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Gerente da UPA diz que paciente morto saiu sem fazer exames laboratoriais

A gerente assistencial da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do 2º Distrito, Dra Ana Bethânia Brito, concedeu entrevista na manhã de ontem para esclarecer o caso de Sergio Garcia Lopes da Silva, 51 anos. Sergio morreu na manhã de terça (2), dentro de um táxi, logo após sair de consulta na referida unidade hospitalar. Segundo a médica, o homem foi atendido com urgência, sendo solicitado que se submetesse ao raio-X e a exames laboratoriais. Ele tirou as radiografias, mas se recusou a fazer os exames, saindo da UPA sem autorização.
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Com o prontuário completo do paciente nas mãos, a gerente assistencial narrou como foi todo o episódio que culminou na morte de Sergio Garcia. Primeiro, a doutora conta que ele deu entrada na UPA às 6h15 da manhã de terça, alegando aos plantonistas que ficam na entrada da unidade que tinha sofrido um acidente dias atrás e estava sentindo ‘fortes’ dores de cabeça, de barriga e febre. Como os recepcionistas são orientados a identificar e encaminhar logo ao atendimento casos com urgência, Sergio seguiu direto para a sala de traumatismo da UPA, sendo atendido e medicado por um médico de plantão às 6h30.

Na consulta, Sergio contou que tinha sofrido queda de uma grande altura há cerca de 2 dias (domingo) e teria batido a cabeça. Como não sentiu nada na hora, ele não procurou o atendimento médico. Na manhã de terça, entretanto, começou a sofrer as dores. Diante do caso, o doutor solicitou que ele tirasse radiografia e fizesse exames laboratoriais para diagnosticá-lo melhor. Ele tirou o raio-X, mas se recusou na hora de se prestar ao exame de sangue. Sergio teria saído e pego um táxi para voltar até sua casa, no bairro Floresta.

“Quando foi chamado aos exames, ele já tinha ido embora. Inclusive, o próprio taxista que o atendeu disse que ele entrou no carro afirmando que não iria esperar por nenhum exame e deu ordem de ir ao bairro. Ao chegar lá, o taxista perguntou onde deixá-lo. Foi quando percebeu que o homem já estava morto e o trouxe de volta até nós. Só que ele chegou aqui já com rigidez cadavérica. Não pudemos fazer nada! Então, chamamos o IML, que realizou a perícia no corpo. Portanto, prestamos todo atendimento possível ao paciente, mas infelizmente ele fugiu. Não houve tempo hábil para tentar salvá-lo”,conta.

Segundo a gerente assistencial, a evasão de pacientes na UPA é um problema constante e muito sério, pois pode dificultar, e muito, em determinados casos onde o tempo é vital para o atendimento. No caso de Sergio, as conseqüências da impaciência foram fatais.

“O paciente precisa passar por todos os procedimentos até ser liberado. Muitos vêm aqui e pedem check up completo de exames e saem sem atendimento. Outros fogem no meio do tratamento. Se este senhor tivesse esperado os exames, não vou dizer que com certeza teria sobrevivido, mas o tratamento poderia ter sido mais eficaz. Se ele tivesse ficado aqui, as circunstâncias teriam sido completamente diferentes”, comenta a doutora.

Apesar de isentar a responsabilidade da UPA, a gerente conta que foi aberta sindicância interna na unidade para verificar se realmente não houve (ou houve) falhas no caso de Sergio Garcia. A investigação apurará se os atendimentos do médico e dos enfermeiros foram os mais adequados e se a condução do paciente foi bem executada. O objetivo é evitar que novos episódios parecidos voltem a se repetir. Para concluir apuração interna, é importante ter o laudo técnico com a causa da morte do IML, que sai em 9 dias.

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