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Ventos mudam de direção e trazem de novo fumaça da Bolívia e de Rondônia

Após os cinco primeiros dias de setembro marcados pelo céu azul, livre da fumaça, o tom acinzentado voltou a predominar sobre toda a atmosfera acreana. Por causa de uma nova mudança no sentido dos ventos – voltando à direção do sudeste para o noroeste que tanto se viu no mês de agosto -, o Acre voltou a receber uma forte ‘cortina de fumaça’ oriunda das intensas queimadas de Rondônia e, principalmente, da Bolívia.

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Os ventos começaram a sofrer tais alterações desde segunda-feira (6), ocasião em que o Acre recebia mais uma frente fria de caráter moderado. A fumaça chegou aos poucos e foi se espalhando pelo céu acreano. Não há previsão para quanto tempo durará esta atual troca no sentido das correntes de ar (sudeste-noroeste), o que é preocupante.

Com novo acúmulo de fuligens, o clima instável de péssima navegação volta às estradas locais e aos aeroportos de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, assim como os riscos para as doenças respiratórias (IRA: bronquite, asma, etc) voltam a crescer em todo o Estado.

Além disso, a presença da fumaça pode atrasar ou até mesmo inibir a precipitação das chuvas esparsas que vinham caindo desde o final de agosto. Caso isso aconteça, o Acre deve ser vítima, mais uma vez, de péssimas condições climáticas (altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar – UR), propícias à propagação do fogo.

Para se ter idéia deste risco, a média de umidade do ar na Capital era de 60% nos cinco primeiros dias de setembro. Desde o dia 6, com incidência da fumaça, a UR já caiu para a faixa de 35 a 40%, conforme mostra o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Em relação à previsão do tempo, o Inmet aponta que hoje, sábado e domingo devem ter dias claros e parcialmente nublados, com mín. de 18ºC e max. de 35ºC em Rio Branco, sem chuvas (tempo parecido no resto do Estado). Já o portal Climatempo também prevê dias nublados, mas com temperaturas de 22 a 37ºC. O portal também acusa chances de chuvas para a noite de domingo (12) e durante toda a próxima segunda (13).

Com vinda da fumaça, focos de calor locais crescem mais de 10 vezes

Como se fosse combinado, foi só o Acre voltar a receber fumaça da Bolívia e Rondônia que as queimas locais também já deram um verdadeiro salto, quebrando a tendência de queda dos cinco primeiros dias de setembro. Conforme  Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Estado registrou 800 focos desde segunda (6) até ontem (9), uma alta quase 11 vezes maior (1.081%) ao que se vinha registrando de 1º até dia 5 deste mês: só 74 focos.

Em outras palavras, os últimos 4 dias foram um dos piores deste ano, com cerca de 200 novas queimas por dia (a média de agosto foi de 89,97 focos/dia). Neste boom do fogo, os municípios que mais contribuíram foram: Feijó (106); a Capital (102); Porto Acre (78); Plácido de Castro (75); Acrelândia (72); e Sena Madureira (66).

Por conseguinte, o acumulado do ano atingiu total de 3.916 focos entre 1º de janeiro até ontem (09/09). O valor é preocupante, porém, se comparado com mesma data de 2005 – pior ano das queimadas – ele ainda é 4 vezes menor (17.450 focos, diferença de 13.538). Os campeões de fogo deste ano são Feijó (468), Tarauacá (371) e Rio Branco (376).

Segundo Cleísa Cartaxo, presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), para reverter novamente tal situação o governo e seus parceiros (Ibama, PF, PC, CBM, MPE, prefeituras, etc), devem seguir intensificando ações conjuntas em todas as zonas rurais e urbanas do Estado. No período em que houve poucos focos, ela conta que o Imac/Ibama fizeram fiscalização de desmate (autuando os infratores de áreas já desmatadas). Com o aumento das queimas, a meta volta ser flagrar os queimadores na hora da transgressão.

“Com as chuvas, a situação tinha melhorado. Havia dias que não registrávamos nem 10 focos. Mas desde segunda (6), as queimadas voltaram a crescer. Por isso, continuaremos identificando os pontos no satélite, mapeando tais áreas e fazendo sobrevôos para autuar os infratores. Agora mesmo contamos com um helicóptero do Ibama e com apoio da PF. Portanto, nossa fiscalização será ampla até o final definitivo deste verão”, concluiu ela.

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