Após encontro, Leonardo de Brito falou sobre assuntos que foram tratados no encontro como o cenário da política local e nacional
O Governador eleito do Acre, Tião Viana, cumpriu sua promessa e já no dia seguinte à eleição de Dilma Rousseff para presidente do Brasil, deu início ao processo de transição de mandato no âmbito do Governo Estadual. Em seu gabinete em Rio Branco, já esteve reunido com deputados estaduais eleitos, dirigentes partidários, gestores e representantes de diversos setores da sociedade. Na pauta dos encontros, sugestões e propostas para dar continuidade ao 4º ano de mandato da Frente Popular do Acre, identificando falhas, acertos e apontando possíveis soluções. Uma das lideranças recebidas por Tião Viana foi o Presidente do Partido dos Trabalhadores, Leonardo de Brito. “É preciso manter o diálogo aberto para que possamos avançar”, afirmou o governador eleito.
Para Leonardo, o partido sai fortalecido do pleito eleitoral deste ano. “Nunca antes o PT havia administrado um estado sequer por três mandatos seguidos, quanto mais, chegar a um quarto”, avaliou em entrevista após reunião com o governador Tião Viana.
Leia a íntegra da entrevista:
Léo, o Partido dos Trabalhadores juntamente com os demais partidos da Frente Popular do Acre caminha para sua quarta gestão consecutiva à frente do Governo do Estado. Antes de falarmos de futuro, qual retrospectiva você faz desses 12 anos de mandato, sendo 8 com o Jorge Viana e 4 com Binho Marques, para chegarmos ao Acre de hoje?
A vitória que tivemos na eleição deste ano é histórica. Nunca antes o PT havia administrado um estado sequer por 3 mandatos seguidos, quanto mais, chegar a um quarto. Em uma circunstância como essa, o desgaste é muito grande, mas tivemos êxito nas urnas. É evidente que o legado deixado pelos governos de Jorge Viana e Binho Marques foi fundamental pra isso. O Acre é um grande exemplo de como uma boa gestão pode trazer mudanças significativas na vida das pessoas. Os resultados estão aí, nas melhorias salariais do servidor público, na melhor qualidade da educação, na geração de trabalho e renda, no incremento à industrialização, em programas habitacionais, mas sobretudo, no modo diferente de tratar o desenvolvimento econômico e social, respeitando o meio ambiente.
As grandes lideranças políticas do Acre, como o senador eleito e ex-governador Jorge Viana, destacam que o diferencial da Frente Popular é a união. Qual o segredo para manutenção dessa união que congrega diversas matize?
A Frente Popular é forte porque é diversa. É uma aliança de centro-esquerda, muito importante para a governabilidade e para a implementação do nosso programa de desenvolvimento sustentável. É esse programa que une os diversos partidos, assim como a compreensão dos maiores partido, como é o caso do PT, de que para governar e disputar o debate ideológico na sociedade é fundamental compartilhar poder. A unidade da Frente Popular é fundamental para o sucesso da nossa trajetória e isso deve sempre estar na pauta dos dirigentes e lideranças políticas da aliança, sobretudo neste momento em que as urnas nos deram recados importantes.
Um fato curioso que desperta discussões e até interesse de grandes veículos de comunicação do Brasil é que no cenário eleitoral deste ano, a Frente Popular venceu a disputa para Governo do Estado, no entanto, para presidente, quem obteve maior número de votos no Acre foi o candidato da oposição, José Serra. Como explicar isso?
De fato, essa é uma pergunta difícil de explicar. As razões de um voto são as mais variadas possíveis. Vão desde a afinidade ou não com candidatos, ao protesto contra determinadas ações ou posições políticas ou até mesmo a desinformação. Ainda não fizemos análises mais profundas sobre o assunto, mas o certo é que historicamente sempre tivemos dificuldades nas eleições presidenciais no Acre, contudo, o resultado desta, em especial é atípico. O governo do PT, com Lula, foi o que mais investiu no Acre. Mas o eleitor com sua vontade soberana não optou pela continuidade. Certamente, erramos na política e não podemos mais cair nos mesmos erros.
Você acredita, como alguns dizem, que o Acre terá dificuldades com o governo da presidente Dilma após a derrota da candidata nas urnas aqui no Estado? Como deve se pautar essa relação para os próximos 4 anos?
A tendência natural seria crer que teremos dificuldades, mas alguns fatores me levam a crer que não. O primeiro deles diz respeito ao sucesso das nossas gestões do ponto de vista dos resultados. O governo federal sabe disso. Investir no Acre dá resultados. Segundo, o alto grau de respeitabilidade do futuro governador Tião Viana, que assim como Jorge e Binho, goza de grande credibilidade junto ao nosso governo federal. Terceiro, pelos compromissos assumidos pela nossa presidenta Dilma, em erradicar a miséria, reduzir as desigualdades regionais e cumprir com as metas ambientais assumidas pelo Brasil em Copenhague, como a redução em 80% do desmatamento da Amazônia. Nesse sentido a intensificação das políticas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e do Acre assume um papel importante. Por último, a ampliação cada vez maior das relações do Brasil com a Ásia, sobretudo com a China. E nesse contexto, temos o Acre como estado exportador, por meio da implantação da ZPE. Em síntese, o Acre tem um bom projeto. Creio que nossa presidenta Dilma vai olhar com bons olhos pra isso, em um dos 5 estados governados pelo PT no Brasil e o único na Amazônia.
Você esteve reunido com o governador eleito do Acre, Tião Viana. Quais os rumos políticos você acredita que devem ser tomados pelo governo estadual? Quais ações são consideradas estratégicas nesse momento para essa área?
Assim como a nossa presidenta Dilma, o nosso governador eleito definiu a saúde, a segurança e os investimentos na microeconomia como temas prioritários nesse momento. A ideia é ir a fundo naquilo que já está sendo feito pelo governo Binho, avançando. Essa é a tônica, da continuidade, sem continuísmo. Tião Viana, assim como Jorge e Binho, dará o seu toque pessoal ao governo. Nesse governo, a participação dos partidos e da sociedade terá um papel central. Fiz um elogio à forma como vem sendo conduzida a transição.
O governador eleito Tião Viana sempre faz questão de ressaltar que nesses 12 anos foram muitos investimentos. O Acre, segundo pesquisa do IPEA, foi o Estado onde a diferença dos ricos para os mais pobres foi a que mais caiu no período de 1996 a 2007. Algo em torno de 13%, enquanto em São Paulo, o índice foi de 1,3%. Esse é só um exemplo. Para ele, o momento agora é ampliar a participação social dentro das prioridades de governo. Como seria esse processo?
A marca de qualquer governo do PT deve ser a inclusão e a participação social. Os dados do IPEA são animadores, mas não podemos deixar de considerar que muito ainda há de ser feito. O governo Binho iniciou o processo de empoderamento comunitário. Com Tião, isso será aprofundado. O resultado disso é o melhor possível: uma sociedade que governa junto. Isso só será possível com a abertura de espaços permanentes de participação dos movimentos sociais e do próprio cidadão. Uma maior valorização do servidor pelos gestores será decisiva. Os partidos políticos também terão um papel importante nesse processo.
(Assessoria)