com o barulho de carro e monomotor, viajando pelo interior do Estado, conseguiu ler o novo livro por inteiro.

Na sua opinião, Acre  onde o vento faz a curva suscita questões da mais alta relevância para se refletir e decidir, como a opção pelo desenvolvimento sustentável e em que bases esse desenvolvimento deve ser conduzido. Neste aspecto, segundo ele, “o mundo está vivendo antes e pós Copenhague”, a conferência sobre o clima. O livro de Martinello, destacou, aborda com muita ênfase essas questões pós-Copenhague.

“Serei breve como todo jornalista deve ser”, disse o jornalista e escritor Silvio Martinello encerrando o lançamento de Acre onde o vento faz a curva. Depois de agradecer a presença de todos, Martinello enfatizou que, mesmo com os desafios que se apresentam, atualmente, aos jornalistas e escritores com o fantástico mundo virtual da internet, é preciso insistir.

Segundo ele, “ enquanto houver pessoas escrevendo, pesquisando, lendo, fazendo teatro, contando histórias, fazendo músicas e todas as formas de arte, sempre haverá a esperança de um mundo, uma civilização, uma sociedade mais esclarecidas, democráticas, solidárias. Quando isso cessar, serão a intolerância, os fundamentalismos, as guerras, a barbárie”.

Por fim, fez questão de prestar uma homenagem aos seus familiares chamando um por um ao palco. A esposa Ivete, formada em Letras, responsável pela produção e fotografias do livro; à filha Maíra, jornalista, que fez a apresentação; Larissa, publicitária, que cuidou com o chargista Dim da arte e divulgação; Paula, jornalista, que posou para a capa; Tiago, jornalista, revisão e pesquisa; das netas Ana Clara, Amanda e Júlia, que também posaram para a capa.

Brendha Hadad e a minissérie
Lanc-silvio5Não podendo comparecer por compromissos de trabalho, a atriz acreana Brendha Hadad fez questão de enviar e-mail revelando que durante as gravações da minissérie Amazônia  de Galvez a Chico Mendes, de autoria de Glória Perez, apresentada pela Rede Globo, ela e demais atores foram orientados pelos diretores a ler os livros de Silvio Martinello. Na íntegra, o depoimento da jovem atriz acreana, lido durante o lançamento pela apresentadora Eliane Sinhasique:

“É com imenso carinho e admiração que transmito uma mensagem ao homem que serviu de exemplo para minha atuação como jornalista por alguns anos em Rio Branco, o premiado e competente Silvio Martinello.

Suas ‘Gazetinhas’ no jornal A GAZETA faziam parte da minha leitura diária quando ainda residia no Acre.

Tempos depois dos meus primeiros passos como jornalista, deparo-me com algo novo, a oportunidade de fazer o que ousei um dia sonhar e a chance de também mostrar que no Acre tem muita gente talentosa. São músicos, artistas plásticos, escritores.

Em 2006, quando fui escolhida para atuar em Amazônia de Galvez a Chico Mendes minissérie de Glória Perez – mais uma vez as palavras de Silvio serviram de inspiração para meu trabalho.

Li A Ilha da Consciência, uma obra bem humorada sobre a ocupação do Acre e Corações de Borracha e Amanda, diretamente ligadas ao tema da minissérie e uma das leituras indicadas pelos diretores para complementar os estudos durante o wokshop de Amazônia. E agora, uma nova e certamente brilhante obra, Acre onde o vento faz a curva.

 Gostaria de estar presente, mas por motivos de trabalho não posso comparecer. Meus sinceros votos para esta noite seja divertida ao lado de sua esposa Ivete, dos filhos Maíra, Sara, Larissa, Paula, Tiago e dos amigos. O sucesso é garantido.
Grande abraço, Brendha Hadad”.

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