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Tião e Bocalom polarizam debate da TV Gazeta

A temperatura não chegou a se elevar, ontem, no debate da TV Gazeta com os candidatos ao Governo. Algumas pontadas entre os candidatos Bocalom (PSDB) e Tião Viana (PT) ameaçaram criar um clima de contenda que não se concretizou completamente. Em todas as perguntas e respostas Bocalom tinha sempre uma crítica a fazer aos governos da Frente Popular. Por outro lado, Tião, rebatia com as conquistas sociais e econômicas alcançadas pelos 12 anos do seu grupo político que governa o Estado e projetava um futuro de oportunidades à população acreana. Antônio Gouveia, o Tijolinho (PRTB), parecia mais preocupado em garantir as melhorias salariais para as categorias trabalhistas relacionadas à saúde pública.
Debate
Com a mediação tranqüila do jornalista Alan Rick, o debate teve pouco direitos de repostas geradas por insinuações. Ainda assim, não chegou haver ofensas diretas às honras dos participantes. No primeiro bloco quem abriu foi Tijolinho. “Espero que se realize um debate social com respeito aos nossos companheiros com propostas”, disse ele. Bocalom afirmou: “quero governar para gente. Fui três vezes prefeito de Acrelândia e secretário de Agricultura e não tenho nenhum processo. O Acre precisa de alternância de poder”. Por outro lado, Tião Viana, destacou: “este deve ser um encontro com as famílias acreanas pautado pelo valores humanos e ético. Que prevaleça o respeito a quem está nos assistindo. Fui senador duas vezes e vice-presidente do Senado. O meu desafio será o Acre entrar na era da industrialização”.

Propostas
A primeira pergunta foi sobre quais são os principais problemas do Estado. Tião Viana respondeu: “o Acre precisa viver a intensidade atividade industrial, uma saúde humanizada que assegure às pessoas um bom atendimento. Acesso a todos à inclusão social. É preciso ver que o Estado está andando e recebendo a infra-estrutura que é a base do setor produtivo. O Jorge Viana (PT) e o Binho Marques (PT) preparam o terreno e vamos honrar o pacto de gerar as oportunidades”.

Já Bocalom preferiu falar na alternância do poder no Estado. “A FPA já governa há 12 anos. Disseram que a saúde seria do primeiro mundo. Estamos vendo a nossa juventude desprezada com três mil presidiários. O Brasil aumentou o número de encarcerados em duas vezes e o Acre em quatro vezes. Falharam na saúde, na segurança e na habitação. Agora, dizem que vão fazer uma saúde mais humanizada. Mas somos nós que vamos fazer”, argumentou.

Nesse momento Tião Viana pediu o direito de resposta que foi concedida. “Nunca falei em saúde do primeiro mundo. Foi a oposição que inventou isso. Tem gente que não quer ver os avanços na saúde, mas só ofender”, retrucou.

Tijolinho pregou a criação de faculdades estaduais. “No meu governo precisamos resolver esse caso. As pessoas não estão podendo pagar as suas mensalidades e serão processadas. O principal é educação e o governo tem direito de formar as pessoas”, salientou.

A segunda pergunta se referiu ao atual momento de desenvolvimento do Acre. Tijolinho pregou a construção de mais estradas. “Para desenvolver é preciso ter estradas para ajudar o pequeno e o grande produtor. O homem do campo está abandonado na capoeira. Depois de quatro anos do nosso governo não vai precisar derrubar mais nada”, apregoou.

Bocalom indagou: “o Acre quer saber onde melhorou a vida da população? Há 12 anos tínhamos 28 mil famílias abaixo da linha da pobreza e hoje ultrapassa 60 mil. Isso significa que não se gerou renda e não se distribuiu. Será que melhorou? A qualidade da saúde melhorou? Em nosso governo nós vamos começar a melhorar a vida das pessoas colocando dinheiro no bolso delas explorando a terra. Produzir o arroz e o feijão. Comida será mais barata e o povo vai ter mais saúde. O setor da produção é o principal”, respondeu.

Para Tião Viana o Acre vive um momento intenso de mudança e transformação em direção ao futuro. “Há 12 anos havia o esquadrão da morte, de três a cinco meses dos salários atrasados do funcionalismo, nos hospitais os ratos mordendo os pés das pessoas e a falta até de fardas aos militares. Os professores vivam uma desesperança. O Estado mudou por uma geração que acreditou em Jorge Viana. A folha de pagamento era de R$ 16 milhões e hoje é de R$ 100 milhões. A nossa educação que era ultima esta em sexto lugar. O setor produtivo rural avança com asfaltamento dos ramais”, explicou.

