Você, assim como eu, deve estar saturado de continuar ouvindo que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, que as mudanças são constantes e rápidas, que a capacidade de criar oportunidades é fundamental e que seu potencial de adaptação será decisivo em sua jornada profissional. Lamento informar, mas todas essas balelas “palestrativas” fazem parte do passado e fiar-se nelas significa colocar em risco suas próprias possibilidades de sucesso.
Você já parou para observar que a grande maioria dos palestrantes e conferencistas, ditos “sabedores de tudo”, tem o dobro ou até o triplo da sua idade? Fique claro não estar aqui promovendo um discurso preconceituoso contra os mais velhos, mas, equivocadamente, fomos educados a relacionar quantidade e qualidade de experiência (no amplo sentido) ao número de velas constantes sobre o bolo de aniversário. Essa ideia já era, já passou. O domínio do mercado de trabalho pela nova geração é fato irreversível e ela traz consigo regras próprias, idéias atualizadas, novas linguagens e o principal: um globalizado novo conceito de comportamento profissional.
No passado, quanto maior o conhecimento específico, maior era o potencial de liderança e, por consequência, maiores eram as chances de contratação, promoção e ocupação dos cargos de chefia. Hoje existe o Google! O advento da internet, com certeza absoluta, provocou a maior mudança comportamental da história da humanidade. Os avançados mecanismos de pesquisa e a crianção de verdadeiras enciclopédias virtuais, como a Wikipédia, por exemplo, enterram os famosos e arrogantes figurões “sabe-tudo” e estão proporcionando uma nova ordem para os verbos saber, empreender e desenvolver. Atualmente, o que determinará o potencial e a qualidade de um funcionário ou de um empresário é justamente a excelência com que ele será capaz de organizar e utilizar toda essa informação horizontal disponível e em constante crescimento. Dominá-la significa dar passos importantes e decisivos na direção de outro verbo: vencer.
E foi na velocidade de um click que a hierarquização se esfacelou. Assim como o amplo conhecimento e a informação se horizontalizaram velozmente, os modelos de gestão viram-se obrigados a fazer o mesmo. Paralelamente, mudanças políticas e culturais estavam transformando o perfil dos trabalhadores, que não queriam mais a pecha de simples funcionários “pau-mandados”. Criaram-se, então, os conceitos de “empreendedor”, “trabalhador-investidor” e de “sócios da empresa”. No entanto, isso nada mais era que uma maquiagem para encobrir a perda de poder causada pela democrática horizontalização da informação e do conhecimento. Tal como as ilusões um dia se desfazem (ou são desfeitas), esses “novos modelos” também já caíram e estamos começando uma outra era no mercado de trabalho e de consumo.
Com o mundo ao alcance dos olhos na tela do computador e a disseminação da informação, a polaridade hierárquica está no fim. Os jovens estão produzindo a verdadeira revolução no mercado de trabalho e consumo, um novo timing point. Antigamente, era comum encontrar o “executivão”, aquele cara que entrava numa empresa e nela permanecia por décadas, galgando posições e desejando aposentar-se lá. Hoje, o jovem trabalhador está, digamos, mais volátil, no melhor sentido da expressão. Ele é contratado por uma empresa e vai ficar nela enquanto for interessante pra ele, e não para ela. É a empresa quem tem de oferecer programas de desenvolvimento, de capacitação e treinamento, além de outros benefícios e oportunidades profissionais. Quando esse trabalhador não encontra essas vantagens ou não enxerga perspectivas na empresa, ele vai embora. Assim como a hierarquia, os vínculos também perderam força. E vamos e convenhamos, essa relação é muito mais profissional.
Essa mesma matemática vale para as empresas com relação a seus mercados. Se ele deixa de ser interessante ou de dar lucros, a empresa muda o foco, muda seus produtos, se reinventa. É a chamada reengenharia empresarial. Dado esse vínculo mais difuso, as empresas também estão sendo obrigadas a rever sua estrutura salarial e os “especialistas”, que antes dominavam o topo da folha de pagamento, agora estão sendo substituídos por “generalistas especializados”, capazes de ter conhecimentos gerais e agregá-los a um negócio específico. Com o fim da tecnoestrutura, a nova era traz um equilíbrio de forças: ao dono da empresa resta a decisão de manter ou não o investimento de seu capital; aos funcionários cabe a escolha de continuar ou não agregando à empresa sua capacidade, suas destrezas e seu conhecimento. O termo “empresa” deixou de ser um ente isolado. Agora, “empresa” são todos.
Na equivalência de forças que a nova era nos apresenta, é fundamental, portanto, desenvolver suas funções com excelência. Não é fácil ser um “generalista especializado”, vertendo para um trabalho ou finalidade, conhecimentos gerais que estão à disposição de todos. Exige disciplina, dedicação, senso de caráter e uma dose cavalar de instinto para correr riscos. Só assim ela será alcançada. Não basta ser apenas um bom funcionário, ou um bom empresário. Pode apostar: é o seu potencial de excelência que definirá a dimensão de sua vitória profissional.
Escritor, Articulista e Colunista, Palestrante e Conferencista
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