Com frota que ultrapassa os 100 mil veículos, Rio Branco tem na quarta ponte uma das apostas para melhorar seu complicado trânsito na região central e em bairros adjacentes. Com inauguração amanhã, a via será a mais nova alternativa para quem deseja ir de um lado para outro da cidade, deixando mais leve o tráfego nas pontes do Centro.
De acordo com Marcos Lourenço, chefe da Engenharia de Tráfego do Detran, o complexo viário será útil principalmente para os condutores que estão no Segundo Distrito e desejam chegar aos bairros do Bosque e Aviário. Estes dois bairros passaram a receber nos últimos anos parte do comércio e órgãos públicos.
Para chegar a esta região, os motoristas não mais necessitarão cruzar o Centro. Como a ponte Governador Wanderley Dantas é hoje a única opção para quem deseja fazer este trajeto, as ruas e avenidas centrais concentram engarrafamentos quilométricos. O Detran ainda não tem uma estimativa de quantos veículos vão circular pela quarta ponte todos os dias.
“Nós só vamos ter esse número quando os motoristas se adaptarem a usar esta nova alternativa, o que pode acontecer em um ou dois meses”, disse o engenheiro. Com a nova via, o trânsito na Avenida Ceará próximo aos bairros Cadeia Velha e Habitasa será alterado.
Algumas ruas passam a ter sentido único. Semáforos serão instalados nos cruzamentos entre a Ceará e a rua Pará. O retorno por onde passam os ônibus saídos do Terminal Urbano também passa a ter sinalização eletrônica. Para auxiliar os motoristas, o Detran manterá agentes para orientações. Com a quarta ponte, Rio Branco passa a ter seu primeiro viaduto. Parte da ponte passa sobre a Rua Epaminondas Jácome.
Vizinha da quarta ponte, moradora tem a sua casa comprometida por rachaduras
FABIO PONTES
Distante poucos metros da quarta ponte, a casa da pen-sionista Ilda Ribeiro, 60 anos, a cada dia tem a sua estrutura comprometida por rachaduras. Para ela, não há dúvidas: o problema é conseqüência da nova via construída. Moradora do bairro Cadeira Velha há quase 4 décadas, Ilda afirma que nem mesmo o sobe e desce do Rio Acre colocou em risco a sua moradia.
Ilda não foi incluída na lista de imóveis do Deracre (órgão estadual responsável pela obra) que precisariam ser removidos e receber indenização. O Deracre foi procurado pelos parentes de Ilda depois que as rachaduras surgiram. Engenheiros foram ao local e comprovaram a anomalia.
Localizada na rua principal da Cadeia Velha – a Epaminondas Jácome – e a poucos minutos do Centro, a casa foi avaliada em R$ 42 mil pelo órgão. O valor não foi aceito: a família exigiu R$ 65 mil. Após muitas negociações, a indenização ficou em R$ 50 mil. Passados 4 meses, o dinheiro não foi liberado.
Sem ter um local para ir, Ilda, que passa a maior parte do dia sozinha, convive com o risco de ver a casa desabar. O problema, segundo os familiares, tem deixado a pensionista em depressão e a saúde debilitada. No Deracre, a família passa por uma peregrinação de gabinete em gabinete na busca de uma solução. “Eles estão empurrando com a barriga”, diz a sobrinha Rosieneide Ri beiro.
Com o valor a ser pago, Ilda só conseguiu encontrar imóveis em bairros bem distantes do Centro. Quando encontrados, perdiam a chance de comprar por não ter o dinheiro em mãos. De acordo com o Deracre, o pagamento da indenização foi liberado na quarta-feira (24).