Estudo de consultoria encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), em parceria com as federações dos Estados do Norte (incluindo a Fieac), mostra que a tão propalada Estrada do Pacífico não é competitiva para alavancar o desenvolvimento da Amazônia. De acordo com a pesquisa, a rodovia, por conta de suas características, aumenta os custos com transporte, e não os reduz.
Apesar de encurtar o caminho das exportações brasileiras para os mercados asiáticos e para a costa oeste americana, a Estrada do Pacífico não é viável e nem segura para o tráfego de grandes caminhões. Segundo o estudo feito pela consultoria Macrologística, a principal potencialidade da rodovia está no turismo, já que ela serpenteia o Peru desde a sua parte amazônica até o litoral, atravessando a cordilheira.
A construção da Estrada do Pacífico é defendida pelo Acre desde o primeiro mandato do ex-governador Jorge Viana (PT). Com a ajuda do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Jorge Viana conseguiu preparar os mais de 300 Km da BR-317 entre Rio Branco e Assis Brasil, localizada na fronteira com o Peru.
Com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, ficou mais fácil para o governo petista acreano concretizar a integração com os portos peruanos do Pacífico. Graças ao governo brasileiro, Lima tem conseguido executar a obra, estimada em quase US$ 2 bilhões.
A inauguração da rodovia está prevista para o final deste ano. Lula e Alan Garcia podem participar da entrega do possível corredor das exportações nacionais. A se confirmar o estudo da CNI, a ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do Acre tenderia a não lograr êxito.
Uma das razões é o fato de o governo petista usar a Estrada do Pacífico como o principal atrativo para que as indústrias instalem suas fi-liais no futuro pólo indus-trial do Estado. Caso os custos para exportar pelo Ocea-no Pacífico, via Acre, venham a estar no mesmo nível ou até mesmo superiores à atual rota pelo Atlântico, investidores não terão a disposição de arriscar seus produtos e bens numa estrada perigosa, como a peruana.
Ainda segundo o levantamento, que faz parte do Projeto Norte Competitivo, as atuais obras de infra-estutura do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) não reduzem os custos com o transporte na Amazônia, o que inviabiliza a competitividade da região. Hoje, a despesa com transporte na Amazônia chega a R$ 17 bilhões por ano.
Uma das conclusões da análise é que mais investimentos sejam realizados na área de hidrovia. Com grandes rios navegáveis boa parte do ano, a Amazônia pouco aproveita este potencial. O uso dos rios como via de circulação de mercadorias está ameaçado pela construção de grandes usinas hidrelétricas na Amazônia, mostra o estudo da CNI.