Marcos Correia Magalhães denunciou À GAZETA que a falta de médicos para atender o seu amigo Gerser Roberto Vales Figueiredo no Pronto-Socorro de Rio Branco (Huerb) causou agravamento no estado de saúde e colocou em risco a vida do rapaz. O paciente sofreu um acidente de moto na Via Chico Mendes, na madrugada do domingo retrasado, 14. Ele foi socorrido e deu entrada no PS às 3h33 da manhã daquele dia, em estado grave. Para Marcos, o atendimento de lá teria sido ‘negligente’ e contribuído à piora do amigo.
O amigo Marcos conta que Gerser ficou 3 dias no Huerb e foi encaminhado para a UTI da Fundhacre, onde está até hoje se submetendo à hemodiálise por ter complicações nos rins. O estado do rapaz é bem melhor, porém, os médicos dizem que ele ainda apresenta quadro de instabilidade. Segundo o denunciante, se não ele não tivesse ‘sido vítima das 31 horas de demora’ por causa da ‘falta de médicos’, a sua situação seria bem mais animadora.
Para detalhar o caso, Marcos mostra a denúncia que foi registrada no Ministério Público Estadual, na Promotoria Especializada de Combate à Evasão Fiscal. No documento, ele relata supostas ‘más condutas’ que teriam sido cometidas no trato do amigo acidentado. Marcos narra que foi ao PS às 16h daquele domingo (quando soube do acidente) e ficou até ser expulso, às 23h. Ele voltou às 7h30 do dia seguinte e novamente passou o dia no Huerb. Durante todo este tempo lá é que ele constatou as acusadas ‘irregularidades’.
Entre elas, Marcos destaca que o hospital sabia do quadro grave do amigo (um enfermeiro de lá lhe contou que Gerser estava com coluna fraturada e poderia vir a óbito), mas ‘não o atendeu com urgência’ porque médicos estariam ausentes. Ele também conta que foi informado na manhã do dia 15, pela enfermeira da ala de Traumas, que o quadro de Gerser, sem os cuidados adequados, estava evoluindo para um panorama mais grave.
Diante disso, Marcos decidiu buscar o médico da família do paciente, sendo informado de que poderia fazê-lo. No entanto, chegando lá com o doutor, teriam sido impedidos. Daí, eles começaram uma discussão (gerada por um termo mal interpretado dito à enfermeira) e foram parar até no 1º Distrito Policial. Com o episódio, Marcos conta que a direção do PS foi comunicada e só a partir daí é que o amigo Gerser Vales teria passado a receber o devido atendimento médico, já a mais de 30 horas depois do (grave) acidente de moto.
Marcos detalha, ainda, que durante o tempo que ficou no PS presenciou maus-tratos, foi ‘barrado’ de entrar como acompanhante do amigo e viu outros acidentados direcionados à ala de Traumas na mesma situação (sem médicos). Agora, Marcos espera que o termo prestado ao MPE seja convertido em ação judicial contra o Pronto-Socorro. “Espero que depois de toda esta negligência que aconteceu, eles não fiquem impunes”, desabafou.
Diretor do PS afirma que paciente jamais deixou de ser assistido
Diante da denúncia prestada, o diretor clínico do Huerb, Sidney Rogério Alves Oliveira, afirmou que as acusações não têm procedência, já que Gerser teria tido todo atendimento adequado desde o primeiro instante em que entrou no hospital até a sua saída. Para provar suas palavras, o cirurgião mostrou o prontuário completo do rapaz, com todas as horas em que foi assistido, incluindo observação, ultrassonografias, avaliação, acompanhamento, etc. Ele também foi convicto ao afirmar que se Gerser tivesse passado as tais 31h sem o atendimento certo, é bem provável que o rapaz não tivesse resistido à pancada do acidente.
De acordo com o diretor, logo quando o paciente deu entrada no PS ele já foi encaminhado à cirurgia-geral. Lá, foram tomadas todas as providências necessárias para afastar qualquer risco maior à sua vida. Somente na manhã do domingo, quando já não corria mais chances relevantes de morrer, ele foi encaminhado às 2 demais alas ‘menos emergenciais’ para prosseguir o seu tratamento. Ele foi atendido nelas às 8h da manhã e foi reavaliado 11h30. Ao meio-dia, foi emitido laudo constatando seus reais problemas e a gravidade da sua situação. Às 14h ainda do domingo, ele foi novamente reavaliado.
Já no dia seguinte, segunda (15), Sidney comprova, com o prontuário em mãos, que Gerser passou pela avaliação diária de manhã e foi novamente obervado às 15h da tarde, saindo para a internação, e nova reavaliação às 18h20.
Na terça (16, após a ‘discussão’), Sidney relata que o paciente também foi acompanhado e só foi transferido à UTI quando já não havia possibilidades de vir à óbito. Para finalizar, o diretor esclarece que o caso de Gerser não foi agravado por nenhum tipo de falta de médicos ou atendimento de lá, e sim pela forte pancada sofrida (causadora das suas lesões e que não é levada em conta pela denúncia).