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Piscicultura, o grande negócio do Juruá

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A piscosidade do Rio Juruá e seus afluentes, lagos, igarapés e igapós  fundamentou a preferência do morador da região pelo peixe. Com o correr dos anos a população aumentou, aconteceu uma pressão sobre os processos de reprodução diminuindo a reposição dos cardumes nativos, de modo que a piscicultura se tornou uma boa opção econômica.

Desde o ano de 2007, o governo do Estado vem tocando um programa de incentivo à piscicultura no vale do Juruá que já beneficiou produtores da Vila Assis Brasil, Santa Rosa, São Pedro, Ramal da Buritirana, Mariana, Sacado da Alemanha e cuja produção ajuda a equilibrar a oferta de peixe na região, etc. Embora ainda estejam longe de atender a demanda, (o que abre espaço para muita gente entrar no negócio) muitos produtores se deram bem com a atividade.

Um caso bem sucedido é do produtor Francisco Ferreira dos Santos (Chico Branco). Ele tem uma pequena propriedade nas proximidades da Vila Santa Rosa, às margens da AC-307, onde já tem seis tanques produzindo piaus, sua especialidade, embora não descarte, mais à frente, criar tambaqui também. Além dos planos de ampliação, Chico Branco está organizando a estrutura para comercialização na propriedade do peixe vivo, retirado previamente dos açudes e colocado num tanque à espera dos compradores.

Segundo contou, em 2007, recebeu de apoio do governo a capacitação e 14 horas de máquina para ampliar três pequenos poços que já existiam na propriedade. Animado com o resultado inicial, Francisco passou a andar com as próprias pernas; conseguiu financiamentos e foi construindo novos tanques. Além dos seis já produzindo, tem outro quase pronto e admite construir ainda mais um. A partir do momento em que os sete tanques estiverem produzindo, Francisco vai trabalhar com cinco mil alevinos de piau com o qual em dois ciclos (pouco mais de um ano) poderá produzir 10 toneladas de peixe anual.

O filho de Chico Branco, Vanderlei, neste ano se forma na primeira turma de engenharia florestal da UFAC Floresta e ajuda o pai a formatar a propriedade produtiva. Além da criação de peixe, o espaço da propriedade vai sendo ocupada pelos chamados sistemas agroflorestais, onde são plantadas árvores frutíferas e, no meio delas, árvores nobres da floresta num processo de reflorestamento.

Banco da Amazônia financia

Chico Branco está procurando obter junto ao Banco da Amazônia financiamento de custeio para iniciar nova safra de peixes bem como para instalar sua estrutura de comercialização. No fim de semana o gerente do Banco da Amazônia em Cruzeiro do Sul, Edemilson da Silva Souza, foi visitar a propriedade onde pode presenciar uma pequena despesca e avaliar o potencial do local para receber financiamento.

Segundo Edemilson, o Banco da Amazônia trabalha desde 1994 na região, administrando ao longo dos anos o Procera, o Prorural. Hoje o Pronaf é o carro chefe dos investimentos tendo o banco aplicado na agricultura familiar através do Pronaf R$ 4,7 milhões neste ano, um récorde. No setor de piscicultura, segundo Edemilon, o banco tem concedido financiamento para custeio. O banco está fazendo importante trabalho junto à cooperativa de piscicultores de Mâncio Lima, que prepara a documentação de maneira que vários produtores se habilitem a financiamentos.

Outro fato importante segundo Edemilson é que o banco está chegando a lugares onde ainda não havia chegado como os municípios de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo e até mesmo a Ipixuna no Amazonas.

“Como este total de financiamento de R$ 4,7 é composto de valores pequenos a gente está de fato promovendo a distribuição de renda” – comentou Edemilson.

Ele explica que a pessoa interessada em obter financiamento via Pronaf a pessoa deve fazer o cadastro ao Pessoa. “Em Cruzeiro do Sul a gente faz questão – mesmo que o financiamento seja pequeno – de ir à propriedade ou associação e explicar como funciona, as normas do financiamento, etc”. Se o banco achar viável financiar, envia as informações para a Seaprof que faz o projeto e devolve para o banco.

Trabalho precisa avançar

O gerente da Seaprof em Cruzeiro do Sul Valdemir Neto relembra que tudo começou com um projeto tímido junto aos produtores da Vila Assis Brasil. Depois foi ampliado envolvendo vários órgãos, além da Seaprof, como o Deracre, o IMAC, a Gerência de Endemias, o Instituto Dom Moacyr, etc.

“É um trabalho que ainda tem muito que avançar, mas já está mostrando o lado positivo como é o caso do senhor Francisco. É um produtor em que o governo investiu muito pouco, mas um investimento de qualidade na capacitação. Depois, ele mesmo pediu ao governo que o ajudasse a fazer a parte do licenciamento ambiental de sua terra e o assessorasse na obtenção de um financiamento que daí ele poderia andar sozinho. Ele buscou a autonomia e conseguiu”.

Valdemir conta que a piscicultura é atividade com lucro garantido e o principal resultado que se quer com as ações do governo é fazer com que os produtores andem com as próprias pernas, tenham sua autonomia para viver com dignidade sem precisar estar sempre buscando o poder público para ter alguma coisa na vida. (Agência Acre)

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