Nos últimos 10 anos, o padrão dos casamentos no país está mudando gradualmente e hoje, em 23% dos matrimônios, a mulher é mais velha que o marido, um crescimento de 4% em relação a 1999. O mesmo percen-tual foi registrado, no mesmo período, no Distrito Federal, que está abaixo apenas do Amapá na escala nacional. O levantamento é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem, no Rio de Janeiro, um balanço do registro civil, que juntou dados de nascimentos, óbitos, casamentos, separações e divórcios declarados nas Varas de Família e Cíveis, além de foros. O balanço também confirmou um aumento no número de mulheres que decidiram se tornar mães depois dos 30 anos.
No ano passado, segundo o IBGE, foram registrados 935.116 casamentos em todo o país, cerca de 2,3% a menos que em 2008. Porém os números mostram que a variação em relação aos últimos 10 anos é pequena, permanecendo quase no mesmo patamar que em 2009. Em alguns estados as taxas tiveram um crescimento acima da média do país, como no Acre, que teve um aumento de 11,2%, e no Espírito Santo, com 8,7% a mais. Já Rio Grande do Sul (4,4%), Piauí e Sergipe (4,6% cada) registraram as menores taxas brasileiras.
As pesquisas mostraram que as taxas se mantiveram quase no mesmo patamar, mas o que aconteceu foi uma mudança gradual no padrão dos casamentos. Exemplo: uma elevação nos percentuais em que a mulher é mais velha que o homem. Há 10 anos, correspondia a 19,3%, enquanto em 2004 subiu para 21,3% e no ano passado alcançava 23%. A mudança ocorreu principalmente entre as mulheres com idade entre 25 e 29 anos. O Distrito Federal acompanhou a média de crescimento nacional – de cerca de 2% -, perdendo apenas para o Amapá, onde o número de cônjuges do sexo feminino mais velhos que os do masculino, em 2009, foi quase 4% maior em relação a 2004.
Com o casamento previsto para fevereiro de 2011, a bancária Áurea Gomes, 57 anos, e o técnico em manutenção, Wellington da Silva, 28, se conheceram em maio deste ano, durante um vôo. “Sentamos na mesma fileira, conversamos a viagem inteira, e na chegada a Minas Gerais, pedi o e-mail dela e fomos nos comunicando”, contou Wellington, que desde setembro divide o mesmo teto com a futura mulher. “O astral da Áurea é de uma mulher de 22 anos”, elogia ele.
“Eu realmente me sinto muito jovem. Só tive um namorado mais velho que eu”, diz ela. Os dois estão entre os 82,4% de pessoas solteiras que se casam, segundo o IBGE, contra 17,6% dos divorciados que contraem novo matrimônio. Apesar de maio-ria, a união de pessoas solteiras caiu 4% em 2009, se comparando a 2004.
Segundo o gerente de Estatísticas Vitais do IBGE, Cláudio Crespo, a grande novidade na pesquisa é o retardamento da maternidade, uma tendência que se acentuou em todo o país. “É o efeito do envelhecimento da população”, diz ele. “A proporção com o número de adolescentes que engravidavam é a menor do país”.
Foi o que aconteceu com a pedagoga Cláudia Caetano, que optou por ser mãe quando sua vida profissional estava estável, o que possibilitou dar melhor qualidade de vida à filha Maria Luísa, de 10 anos. “Acho que foi uma ótima decisão”, acredita.
A pedagoga faz parte do grupo de mulheres do DF, de São Paulo, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul que decidiram, segundo o IBGE, pela maternidade mais tarde. A pesquisa divulgada ontem mostra que essa faixa etária em que engravidaram – entre 30 a 34 anos – já chega a ter quase o mesmo percentual da categoria de 15 a 19 anos. (Correio Braziliense)