Polêmicas sobre a BR-364
As perguntas foram de candidato a candidato. Tijolinho perguntou para Tião Viana: “a saúde hoje se encontra um cálcio (sic) porque não têm médicos. Em 12 anos não se resolveu o problema como vai resolver em quatro anos?”

Viana respondeu: “me dedico à saúde há 30 anos. A saúde envolve a minha vida. Meu sonho é que haja mais respeito e temos lutado muito. Só a nossa Faculdade de Medicina já formou 39 médicos. Mais de 60 especialistas trabalham no estado. Nós conseguimos mais de 400 cirurgias. Mais de duas mil cadeiras de rodas. A luta pelos hansenianos. Fizemos hospitais no Juruá, maternidades, a Nova Fundação Hospitalar. Mas ainda falta um atendimento humanizado. Me preparei por 30 anos para esse momento”.  Na sua réplica Tijolinho disse: “o senhor respondeu muito bem”.

O clima do debate aqueceu um pouco quando Bocalom perguntou ao Tião Viana: “por que os governos da FPA não conseguiram concluir a BR-364?” Viana, respondeu: “A BR é um sonho e vai ser a maior festa nos próximo ano para o povo que sonha com a integração. Essa geração da FPA vai entregar a estrada para elevar as esperanças e aumentar as oportunidades às pessoas”. Mas na réplica Bocalom deu a entender que existiu corrupção no processo de construção. “A BR só pode ser “lavagem de dinheiro”. O asfalto feito já está sendo recapeado. O Deracre consertando uma estrada feita por empreiteiras particulares. O curso dessa estrada está altíssimo. Por que começaram pelo meio da estrada?”

Na sua resposta Tião Viana destacou: “o caminho não é o da ofensa e da desconfiança. Quem conhece o Jorge e o Binho sabem da seriedade e da retidão que são conhecidos em Brasília. Não ponho em dúvida a dignidade do governo de São Paulo que gasta milhões em estradas. A integração foi feita de Cruzeiro para cá porque aquele povo estava isolado e se criou um novo mercado naquela região”, salientou.

Durante a pergunta de Viana para Bocalom foi levantada a interferência da ciência e da tecnologia nos avanços sociais do Acre. “Nós temos no governo atual o mais ousado programa de ciência e tecnologia com o Floresta Digital. Bocalom, respondeu:  “trabalharam a questão da ciência e tecnologia no Acre. Já estou sabendo que se gastou muito dinheiro, mas a qualidade não chegou. A Funtac é responsável pelo asfalto da BR e o que a gente está vendo é um asfalto todo quebrado. Nós queremos centrar fogo para podermos trabalhar convênios com a Ufac para que se possa produzir com qualidade. Nós queremos os alunos recebendo os computadores nas escolas. A Ciência e a tecnologia devem ser aplicada de fato, mas é preciso gastar o mínimo possível”.

Na sua réplica Viana ironizou o seu adversário: “a sua visão tem que ser mais ampla. Temos muitos projetos que se transformaram em realidade por incorporarem a tecnologia como a Álcool Verde, a fábrica de camisinha, os laminados. A sua resposta deixou a desejar”.

Considerações finais
Os candidatos se despediram dos telespectadores. Tião Viana afirmou: “queremos refletir o melhor caminho para a nossa população que gere mais oportunidades. Vamos avançar nas áreas de saúde, educação e segurança. Mas o maior desafio será a industrialização do Acre. Madre Teresa de Calcutá dizia que era preciso ver a face de Cristo no rosto das pessoas. Muitas vezes são as pessoas humildes que nos ensinam como governar com justiça”.

Bocalom pediu para os eleitores analisarem o que está por trás de cada um dos candidatos. “Quero ser governador da gente do Acre. Acabar com a melhoria de situação de apenas um grupo. Vou gerar as condições para podermos produzir”, afirmou e depois destacou as qualidades do seu vice, Ildson, que é um pastor evangélico.

Tijolinho terminou com uma pérola política: “sou o único candidato aqui que realmente conhece o nosso Estado. Se colocá-los num avião e soltá-los na mata vão se perder. Se fizerem o mesmo comigo, se a onça não me comer, chegarei inteiro. Sou humilde, mas sei ser um bom gestor”, finalizou.     

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