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Promessa de indenização atrai milhares de ‘soldados da borracha’ do Acre a RO

Atraídos pela promessa de uma ‘gorda’ indenização milhares de ‘soldados da borracha’ estão deixando o Acre com destino a Rondônia. Atendendo o convite do Sindicato dos Soldados da Borracha daquele Estado, os aguerridos velinhos encararam quase 600 quilômetros de estrada, em ônibus pagos por eles, na expectativa de que ficarão milionários a partir de uma ação movida contra o governo norte-americano e a União.

A ação impetrada pela entidade sindical de Rondônia teria como base relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). No documento, a situa-ção dos chamados soldados da  borracha é apontado como exemplo de trabalho escravo, existente graças a inércia do Estado brasileiro. Com base no relatório, o sindicato rondoniense pleiteia, a título de indenização, dois salários mínimos mensais, retroativos de 1940 a 1988.

O principal argumento é de que os Estados Unidos, além de ter sido o principal interessado na produção de borracha neste período, também teria repassado dinheiro ao governo brasileiro para a contratação e o transporte dos nordestinos até a Amazônia. Como prova, são utilizados contratos assinados com as empresas norte-americanas e guardados por muitos soldados da borracha até hoje.

A possibilidade, mesmo que incerta, de fazer jus à indenização está servindo de atrativo para os soldados da borracha acreanos. O problema é que para pleitear a ação, eles têm de se filiar ao Sindicato dos Soldados da Borracha de Rondônia, mediante pagamento de taxa de inscrição de R$ 30,00, mais contribuição mensal de R$ 20,00. Devem ainda arcar com os honorários advocatícios, estabelecidos em 20% sobre o valor da ação.

No Acre, atualmente existem cerca de 6 mil soldados da borracha, sendo que metade deles se concentra no município de Cruzeiro do Sul. As primeiras caravanas com destino ao estado vizinho já começaram a sair. De Senador Guiomard se tem notícias de que duas caravanas já partiram. Uma delas já teria deixado a cidade ontem à noite.

“Isso é caso de polícia”, diz sindicalista acreana
Para a presidente do Sindicato dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Acre, Iracema Cunha de Carvalho, os soldados da borracha acreanos estão sendo alvos de um golpe. Ela promete denunciar o caso à polícia e à Promotoria do Ministério Público Estadual.

“Isso é uma fraude! Este benefício é para todos os Estados, não é necessário que os soldados da borracha se filiem ao sindicato de Rondônia para ingressar com a ação. Eles podem fazer isso aqui mesmo no Acre”, alertou.

Deputada federal promete intervir
A deputada federal, Perpétua Almeida (PCdoB) informou, por telefone, que está acompanhando a questão de perto e vai intervir no sentido de assegurar o que for melhor para os soldados da borracha.

A parlamentar demonstrou preocupação com a forma de atuação do sindicato de Rondônia e prometeu fazer uma consulta jurídica para encaminhar a questão aqui mesmo no Estado.

Tudo vai depender, porém, de uma reunião que ela pretende fazer com os soldados da borracha e seus representantes, para debater o assunto. “Estamos acompanhando e vamos auxiliar no que for necessário”, garantiu.

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