Mesmo depois de morto o fantasma do extinto Banacre continua a perseguir e tirar o sono de seus ex-funcionários que além de perder o emprego por conta da ação de diretorias desastrosas que causaram grande prejuízo ao governo do Estado. Até o patrimônio juntado a duras penas pelos seus 488 funcionários associados em sua Caixa Beneficente dos Funcionários do Banacre (Caben) acabou sendo vendido para uma imobiliária pelo R$ 1,8 milhão graças a uma operação fraudulenta que está sendo denunciada à justiça.
Indignados, mais de 120 ex-funcionários do Banacre reuniram-se no último final de semana no auditório da Federação do Trabalhadores na Agricultura (Fetacre) onde decidiram entrar na justiça com processo pedindo a restituição da sua antiga sede localizada na rua Antônio da Rocha Viana na Vila Ivonete, patrimônio este que foi vendido sem a autorização dos sócios proprietários “tirados de tempo” através de uma manobra realizada pela diretoria de sua associação, segundo denunciam os reclamantes.
“Nesta assembleia decidimos convocar todos os ex-funcionários do Banacre para que compareçam à reunião que acontecerá às nove horas da manhã do dia 20 de novembro no auditório da Fetacre, aqui em frente ao Sesc do Bosque. Nela os advogados vão apresentar a ação que vão apresentar à justiça e, para isso, cada ex-funcionário deve levar uma xerox da carteira de identidade, CPF, comprovante de endereço e da carteira de trabalho com a página em que foi contratado pelo Banacre”, explicou Emerson Costa Gomes, um dos integrantes da equipe que está coordenando a luta pela recuperação do patrimônio dos ex-funcionários.
Também fazem parte desta comissão os ex-funcionários Carlos Alberto Bourbon, José Carlos de Araújo, José Teixeira Pinto e Francisca Chagas Ferreira da Silva. Qualquer dúvida pode ser esclarecida pelos telefones 8405-7001 ou 9211-5080.
História de desencontro
Reunidos em assembleia geral os ex-funcionários decidiram repassar todos os bens de sua antiga associação para a Caixa Beneficente dos Funcionários do Banacre (Caben) que passou a ser gerenciada pelos 23 servidores remanescentes, com todos os ex-funcionários permanecendo como sócios da entidade. Desde 1974 os funcionários contribuíam financeiramente com sua associação que lhes prestava serviços médico-odontológicos, além de atividades de esporte, lazer e uma creche para seus filhos.
O clube com salão de festa
Durante uma assembleia geral foi proposto que parte do terreno fosse doado para a igreja do Santo Daime, mais conhecida como Barquinha do Manoel Araújo, o que os funcionários aprovaram de boa fé. “Nós concordamos em doar parte do terreno, mas o que a gente não sabia é que a diretoria que nos representava havia negociado e vendido o terreno para a igreja que pagaram sem nunca saber da nossa doação. Contratamos um advogado que preparou toda a papelada, mas adoeceu e morreu em seguida sem entrar com a ação para rever aquela situação”, esclarece Emerson.
Passado algum tempo, segundo denunciaram os presentes à assembleia, a diretoria da Caben desfiliou todos os sócios, sem aviso nem qualquer outra forma de comunicação aos verdadeiros proprietários daquele patrimônio. “Daí venderam o restante do terreno com suas construções para uma imobiliária que teria pago R$ 1,1 milhão em dinheiro, mais três apartamentos no valor estimado de R$ 700 mil, totalizando R$ 1,8 milhão. É esse o patrimônio que vamos recuperar na justiça, pois ele pertence a todos os ex-funcionários do Banacre que trabalharam e contribuíram para sua construção e por isso ele é nosso!” (Assessoria)
Em seu auge o Banco do Estado do Acre chegou a ter 1.562 funcionários que atuavam em agências espalhadas por todos os municípios do Estado, além de Manaus, Belém, Brasília, Fortaleza e Rio de Janeiro e São Paulo. Os malfadados planos econômicos, gestões desastrosas e o uso político faliram a instituição financeira declarada extinta em 1998 quando 465 dos 488 funcionários foram demitidos, restando apenas 23 como liquidantes do patrimônio e dívidas restantes.