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Voto matutado!

Marina Silva, acreana, na sua peregrinação por esse Brasil afora, fez apelo ao eleitor, na última quarta-feira, na Central do Brasil,  Rio, para que “não vote açodadamente” isto é, que não sejamos apressados em votar e decidir tudo no primeiro turno.

Esta carapuça não cabe em mim, pois nesta campanha eleitoral fraquíssima de Norte a Sul, estou matutando em quem votar. Não é um matutar nos moldes sugeridos pela Justiça Eleitoral que nestes dias que antecedem as eleições gerais, com seus outdoors espalhados por aí, dá diferentes dicas, nos concitando a pensar entre outras coisas “no futuro da nossa família ou dos nossos filhos”.

 Será que há “forças ocultas” que se galgadas ao poder colocariam em risco a integridade física e o futuro dos nossos filhos? Penso que não. Acho que a Justiça Eleitoral quer, com essas peças publicitárias, que o meu voto seja refletido ou meditado; uma vez que não é todo dia neste país que somos chamados a pensar para  exercer uma obrigação de cidadão.

Por estes e outros motivos, a  proposta de pensar antes de votar não é tão simples como possa parecer, uma vez que a maioria, para não dizer  a “massa” na sua totalidade está entorpecida no seu senso crítico, vive de atitudes passivas ou no mínimo, conformistas.

Atitude conformista  que revela a nossa negligência, na qualidade de cidadãos, ao passar procuração, através do voto, àqueles que fizeram e fazem uso do que é público para atender seus interesses privados.

Conseqüentemente, creio que a intenção dos defensores do voto pensado, surge da indispensável necessidade, que cada um de nós possui de repensar os efeitos da política partidária de conchavos e dos falsos representantes de quem fomos vítimas na última década; pseudos representantes do povo que caíram em desgraça por cometerem improbidades, incompatíveis com o cargo que exerciam.

A tarefa de pensar para votar, como apelam Marina e a Justiça Eleitoral, não é tarefa fácil, porque pensar para votar é o que o brasileiro não faz, nem mesmo aqueles que o governo diz que subiram da classe pobre para a classe média. Por quê? Porque, paradoxalmente, vivemos num mundo que se nega a pensar, especialmente os mais jovens, aliás, os jovens não pensam, pois que são empreendedores.

Esse negócio de pensar é coisa dos mais velhos. Afinal, os tempos são de modernidade, globalização e comunicação instantânea. Pra que pensar?

Se é coisa dos mais velhos então cá estou matutando em quem votar. Aqui no Acre devo votar em Tião Viana, para governo, mesmo porque, nesta campanha, fora dele, não existe candidato mais preparado para governar o Estado. O Bocalom quando expõe seu “programa de governo” o faz com uma velocidade verbal de narrador de corrida de cavalos. As propostas são um verdadeiro amálgama de informações, pelo menos, eu não entendo patavina. Acho que estou meio gagá.  Perdão, candidato!

O Antonio “Tijolinho” é um simplório (simples) cidadão vivendo uma ilusão da razão.  Confesso que ainda esbocei assistir o último debate entre os nossos candidatos à governo, mas quando o Tijolinho falou em “produção de rapadura” saí de cena, fui dormir. Se não fosse hilário seria ridículo para o Acre trazer um jornalista de Brasília para mediar essa “querela”.

Entretanto, o grande glamour das eleições local é a disputa para o Senado da República. No Jorge Viana eu não voto por um simples motivo: Já está eleito! Tenho por inclinação não votar em candidatos eleitos previamente. Em se confirmando a pesquisa local, bem como a opinião de especialista em política acreana que dão ao Jorge, vitória certa.

 Tenho a desejar ao ex-governador, sem ironias, um bom desempenho no Senado. O Acre necessita. Nesse caso, tenho três opções para escolher duas, já que não voto em branco. A parada é duríssima! Vou de Petecão para quebrar a falsa sisudez do Senado. São Paulo deve mandar o Tiririca à Câmara Federal. O Senado, com Petecão, pior não fica, é a palavra de ordem.

O meu voto para presidente é de Marina Silva, o Serra na minha ótica, em nível de Brasil, não passa de um bom ministro. Por outro lado foi e é vítima do seu próprio partido o PSDB, que o despotenciou nesta eleição. A ministra Dilma é o protótipo de um sistema comandado pelo presidente Lula.

Lula que barganha em nome da continuidade e do produto “bolsa família” a eleição da sua mais fiel protegida. Não voto na Dilma, principalmente, porque o Sr. Presidente da República transgrediu a Lei Eleitoral, fato que fez com que fosse multado mais de uma vez com razoáveis cifras (R$).

Multas que alguém pagou por ele. Ademais, o voto do acreano para presidente é simbólico. Tão simbólico que a ministra Dilma e o governador Serra não deram as caras por aqui. É ou não é?

* Francisco Assis dos Santos é professor e pesquisador  bibliográfico em Filosofia e Ciências da Religião.
E-mail:
assisprof@yahoo.com.br

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