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Para defesa, é “baixaria” ligar apreensão de dinheiro à candidatura de Antônia Lúcia

O advogado da empresária Antônia Lúcia Câmara, Paulo Henrique Cestaro, disse ontem que é “baixaria” fazer ligação entre a apreensão dos R$ 472 mil pela Polícia Federal, realizada na última segunda-feira, com a candidatura dela a deputada federal pelo PSC (Partido Social Cristão).

“Não podem os adversários políticos da minha cliente ou qualquer outra instituição ligar esse fato [a apreensão do dinheiro] à campanha da minha cliente. Isso é covardia, é baixaria, falta de respeito ao processo eleitoral, do eleitor de escolher quem ele quiser”, afirmou Cestaro.

Essa foi a primeira vez que Antônia Lúcia, proprietária da Rede Boas Novas – que integra rádio e TV para o público evangélico – se pronunciou sobre as denúncias que envolvem a sua candidatura. Além da apreensão do dinheiro, ela é acusada de distribuir gasolina para realização de carretas.

Antônia Lúcia negou envolvimento em ambos os casos. Segundo os advogados da empresária, o valor apreendido pela PF tinha como destinatário a Igreja Assembléia de Deus no Amazonas, por meio da Fundação Boas Novas. Os R$ 472 mil é uma doação de um empresário de Boca do Acre (AM).

Segundo Milena Câmara, atual diretora da Rede Boas Novas, o dinheiro viria para Rio Branco e, logo depois, seguiria em um vôo comercial para Manaus. Segundo o advogado da empresa, Valadares Neto, o montante foi declarado.

Questionada sobre a forma como a doação aconteceu, com notas de R$ 50 dentro de uma caixa de papelão, Milena afirma que o fiel doa da forma que for mais conveniente.

De acordo com Milena Câmara, a Fundação Boas Novas recebe doações milionárias de fiéis de todo Brasil. As doações, disse, servem para financiar as ações evangelistas e de ajuda humanitária que a Assembléia de Deus mantém no Brasil e no mundo.

Valadares Neto afirmou que protocolou procedimento administrativo na Polícia Federal para apurar o vazamento das informações da investigação para a imprensa.

Ele afirma que tais dados não poderiam ter sido divulgados, pois se trata de inquérito sigiloso. O advogado ressaltou que a ligação da operação policial com o nome da empresa acaba por denegrir a imagem da rede de rádio e TV.

Milena Câmara declarou que, apesar da semelhança nos nomes, não há ligações entre a Rede e a Fundação Boas Novas. Consulta feita junto ao site da entidade detalha que a direção geral é de responsabilidade de Jônatas Câmara. O portal também revela estreita relação entre a empresa de comunicação e a fundação. No site da entidade que receberia os R$ 472 mil não há disponível canais de contato.

A família Câmara
Com origem no Amazonas, a família Câmara é hoje proprie-tária da maior rede de comunicação para o público evangélico do Brasil, a Rede Boas Novas. Os Câmaras exercem grande influência dentro da Assembléia de Deus no Estado vizinho, que é a maior congregação evangélica do país.

Depois de ganhar terreno na área da comunicação, a família partiu para a política. Seu representante maior é o deputado federal pelo Amazonas, Silas Câmara, do PSC. Para ampliar os tentáculos na política, a família decidiu ganhar espaço no Acre. Antônia Lúcia disputa pela segunda vez uma vaga no Congresso pelo Estado.

A versão da PF
Procurada para falar sobre o assunto, a Polícia Federal no Acre disse que em momento algum divulgou o nome de pessoas ou empresas envolvidas na apreensão. A PF declarou que apenas encaminhou à imprensa o release (texto de assessorias de imprensa remetido para as redações) sobre a realização da operação policial.

 

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