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Gabriel Forneck: um jovem político na prefeitura da Capital

Quem costuma reclamar que a política acreana não tem gerado novas lideranças deve mudar de opinião. Um exemplo é o atual momento da Prefeitura de Rio Branco. Com a viagem de Raimundo Angelim (PT) até a próxima terça-feira (dia 23) o prefeito interino é o vereador Gabriel Forneck (PT) de 26 anos. É o mais jovem político a assumir a prefeitura na sua história.
Gabriel-prefeito
O jovem político assumiu o executivo por uma semana. Uma experiência que sem dúvida marcará a carreira de um jovem sociólogo que se projeta como uma possível nova liderança à política acreana. O vereador que já trabalhou nos governos de Jorge Viana (PT), de Binho Marques (PT) e do próprio prefeito Angelim, com essa experiência, acumulará um currículo invejável para a sua idade.

Numa entrevista exclusiva A GAZETA, o prefeito interino, faz uma análise do atual momento político no Estado. Os problemas que a prefeitura tem enfrentado e, sobretudo, as perspectivas para as novas gerações que pretendem tomar nas mãos o futuro político e administrativo do Acre.

Avaliação da atual Câmara Municipal
Indagado sobre a atuação da atual legislatura que alguns setores da sociedade consideram que deixa a desejar Gabriel defende os colegas vereadores. “A atual Câmara é diferente das outras. Os debates acalorados que a imprensa cobria realmente tem faltado. Porém a gente tem enfrentado os problemas.

 Nas legislaturas passadas os vereadores não recebiam ninguém quando havia greves e movimentos como o dos mototaxistas. Nós estamos presentes em todos os debates”, defendeu.

Gabriel também comenta outras ações importantes dos vereadores. “A questão dos nossos funcionários públicos de Rio Branco passamos dois meses discutindo com a prefeitura para entrar num acordo que fosse melhor para todos. A atual Câmara vai para o debate com o prefeito Angelim apesar da sua maioria folgada de 10 dos 14 vereadores. Nós reivindicamos quando achamos que as coisas não estão corretas e podem ser melhoradas. Além disso, muitos vereadores trabalham nos bairros, mas não divulgam. Nós temos que apresentar os resultados para a população ver senão fica a impressão que a Câmara não está trabalhando”, argumentou.  

A atual gestão municipal
Gabriel Forneck não se furtou em analisar a atual gestão administrativa da prefeitura municipal e pregou mudanças. “Já fui secretário de juventude do Angelim. E vejo que no seu segundo mandato tivemos alguns problemas que não estavam previstos principalmente no aspecto econômico. Com a crise o Governo Federal teve que tomar algumas decisões para garantir o crescimento da economia e os municípios sofreram. Nós estamos com um déficit de R$ 19 milhões de repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O prefeito tinha um planejamento que teve de mudar. Mas acho que a gente deve dar também algumas mexidas e, agora, é o momento”, apregoou.

O prefeito em exercício sugere mudanças. “Nós estávamos com o presidente Lula (PT) e o governador Binho trabalhando num ritmo muito acelerado. Mas agora com a companheira Dilma Rousseff (PT) na presidência e o governador eleito Tião Viana (PT) a prefeitura precisará se adaptar ao novo ritmo que será adotado. No próximo ano a prefeitura vai fazer intervenções em 12 bairros com serviços de pavimentação, drenagem, calçamento e água tratada para essas comunidades. Terá muita atividade acontecendo que estão aprovados no PAC 2. Será natural uma reforma de secretariado para termos um time bem engrenado”, vaticinou.

