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Caminhada de transformação: mais uma festa na formatura do Poronga

O  Governo do Acre e a Fundação Roberto Marinho realizaram sexta-feira, 5, mais uma  formatura do Programa Especial de Ensino Médio (Peem) Poronga, em cerimônia que lotou o auditório da Firb/Faao, em Rio Branco: 710 jovens que estavam em defasagem idade/série receberam  o  certificado de conclusão do ensino médio, podendo prosseguir nos estudos e fazer uma faculdade. É o caso do casal Flávio Souza e Gleiciane da Silva Furtado, casados há cinco anos. Superando todas as dificuldades próprias da vida de trabalhar e estudar, os dois agora ostentam com orgulho o diploma de graduação – e levaram a filha, Sara, de quatro anos, para ver a conquista de ambos.
Peem
A cerimônia foi de fato muito concorrida, contando com as presenças da  secretária de Estado de Educação, Maria Corrêa; da gerente de Educação e Implementação da Fundação Roberto Marinho, Vilma Guimarães; do cineasta Cacá Diegues e o desembargador Ciro Facundo, que entregou ao filho, Pedro Almeida Neto, o diploma tão sonhado.

Receberam o certificado alunos das dez escolas onde há turmas do Peem Poronga. Seus representantes – aqueles que receberam o diploma das mãos das autoridades – foram escolhidos por suas histórias de vida e superação ao longo dos 18 meses de duração do Peem. O governador Binho Marques, que lutou pela parceria com a Fundação Roberto Marinho ainda na época em que era secretário de Educação no governo de Jorge Viana, repassou o certificado à aluna Ilda Maria de Oliveira. Considerada como uma festa, a cerimônia teve  como mediadores o ator e apresentador do Globo Ciência, Alexandre Henderson, e a atriz Ana Paula Bouzas.

O Peem Poronga foi implantado no Acre em 2005, através de uma parceria com a Fundação Roberto Marinho. Inicialmente o programa atendia alunos da Capital, depois foi expandido para Brasiléia, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Sena Madureira e Tarauacá. Nesses seis anos, o Peem certificou mais de 6,5 mil estudantes com ensino médio, contribuindo para a redução de distorção idade/série, além de colaborar com os bons índices de avaliação do Ideb.
Com a certificação dessa etapa, que se conclui no próximo dia 19 com a formatura  dos alunos de Cruzeiro do Sul, juntos, os programas de aceleração Peem Poronga (médio) e Poronga (fundamental) somam mais de 22 mil jovens atendidos, além de ter formado 1.500 professores, desde a sua implementação, ocorrida em 2002.

A estudante Janaira Dantas do Nascimento, de  19 anos, foi outra que representou os formandos no palco. Ela se declara  consciente da importância e da necessidade de estudar para ter um emprego melhor. Por esse motivo, decidiu voltar à sala de aula. Ficou feliz ao saber da existência do Poronga, que a ajudaria a recuperar o tempo perdido e concluir o ensino médio. Ela, que estudou na escola Lourival Pinho, diz que ao longo desses 18 meses de curso tanto ela quanto seus colegas tiveram o privilégio de ter professores e supervisores entusiasmados e dedicados que os incentivaram muito a não desistir e acreditar na capacidade de cada um. 

Resgatando sonhos e a autoestima
Para a professora Maria Corrêa, que participou de todas as etapas de construção do Poronga, o programa é de muito sucesso. “É emblemático, representa a agenda positiva da Secretaria de Educação porque é de inclusão e que possibilita aos jovens o resgate da autoestima e da capacidade de sonhar”, disse a secretária.
As atividades do Poronga contribuíram para a democratização do conhecimento. A distorção idade/série na rede estadual de ensino caiu de 54,12% em 2002 para atuais 30% no nível fundamental. A expectativa é que até o final de 2010 esse índice caia para 20%.

 A adoção do programa possibilitou ainda um aumento do número de alunos que concluem os estudos, redução da idade com que os estudantes terminam o ensino fundamental, crescimento da demanda por mais vagas no ensino médio, além da correção do fluxo escolar. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) indica que os alunos do 6º ao 9º ano estão em quarto lugar no país. Há doze anos, o Estado era o último.  “Participar desta caminhada foi participar da reconstrução do Brasil”, afirmou Wilma Guimarães ao reportar-se à parceria estabelecida com o Estado do Acre.

Binho aos estudantes: “vocês são nosso tesouro”
Para o governador Binho Marques, o mais importante investimento do Estado é o que vem sendo feito nas pessoas. Ele agradeceu à contribuição da Fundação Roberto Marinho e à dedicação de gestores como a secretária Maria Correa, além dos diretores, coordenadores e professores que, unidos em um só compromisso, tiraram a educação do Acre das últimas colocações no ranking nacional de ensino para uma disputa positiva com os Estados de melhor desempenho na educação pública. Dirigindo-se aos formando,  o governador declarou: “o melhor investimento que o governo fez foi em vocês, que são o nosso tesouro”.

Todos os alunos formados sexta-feira são de Rio Branco, participantes de 28 turmas das escolas Berta Vieira, Barão do Rio Branco, Gloria Perez, Henrique Lima, Lourenço Filho, João Batista Aguiar, José Ribamar Batista, Lourival Pinho e Leôncio de Carvalho.

Saiba mais sobre o projeto Poronga
O projeto Poronga foi idealizado com os objetivos de corrigir a distorção idade/série, reduzir a evasão escolar e eliminar a repetência dos alunos dos ensinos fundamental e médio da rede pública estadual de ensino do Acre. O nome do programa, inspirado no suporte de lamparina de querosene usado na cabeça pelos seringueiros para iluminar o caminho à noite no seringal, foi escolhido por um dos professores participantes. Foi adotado como política pública de ensino adotada pelo governo em 2002. O programa está presente em 17 dos 22 municípios: Brasiléia, Bujari, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Rio Branco, Sena Madureira, Senador Guiomard, Tarauacá, Vila Campinas, Xapuri, Assis Brasil, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Plácido de Castro, Porto Acre e Rodrigues Alves. 

Na primeira etapa, foram implementadas 553 telessalas do ensino fundamental em Rio Branco. No ano seguinte, o programa passou a contemplar também o ensino médio na Capital e o ensino fundamental em municípios de áreas de floresta. A ação representou um novo desafio, em razão da dificuldade de acesso e infra-estrutura da região, sobretudo no que se refere à falta de energia elétrica. Para equacionar o problema, a Secretaria de Educação, com apoio das prefeituras e comunidades, instalou placas solares para que os estudantes pudessem assistir aos vídeos das aulas do Telecurso 2000 e dos projetos pedagógicos complementares.

O desempenho escolar dos alunos ultrapassou 90% de aprovação. As ações do projeto priorizaram e valorizaram a cultura acreana, que norteou a produção do material pedagógico para apoio à dinâmica curricular. Para enriquecer as atividades na telessala foram utilizados, ainda, os telecursos temáticos Tom da Amazônia, Sexualidade – Prazer em Conhecer, Educação à Mesa, Tá na Roda – Uma Conversa sobre Drogas e Aprender a Empreender. (Ascom Agência de Notícias do Acre)

 

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