O Brasil tem 76 grupos indígenas vivendo em situação de isolamento ou contatados pela primeira vez recentemente. Ao menos 28 tribos isoladas já foram confirmadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), mas o órgão ainda estuda mais de 40 pontos em que há possibilidade de encontrar povos isolados.
A informação é do historia-dor Elias Bigio, responsável pela Coordenação Geral de Ín-dios Isolados e de Recente Contato da Funai, que apresentou na última quarta-feira (27), em São Paulo, a versão mais atualizada do mapa que indica a localização dos isolados.
Todos os grupos isolados estudados pela Funai ficam em estados da Amazônia Legal, exceto o povo Avá-canoeiro, cujo isolamento em uma área de Goiás, ao norte de Brasília (DF), ainda é investigado.
Segundo Bigio, 6 povos foram contatados pela primeira vez recentemente. É o caso dos Piripikura, em Mato Grosso, dos Akunt’su e dos Kanoê, em Rondônia, dos Korubo e dos Suruwaha, no Amazonas, e dos Zoé, no Pará.
Apesar da confirmação desses povos, desde a década de 1980 a política da Funai é de não fazer mais contato com tribos isoladas, ao contrário do que ocorreu em toda a história brasileira. “Há povos que não querem contato ou só querem poucos recursos. Hoje o trabalho é de identificação, sendo que é possível demarcar uma terra indígena sem contatar as tribos”, diz Bigio.
Memórias sertanistas
Elias Bigio veio a São Paulo para prestigiar um encontro tido como histórico por organizadores e partici-pantes. Trata-se da reunião, na capital paulista, de sertanistas que vivem há anos em diversas áreas da Amazônia e se aventuram em expedições que duram dias no meio da selva, trabalhando na linha de frente para tentar compreender a geografia e a cultura dos índios isolados.
O encontro Memórias Sertanistas celebra 100 anos de indigenismo no Brasil, cujo marco inaugural foi a criação do Serviço de Proteção do Índio e Localização de Trabalhadores Nacio-nais (SPI), em 1910. A instituição foi extina em 1967, com a criação da Funai.
Para relembrar algumas histórias de contatos com indígenas, o evento reuniu sertanistas como Afonso Alves da Silva e José Carlos Meirelles, que já chegaram a ser atacados com arco e flecha, e antropólogos como Betty Mindlin, Carmem Junqueira e Mércio Gomes, ex-presidente da Funai. A programação gratuita terminou na quinta-feira (28) no Sesc Consolação. (GloboAmazônia)