A disputa pela prefeitura da Capital
Muito se fala nos meios políticos do favoritismo da oposição para ganhar a prefeitura de Rio Branco no pleito de 2012. Gabriel discorda. “Creio que nós temos condições reais de ganhar as próximas eleições. Foi passado um recado para FPA de que deveríamos reavaliar como estamos trabalhando. Isso não quer dizer que estamos errados, mas alguns pontos devem ser revistos. A gente adequando as nossas equipes conseguiremos chegar à vitória. A oposição por conta do resultado da eleição 2010 está dizendo que já ganhou a prefeitura, mas a campanha nem começou e há muito tempo para se trabalhar mesmo sem saber ainda quem será o nosso candidato”, garantiu.

Os principais problemas de Rio Branco
Apesar de pouco tempo a frente do executivo municipal, Gabriel Forneck, fala sem titu-bear sobre os problemas mais agudos da Capital. “A dengue é o mais sério. É um fato assumido pela prefeitura e o Governo do Estado. Infelizmente estamos em sexto lugar no ranking nacional de maiores índices da doença entre os municípios do Brasil. Estamos lutando há seis anos contra o mosquito. Temos que fazer uma grande campanha, inclusive, no período do verão junto com a população, os agentes políticos e os empresários para que possamos tentar acabar com a dengue. A prefeitura tem feito os seus investimentos e recebido recursos do Governo Federal e apoio do Governo do Estado, mas não está conseguindo atingir as suas metas. Os investimentos não estão surtindo efeito desejado”, preveniu.

O jovem vereador também entende que o transporte coletivo está deixando a desejar. “Estamos levando a sério a questão do transporte púbico. O Angelim está na Justiça cobrando das empresas que cumpram com tudo que já estava acordado em relação à frota e as outorgas que deixaram de pagar que são valores significativos para os cofres da prefeitura. É preciso dar qualidade aos usuários porque temos ônibus que vivem quebrando”, protestou.

Também a situação das vias públicas é preocupante. “O Angelim já fez muito e não se pode negar. Em quatro anos foram 120 Km de ruas asfaltados. Se for juntado tudo que os outros prefeitos fizeram chegaram a apenas 98 Km. Esperamos que com o plano de governo do Tião Viana dos quais o Angelim terá dois anos participando e com os investimentos do PAC teremos condições de chegar a quase 100% das ruas e com o saneamento básico que gera transtorno para a população”, afirmou.

Resultado da eleição
A oposição ganhou em Rio Branco. Indagado sobre as responsabilidades, Forneck, respondeu: “não se pode creditar a derrota na Capital ao trabalho da prefeitura. Foram vários fatores que contribuíram que servirão para que possamos avaliar melhor o nosso desempenho. Devido às interferên-cias que estão sendo feitas na cidade e a não conclusão de algumas obras no período eleitoral. As pessoas estão cansadas de termos 75% dos bairros que não são legalizados e por isso a prefeitura não pode agir por questões de Justiça. Às vezes acham que nós não queremos trabalhar. Isso não é verdade. As pessoas deram votos para dar um alerta para que os benefícios cheguem às suas portas. Estamos fazendo regularização fundiária e temos 198 bairros que precisam ser legalizados. É um processo que será resolvido nos próximos 15 anos”, previu.  

Novas lideranças
Em relação ao surgimento de novas lideranças políticas no Estado, Forneck, analisa: “o PT já vem se preocupando com a renovação dos seus quadros desde que o governador Jorge Viana (PT) assumiu o Estado. André Kamai e Leonardo Brito são exemplos além de tantos outros jovens que começaram a ser lapidados na gestão do Jorge. A FPA está preparando novas lideranças e dando novas missões para que futuramente a gente possa assumir coisas maiores. Mas não tenho visto isso na oposição. Isso é ruim para a política do nosso Estado. Dou o exemplo do vereador Rodrigo Pinto (PMDB) que batalhou tanto pela sua candidatura ao Governo e acabou sendo cortado pela ala antiga do seu partido. Foi uma pena porque o Rodrigo queria mostrar o seu trabalho, mas os mais experientes não deixaram a juventude colocar a sua voz para a população ouvir”, finalizou. 

 

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