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“Investigação do Caso Pinté é baseada na clandestinidade”, afirma Sanderson Moura

Os indiciados por participação no assassinato do ex-presidente da Câmara de Vereadores de Acrelândia, Fernando da Costa, o ‘Pinté’, se pronunciaram publicamente a respeito do caso ontem (6). O interlocutor foi o advogado criminalista Sanderson Moura, que assume a partir de agora a defesa, auxiliado pelos advogados Luccas Vianna e João Arthur.
Sanderson-Moura
“É uma investigação ba-seada na clandestinidade. Falta legalidade e seriedade. A defesa só teve acesso aos autos do inquérito via mandado de segurança, algo que a gente pensava que já estivesse ultrapassado no Acre”, declarou. A manifestação da defesa, neste momento, segundo Sanderson, visa suprir o ‘suspiro público’ que foi negado aos indiciados.

Para o advogado, o cercea-mento ao trabalho da defesa é lamentável e só acontece porque não existe uma OAB presente. “Volta-se a usar mecanismos ilegais para descobrir crimes insolúveis”, diz, acrescentando que a prisão nesse momento da investigação só visa amedrontar os indiciados.

Baseado na ausência de provas de participação e autoria, o criminalista tenta, por meio de mandado de segurança, revogar as prisões temporárias dos indiciados. O pedido foi negado liminarmente, mas Sanderson afirma ter os elementos necessários para reverter essa situação durante o julgamento do mérito pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

A matéria deve ser apre-ciada em plenário pelos desembargadores na sessão da próxima semana e contará com sustentação oral por parte da defesa. “Estou no caso convicto da inocência dos meus clientes”, assegura. O criminalista acredita que a partir da liberdade, os indiciados terão condições de provar que não têm qualquer ligação com a morte de Pinté.

De acordo com o criminalista, as prisões nesse caso têm motivação política e como alvo a atual gestão municipal de Acrelândia. “Não existe nenhuma prova nos autos que ligue meus clientes ao crime. Até mesmo essa versão de que a vítima iria denunciar um esquema de corrupção está cercada de fantasias”, afirma.

Outras motivações para o crime
O advogado aponta, ainda, falhas que considera graves na fase de investigação. A principal delas diz respeito à motivação do crime. Segundo ele, existem pelo menos três hipóteses que poderiam ter sido investigadas e foram simplesmente ignoradas pela autoridade judiciária.

Entre as hipóteses não investigadas pela polícia, a defesa cita desavenças familiares, envolvimento com drogas e o atropelamento com óbito de duas crianças. “O que nos causa estranheza é que na-da disso tenha sido investigado. A polícia se apressou em dar conotação política ao caso”, questiona.

Por decisão judicial estão presos temporariamente, por suspeita de participação na morte do vereador Pinté, os secretários municipais Jonas Vieira Prado (Administração), Joaba Carneiro da Silva (Educação) e a tesoureira da Câmara Municipal e mãe do prefeito Carlinhos Araújo, Maria da Conceição Araújo. O secretário municipal de Obras, José Valcir da Silva, teve a prisão decretada, mas conseguiu fugir.

A investigação da polícia se baseia na hipótese de que Pinté foi assassinado porque  descobriu e iria denunciar um esquema de desvio de verbas públicas em secretarias e pagamento de propina na Câmara do município. O autor dos disparos teria sido o pistoleiro Jhonata Alves, mediante o pagamento de R$ 30 mil. (D.A.)

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