Unidos, os líderes de alguns dos principais movimentos sindicalistas acreanos deram as mãos e formaram uma barreira humana para impedir a passagem de ônibus no Terminal Urbano. O ato aconteceu seguidas vezes, entre as 9h até o final da manhã de ontem (19). Os bloqueios duraram cerca de 5 minutos e foram realizados em intervalos de cerca de 45 em 45 minutos, acompanhados de protestos e discursos sindicais num carro de som.
A causa principal do manifesto intersindical foi a demissão dos 6 membros da diretoria do Sinttpac (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo do Acre), ocorrida no dia 27 de agosto, após uma greve histórica da categoria. Outros motivos apontados por eles foram as ‘precárias condições’ no Transporte Público da cidade, os ‘descasos’ patronais e a previsão de novo aumento na tarifa das passagens de ônibus para janeiro de 2011.
De acordo com Celina Ferreira, presidenta do Sinttpac e uma das vítimas das demissões, o ato não visa prejudicar os usuá-rios da cidade. Ao contrário, visa mostrar a ‘exploração’ que as empresas de transporte faz sobre eles. “Nossa causa também é a luta da população para finalmente contar com um serviço de Transporte Coletivo de qualidade, e não mais ser obrigada a se submeter a este com tarifas absurdas, atrasos e ônibus lotados”, disse.
Quanto às destituições da diretoria, Celina contou que a classe está decepcionada com a atitude patronal, querendo fazer novas paralisações, mas com muito temor de sofrer as mesmas ‘represálias’. “A categoria estava unida em prol das melhorias nas condições de trabalho. Os empresários, então, trataram de nos demitir para intimidar nossa força. Foi um ataque covarde, direto às cabeças do movimento.Mas isso não nos abalará”, detalha.
Estiveram presentes na corrente humana os/as presidentes e membros dos sindicatos dos Urbanitários (Stiu), dos bancários (Seeb), dos Correios (Sintect), da CTB, da CUT, além do grupo de trabalhadores do Sinttpac exonerados. Segundo o presidente do Stiu e CTB no Acre, Marcelo Jucá, o poder público deve dar uma resposta para tal ‘perseguição’ aos trabalhadores. Até lá, os sindicatos se manterão unidos para que isso não ocorra mais.
Apesar de as barreiras durarem apenas 5 minutos, foi tempo suficiente para impedir a entrada e saída de 6 a 8 ônibus no terminal (por bloqueio) e acumular engarrafamentos rápidos de trânsito na área. Além disso, a coragem do ato foi suficiente para chamar a atenção de muitos populares que passavam pelo local. O episódio foi pacífico, mas, por precaução, esteve presente uma equipe da Polícia Militar evitando qualquer desordem.
Estudantes podem aderir à causa e fazer bloqueios – Conforme Clodoaldo Cristiano, outro dos representantes do Sinttpac, a próxima semana deve ser marcada com protestos ainda mais enérgicos, envolvendo, inclusive, estudantes-usuários da Capital. Segundo ele, as demissões e aumento das tarifas são ‘desnecessários e abusivos’. Por tal razão, o sindicato provará tais argumentos às entidades estudantis e apelarão à participação deles
“Na semana passada, nós e os demais sindicatos demos uma trégua por causa de outras bandeiras de lutas. Porém, a partir desta semana até a próxima, o nosso movimento virá fortalecido para lutar contra esta ameaça de aumento e estes ‘cortes de cabeça’ absurdos. Uniremos os estudantes e viremos com um ato bem maior no terminal”, avisa ele.