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índios fecham a Funasa e fazem diretor refém

Já cansados de esperar, os cerca de 60 índios que há 28 dias estão acampados em frente ao prédio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), decidiram radicalizar o movimento. Com os corpos pintados com os tradicionais desenhos guerreiros de cada etnia, eles impediram a saída e entrada de funcionários do órgão. A Polícia Militar foi chamada, mas acompanhou a movimentação do lado de fora.
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A tensão maior estava no gabinete do chefe da Funasa no Acre, José Carlos Pereira Lira. Os líderes do movimento afirmaram que só o libertariam após a assinatura de portaria que mudasse a atual direção do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Purus. Não houve ameaças à integridade física de José Carlos.

É no prédio da Funasa que funciona provisoriamente a Câmara Municipal de Rio Branco. Além da imprensa, os servidores do legislativo eram os únicos que tinham permissão para sair. Para mostrar organização, os índios ocuparam locais estratégicos, como corredores, escadas e muros. Esses últimos portavam flechas e lanças.

Aparentando tranqüilidade, José Carlos disse que agora todas as decisões relacionadas à saúde dos índios estão concentradas em Brasília. Com a criação da Secretaria Especial da Saúde Indígena, a Funasa deixa de ter responsabilidade pelo setor. Os líderes do movimento querem que o distrito passe a ser direcionado por um deles. Já há até um nome definido.

O movimento foi encerrado após a garantia de reunião com os procuradores do Ministério Público Federal. O encontro aconteceu no final da tarde de ontem. Segundo os índios, hoje a assistência prestada pelo poder público está em péssimas condições. “O problema não é falta de dinheiro, pois o Governo Federal todos os meses envia milhões [de reais]”, disse Ninawa Huni Kui.

De acordo com ele, o problema acontece desde a falta de atendimentos nas tribos, passando pela escassez de medicamentos até o encaminhamento de um índio doente aos hospitais de Rio Branco. O percalço maior está na Casa do Índio. O local é mantido pela Funasa e tem como objetivo acolher o indígena que estejam na Capital, para intervenções médicas mais graves.

Sem equipamentos e estrutura, muitos dormem no chão por falta de colchões e camas. Não há alimentação diferenciada para a necessidade de cada um – o mesmo prato é servido para hipertensos e diabéticos.

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