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Gazeta FM 93,3 promove debate sobre Referendo do Fuso Horário

Uma prova de maturidade política do povo acreano ficou explicita, ontem, no quadro Boca no Microfone, do programa Toque e Retoque, da Gazeta FM. Representantes das duas comissões que são contra e a favor do novo horário do Estado argumentaram para os jornalistas Eliane Sinhasique e Nelson Liano Jr., os motivos das suas opções. Mas a conversa passou longe de qualquer influência político partidária. Ficou claro que a discussão se refere muito mais a costumes so-ciais da população.
Debate-referendo
Os primeiros a serem entrevistados foram do grupo do ‘Não’, 77. O sindicalista Francisco Messias, elogiou muito a condução do processo através do desembargador Arquilau de Castro Melo, presidente do TRE/AC. “Ele está permitindo que os dois grupos se manifestem com todo o apoio e liberdade”, ressaltou. Para Messias, um dos principais argumentos favoráveis a volta do horário antigo são os sacrifícios que as classes mais desfavorecidas têm passado. “As empregadas domésticas e os trabalhadores na construção civil precisam sair de casa ainda à noite para irem trabalhar e correm riscos com assaltantes e estupradores”, destacou.

Vários ouvintes do programa ligaram e reclamaram também da questão do horário alegando que os estudantes têm que acordar muito cedo para irem às escolas. “Eles precisam chegar às 7h30 e se moram em lugares distantes precisam acordar de madrugada. Os professores que possuem dois contratos também foram muito prejudicados com o novo horário”, disse Messias.

O vigilante noturno Marcelo engrossou o coro dos descontentes com o novo horário. “Saio do meu trabalho por volta das 5h45 e ainda está uma escuridão terrível. Uso uma bicicleta e temo por acidentes e assaltos. Às vezes, espero clarear o dia para poder voltar para casa. É muito difícil a gente andar no escuro. Essa mudança não trouxe benefício nenhum e só vejo gente reclamando”, salientou.

Outro aspecto abordado por Francisco: “não vamos votar na manutenção do atual horário só porque dizem que as pessoas já se acostumaram. Temos que escolher aquilo que é melhor para nós. Nós temos o direto de escolhermos o horário que queremos para viver”, pontuou.

Empresários defendem o atual horário
O grupo do ‘Sim’, 55, foi representado pelos empresários João Adriano e João Fecury da Acisa. Adriano foi logo avisando que a campanha pela manutenção do atual horário está sendo realizada com argumentos e não com agressividade. “Não importa discutir se a mudança foi feita sem consultar o povo acrea-no porque isso está acontecendo agora”, ressaltou.

Para o empresário da construção civil, as pessoas já se acostumaram com o novo horário. “Na verdade, todos ganharam uma hora a mais e não perderam”, disse ele. Questionado por que eram empresários que representavam o grupo do 55, João Fecury protestou: “temos vários sindicatos de trabalhadores que estão nos apoiando também. Aliás não queremos passar essa imagem que o grupo do ‘Sim’ é composto só por empresários”, afirmou.

Outra argumentação utilizada por eles foi o fato das pessoas terem que acordar mais cedo, mas terem mais tempo também para o convívio familiar e social. Os empresários acham que o atual horário facilita ainda as transações bancárias e comer-ciais com os outros estados brasileiros. “Houve um ganho para o lado produtivo. Com três horas de diferença em relação a Brasília, durante o horário de verão, as coisas ficam muito complicadas”, alegou João.

Já para Adriano o horário da programação da televisão com uma diferença de três horas traz prejuízos aos acrea-nos. “As novelas terão que ser gravadas no caso da volta do horário antigo. Além disso, o futebol, às quartas-feiras, nós vamos assistir aos jogos já sabendo dos resultados. Também vale a gente considerar os concursos públicos federais que são realizados simultaneamente em todo o Brasil, às 7h. Os acreanos, nesse caso, teriam que sair de casa às 3h para poderem participar”, finalizou.  

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