Acordo de cooperação entre os governos do Brasil e da Bolívia, assinado em 2007, previa o intercâmbio de estudantes dos dois países para ingressar em universidades públicas. Visto como a salvação para muitos jovens com o sonho de se tornarem médicos, a medida tem se tornou um transtorno para a grande maioria dos brasileiros.
No país vizinho, eles encontram todas as dificuldades possíveis, desde o pagamento de propinas a autoridades alfandegárias até a pressão de diretores e professores das universidades. O relato do grupo de brasileiros, que inclui acreanos, foi enviado à jornalista Lenilda Cavalcante.
A carta é um desabafo e ao mesmo tempo um clamor para que as autoridades brasileiras possam acudi-los. Os acreanos estão na cidade de Cochabamba, matriculados na Universidad Mayor de San Simon. De acordo com Raimundo Noé Araújo, que assina a carta, os estudantes sofrem todo tipo de pressão psicológica. “Poucos se firmam nesse lugar e nessa universidade por medo, ou porque não agüentam a humilhação dentro de sala. O conselho educativo da instituição está todo contra nós brasileiros”, diz ele, que completa: “vendo eles [diretores e professores] a nossa resistência, agora tentam nos impedir de entrar em aulas importantes e nas práticas”.
Não bastasse a pressão dentro da própria faculdade, os brasileiros se vêem obrigados a pagar taxas que consideram abusivas para ter seus documentos legalizados. Tal cobrança é vetada pelo acordo diplomático assinado ente os dois governos.
Segundo Noé, a única instituição capaz de ajudá-los – o Consulado do Brasil em Cochabamba – já desistiu de apoiar diante de tantas dificuldades enfrentadas. “Se continuar assim, os estudantes perderão todo ano letivo sendo obrigados a voltar ao Brasil sem resultados positivos e vermos nosso sonho escapar por entre os dedos”, desabafa ele.