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Farmacêuticos divergem opiniões sobre a nova norma e crêem em queda nas vendas

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Os atendentes, balconistas e farmacêuticos de Rio Branco não foram pegos de surpresa, mas certamente não ficaram satisfeitos com a nova norma para a venda de antibióticos. Na parte assistencial, a maioria acredita que as restrições atuais não trarão benefícios à população, enquanto alguns até acham que elas serão positivas, mas se vierem seguidas de uma melhora no sistema público de saúde (com agilidade nas consultas). Já no lado empresarial, é consenso geral que a venda de antibióticos deve sofrer uma forte queda. 

Desde o último domingo (28), as farmácias estão obrigadas a só vender remédios desta natureza sob a apresentação de 2 vias (cópias) da receita médica, na qual 1 é entregue à farmácia e a outra é devolvido ao cliente (carimbada, pra não ser mais usada). A medida foi tomada pela Anvisa, como forma de controlar a forte indústria de antibióticos (que faturou mais de 1,6 bilhão no Brasil em 2009) e prevenir os males da auto-medicação.

A nova norma também estipula que a letra do médico deverá ser legível, os antibióticos devem ficar numa área separada do alcance do público, as receitas valem apenas 10 dias e certos tipos de medicamentos só poderão ser vendidos por um bioquímico (que assina a receita). As farmácias terão até 180 dias (6 meses) para se adaptar, mas desde já estão passíveis de sofrer penas por infringir os pontos principais. O que os farmacêuticos mais criticam é a multa da nova lei, que parte de R$ 2 mil e pode chegar até R$ 1,5 milhão.

Segundo Taygra da Silva Dantas, do setor administrativo da Farmas Taygra, a medida, pelo menos neste início, está gerando desconfortos com os clientes. Isso porque a maior parte da população ainda não conhece tal lei, pede os antibióticos e, diante da negativa, acaba acreditando que é a farmácia que se recusa a vendê-los. A administradora também conta sobre o abalo comercial da restrição. Segundo ela, a loja já está adaptada, porém, só conseguiu vender 1 antibiótico entre todo dia de segunda e a manhã de ontem, sendo que vários clientes já foram impedidos de comprar por não ter as 2 vias da receita.

Quem também narra sobre situações parecidas é a atendente Joelma Araújo,da Drogaria Centro. Ela conta que já deixou de fazer duas vendas por serem de remédios que exigem a assinatura do bioquímico na receita, o que deixou os clientes bem insatisfeitos. Joelma é uma das que crêem que a restrição reduzirá a automedicação descontrolada,no entanto, não deixa de criticar a abrangência rígida a todos os medicamentos antibióticos. “Há até alguns tipos de anti-micóticos que agora exigem receita. Isso é desnecessário”, prega.

Outros 2 atendentes farmacêuticos criticaram totalmente as normas. Eles chegaram até a alegar que elas se tratam de ‘perseguições’ da Anvisa para com as redes de farmácias de médio e menor porte, servindo só para lhes extrair dinheiro com multas pesadas a serem aplicadas por transgressões.“Querem jogar a culpa nas farmácias por coisas que eles não conseguem fazer, como conscientizar pessoas a não se automedicarem”, disse um deles.

Outro também levantou a sua preocupação para com os médicos locais de se mostrarem dispostos a atender suas obrigações com a nova lei (emitir 2 vias, e com letra legível).

Sobre adequação e seguimento às restrições, os entrevistados consentiram que será bem difícil adotar todas as exigências necessárias neste prazo de 6 meses, mas como se trata de uma regra cobrada pelas fiscalizações da Anvisa (que já estão passando pela cidade) elas serão necessárias. Todas deram garantias de que estão seguindo as normas de só vender os antibióticos mediante às 2 vias da receita apresentadas. 

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