Mais uma vez, os familiares de Fabrício Augusto Souza da Costa – o adolescente de 16 anos que desapareceu no Terminal Urbano desde 16 de março – deram uma prova de que o clamor de Justiça supera qualquer adversidade para não ser esquecido. Duas vezes durante horas, entre às 21h até o fim da noite de domingo e das 8h até as 16h de ontem (18), de 16 a 31 parentes do rapaz vestiram camisas, empunharam faixas e fixaram cartazes por todo o trecho da Avenida Getúlio Vargas que passa pelo Fórum Criminal de Rio Branco.
O motivo para o ato foi à continuidade da audiência de instrução, debate e julgamento do processo que apura o seqüestro, seguido de morte, de Fabrício. Nem mesmo a falta de avanços no caso abalou a vontade e a fé dos ‘injustiçados’ parentes em achar respostas e finalmente poder dar ao corpo do jovem o devido sepultamento merecido.
“Fizemos manifesto pacífico durante todo este tempo porque queremos saber a verdade. Temos fé de que ela vai aparecer. Esperamos que a justiça prevaleça e que eles digam de uma vez o que aconteceu, nem que seja através de ‘deleção premiada’ (quando um dos acusados entrega o caso para ter pena reduzida). No final, eu sei que vamos sim velar o corpo do Fabrício”, disse Júlio Cesar Zuza da Costa, um dos tios do rapaz.
A primeira audiência foi realizada no dia 1º de outubro, no Fórum Barão do Rio Branco. A segunda foi realizada a partir das 8h30 até o fim da manhã de ontem, realocada para a 4ª Vara Criminal (fórum da Av. Getúlio Vargas). A meta das audiências é fornecer mais informações, provas e testemunhos conclusivos aos promotores, defensores e, sobretudo, ao juiz, a fim de buscar maiores embasamentos para dar um veredicto final ao caso.
As primeiras a depor na manhã de ontem foram às 2 menores acusadas de participação no crime e que chegaram a dar diversas pistas falsas à polícia sobre o paradeiro do corpo de Fabrício e sobre a forma na qual ele foi assassinado. Segundo defensor público Antônio Araújo, os depoimentos delas não foram tão proveitosos ao processo, pois continuaram repletos de contradições, apesar das acareações (confrontamentos) que lhes foram feitas.
“As garotas seguem dizendo coisas sem consistência, cheias de contradições. Primeiro, elas expuseram que os fatos ligados à morte do rapaz foram por fins econômicos (dinheiro), depois os mudaram para motivos de rituais satânicos e, por fim, relacionaram as causas às drogas”, detalhou o defensor.
Acusados chegam com risos de deboche da família
Após o depoimento das menores, foi à vez dos verdadeiros acusados no processo. Conforme inquérito policial, 6 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público, tendo como maior suspeito Leonardo Leite de Oliveira (o ‘Doidinho’). Além dele, são acusados Edvaldo Leite de Oliveira, Miguel Rodrigues do Carmo, Helington Rodrigues de Castro, Djair Oliveira de Souza e Dorimar Silva. As menores constam como aliciadas, perante ao Juizado da Infância e Juventude.
Os acusados chegaram à audiência por volta das 10h, escoltados por policiais.Um deles, inclusive, não conteve um riso debochado pela presença dos familiares de Fabrício, que ficaram ainda mais injuriados com a perversidade do sexteto. A família de nenhum dos 6 se fez presente no local. Eles foram ouvidos, separadamente, pelo juiz Cloves Cabral.
No processo, ainda estão arroladas 29 testemunhas de acusação, sendo 19 de acusação e 10 de defesa. A audiência terminou por volta das 16h da tarde. De acordo com outro tio de Fabrício, Sérgio Lopes, ela teve como resultado a decisão do juiz de estender o prazo para considerações finais dos acusados em até 5 dias. Após este período, será feita nova audiência para expor tais palavras finais. Então, o processo seguirá sendo avaliado pelo juízo. “A sentença final para o caso deve ser dada ainda este ano, em dezembro”, informa Sérgio Lopes.