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Rodrigues Alves antecipa a campanha para a prefeitura em clima de guerra

Ainda não terminaram as eleições de 2010 e a Frente Popular já tem uma delicada missão política pela frente. O município de Rodrigues Alves está literalmente dividido por facções ideológicas contrárias.

O clima de confronto entre os aliados do ex-prefeito Dêda (PP) e do atual gestor Francisco Ernilson de Freitas (PT), o ‘Burica’, tomou feições radicais. Os dois políticos são aliados da FPA, mas no plano local se tratam como inimigos. O pior é que no município do Juruá está se formando dois grupos de simpatizantes de ambos os lados, que poderão provocar um conflito generalizado.

O atual prefeito Burica reclama que foi atacado nos palanques do adversário. “O Dêda fez três comícios em Rodrigues Alves durante a campanha falando mal da minha pessoa. Como se fosse uma política já para prefeito de 2012. Posso até recorrer à Justiça e pedir ressarcimento por danos morais. Tenho os CDs gravados com os ataques a minha honra. Foi um problema sério. Se eu não fosse uma pessoa tranqüila, teria perdido a cabeça. Mas não pretendo processar ninguém, por enquanto, porque estou tentando evitar problemas. Quero fazer a minha parte. Não estou aqui para falar mal da vida de ninguém e nem para ferir ninguém”, desabafou.

Disputa municipal acirrada  
Burica afirma estar preocupado que as divergências políticas possam se transformar numa batalha permanente até 2012. “Se a gente tomar em conta a maneira como fui tratado nos palanques do ex-prefeito não tenho dúvida que em 2012 haverá uma guerra. Tanto o grupo político dele é forte como o meu também é. Se nada for feito haverá mesmo uma guerra política. Os aliados do meu lado queriam que tomasse providências com os ataques que recebi. Que eu partisse para a ofensiva. Mas pedi calma e paciência. Os meus adversá-rios chegaram a dizer que juntariam o pessoal para invadir a prefeitura e me tirar à força. O nosso povo ficou muito revoltado. Em 2012 poderemos ter algo sério. Espero que isso não aconteça. Mas fico imaginando que sem eu ser candidato em 2010 fui atingido dessa maneira e como será em 2012?”, questionou.

Relacionamento delicado
O prefeito de Rodrigues Alves explica, na sua visão, a origem dos problemas. “Existe uma disputa por conta da eleição municipal de 2008. O grupo do PP não quer se unir com a gente. Temos pessoas do partido dentro da nossa administração e tenho tentado unir para fazermos um bom trabalho que venha a ajudar a Frente Popular. Mesmo porque entendo que, se acontecer uma disputa radical aqui em Rodrigues Alves, a FPA de Rio Branco também sofrerá as conseqüências. Estou muito preocupado com isso”, ressaltou.

Outra questão sugerida por Burica, que seria a chave da desavença, são relativas à administração anterior. “O Dêda teve problemas na Justiça e acha que eu sou o responsável. Mas houve uma auditoria do Ministério Público e do Tribunal de Contas na nossa prefeitura, no início do meu mandato, que apurou irregularidades. E não fui eu que denunciei nada. Nunca entrei com processo e me sinto perseguido politicamente”, argumentou.

Prejuízos para a FPA   
A disputa local, segundo Burica, está atrapalhando o apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) na região. “Não sei até que ponto vamos chegar com isso. Tenho procurado unir para darmos o maior número de votos para a Dilma. Se isso acontecer o mérito será de todos os partidos da FPA. Mas tem gente de outros partidos da FPA em Rodrigues Alves que não tem ajudado por acharem que se a Dilma tiver uma grande votação o mérito será só meu. Inclusive, teve gente da FPA por aqui que não está envolvido na campanha da Dilma como não esteve também nem na eleição do nosso governador Tião Viana. Alguns pediram votos contra a FPA. Já coloquei muito claro nos comícios que temos que nos unir e acabar com essa disputa”, garantiu.

Como exemplo, Burica cita o presidente do PP de Rodrigues Alves, Petronilho. “Ele não entrou na campanha dos nossos majoritários. A chapa dele foi contra. Essa é a verdade. Qualquer pessoa na cidade sabe disso. Tenho colinhas preenchidas com apenas os candidatos a deputado estadual e federal do PP, sem os candidatos majoritários da FPA. Todo mundo tem conhecimento disso aqui na região. A disputa regional entre os grupos rivais acabam trazendo prejuízos sérios para a FPA”, avisou.

Mas o prefeito garante ter um bom relacionamento com as principais lideranças do PP. “Tenho uma boa relação com o vice-governador César Messias (PP) que me ligou depois da eleição agradecendo o empenho. É um político que sabe fazer política e tem nos ajudado administrativamente. Mesmo o deputado federal Gladson Cameli (PP) tem mantido diálogo conosco. Já fui várias vezes à Brasília e visitei o seu gabinete e sempre fui muito bem recebido. Ele já mandou uma emenda para construirmos o Mercado do Peixe em Rodrigues Alves”, afiançou.

Resultado eleitoral em Rodrigues Alves
Burica reclama que foi divulgado na imprensa da Capital que teria feito corpo-mole durante a eleição. “Colocaram matéria na internet que não estaria fazendo campanha para o Tião Viana (PT). Ora, sou aliado desse projeto como membro do PT desde 2004. Sempre ajudei antes mesmo de ter mandato. Qual seria o motivo de ficar fora?”, argumentou. 

A prova da sua lealdade está no resultado da FPA, garante Burica. “Fiquei satisfeito com a votação que a população deu para os candidatos que estávamos apoiando como o candidato a deputado federal Taumaturgo Lima (PT), o mais votado e, o estadual Jonas Lima (PT). Jorge Viana foi o senador mais votado e o Edvaldo (PCdoB) ficou em segundo no nosso município. O Tião Via-na teve mais de mil votos de vantagem. Só perdeu a Dilma Rousseff, mas estamos trabalhando para reverter esse quadro”, ressaltou.

Realizações administrativas
Indagado sobre as críticas à sua gestão Burica responde com os trabalhos que está fazendo. “O senador Tião Viana (PT-AC) conseguiu uma patrulha mecanizada o que nos possibilitou arrumar os ramais. O pessoal da zona rural, inclusive, nos garantiu essa vitória eleitoral. Temos recebido muita ajuda também do Governo do Estado.

Temos a construção do hospital, o canal para a rede de esgoto do igarapé que banha a cidade, a feira livre para estimular o agricultor a comprar e vender em Rodrigues Alves. Principalmente a farinha que é vendida diretamente em Cruzeiro do Sul. Aliás, praticamente 60% da famosa farinha de Cruzeiro do Sul é produzida em Rodrigues Alves. Estamos construindo 10 barcos novos para o transporte da produção da zona rural”, garantiu.

O prefeito enumera os maio-res problemas que enfrenta na sua administração. “A questão do saneamento básico é delicada. Tem político que não vê assim. Mas entendo que a saúde pública começa por aí. Nós ainda não temos um palmo de esgotamento sanitário. Pretendo sanear pelo menos 50% da área urbana até o final do meu mandato. Os ramais também poderão ficar melhores com os novos equipamentos. Quero asfaltar pelo menos nos pontos críticos das ladeiras. O pessoal reclama muito do isolamento e quero acabar com isso. Se estou fazendo uma boa administração a população é quem se beneficia”, concluiu.

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