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Aposentado morre de dengue hemorrágica

O Acre registrou a primeira vítima de dengue hemorrágica neste mais recente surto da doença no Estado. Gerson Bacelar Rodrigues, de 83 anos, policial federal aposentado, morreu às 19 horas de segunda-feira, 20, no Hospital Santa Juliana, onde a esposa, Ida Carmem,73 anos, continua internada também com dengue.
Morte-de-Dengue
A Declaração de Óbito não deixa dúvidas de que Gerson Rodrigues morreu em decorrência de dengue hemorrágica, segundo revela a família. Morador do bairro Cadeia Velha, o aposentado era uma pessoa zelosa com a sua casa, garante o filho, Sandro Bacelar. O que teria causado sua doença é a suspeita de que na Casa do Estudante havia criadouros.

“Suspeitamos que o foco que contaminou meu pai estava na Casa do Estudante, próxima ao seu lar”, afirmou. Gerson Rodrigues era um idoso saudável, com disposição física acima da média para a idade, apontam os amigos e familiares. Ele tinha 7 filhos, entre os quais Carlos Bacelar, que é diretor do Instituto de Identificação do Acre, da Secretaria de Segurança Púlica.

Os primeiros sintomas da doença apareceram na quinta-feira passada, 17, quando o casal confirmou a doença mediante exame de sangue.  A internação para tratamento ocorreu no mesmo dia. No sábado, o estado  de Gerson se agravou e ele foi transferido para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) onde permaneceu até à noite de segunda, quando veio a óbito.

No velório, realizado na Capela São João Batista, os filhos reuniam forças para comunicar a morte à viúva. Por infeliz coincidência do destino, o casal tinha férias programadas para este final de ano. A viagem era para Natal (RN), com embarque programado para esta semana. Com Gerson, aumenta para sete o número de pessoas que já morreram com dengue no Estado, nos últimos 5 anos.

Carlos Lourenço, cunhado da vítima, demonstra preocupação com a grande incidência da doença da Capital. “O que nos preocupa é que o inverno está apenas iniciando, imagine o que não vai acontecer em janeiro, fevereiro, do ano que vem quando as chuvas se intensificarem”, questiona. O corpo do aposentado foi enterrado no final da tarde de ontem, 21, no Cemitério São João Batista.

Caso só será confirmado após investigação, diz Pascal Khalil  
Apesar da Declaração de Óbito de Gerson Bacelar atestar como causa morte choque distributivo decorrente de dengue hemorrágica, o secretário municipal de Saúde, Pascal Khalil, informou que para efeitos de estatística o caso só será assim considerado ao final do processo de investigação.

Segundo ele, informações preliminares apontam suspeitas de que o paciente também pode ter sido vítima de hepatite ou leptospirose. “Para nós não faz diferença, dengue ou leptospirose são doenças que podiam ter sido evitadas, somente a investigação vai definir qual a real causa da morte”, observa. Se confirmado, esse será o 1º caso de dengue hemorrágica registrado em 2010 e o quinto na soma geral. 

Dengue fecha semana passada com 1.112 notificações e secretário confirma epidemia
PASCAL-KALIL-1--FPelo terceiro ano consecutivo, a população da cidade se descuidou e os surtos de dengue se fortaleceram num sério quadro epidemiológico. Ao todo, dezembro já totaliza mais de 2.500 notificações, um quadro que geralmente só se via em janeiro ou fevereiro. Após começar o mês à beira de uma epidemia, com 848 notificações na 48ª semana epidemiológica (de 28/11 a 4/12), a si-tuação se agravou ainda mais. De fato, foram 1.011 casos noticiados na semana 49 (de 5 a 11/12) e mais 1.112 na semana passada, a 50ª (de 12 a 18/12) do ano.

Com tais valores, a dengue já soma mais de 34 mil notificações neste ano, só em Rio Branco. Tal montante é 74,3% (14,5 mil) maior que o total de 2009. E isso não é tudo! Outros fatores preocupantes para 2011 são: a presença maciça de focos do mosquito espalhados por vários bairros da Capital, as chances de casos mais graves junto à população e a tendência das epidemias atingirem seu clímax entre o fim de janeiro e início de fevereiro.

Diante desta conjuntura, o secretário municipal de Saúde, Pascal Khalil, confirmou que a dengue já atravessa um grave status de epidemia. Isto é, a infestação da doença já é ampla e disseminada pela cidade, além de trazer indicativos de riscos maiores. Para conter tais riscos, Pascal conta que a prefeitura vem ampliando suas ações preventivas desde o mês passado. Agora, com epidemia já instalada, o foco passa também ao sentido mais combativo.

“A dengue vem em ascendência desde outubro. No momento, nossa situação já é grave quanto ao número de casos. E é provável que tal quadro cresça ainda mais em janeiro e fevereiro. Portanto, o que devemos fazer é impedir ao máximo este aumento. A epidemia do começo do ano chegou a 2.005 notificações numa semana. Se não agirmos, esta nova epidemia poderá atingir até 3 ou 4 mil casos semanais”, pregou Pascal Khalil.     

Entre as contramedidas adotadas, a prefeitura ampliará o atendimento no posto Barral y Barral a partir de hoje (exclusivo para tratar e identificar casos de dengue), disporá de mais agentes de endemias (a Semsa tem 100 efetivos e 55 recém-contratados pelo Pró-saúde, e deve contar em breve com mais 40 do Pró-Saúde e 150 dos novos convocados), instalará mais telas de proteção nas caixas d’água da cidade, aumentará a disseminação do fumacê, mobilizará mais escolas, entidades públicas e civis, entre várias outras ações.

As ações serão feitas em toda a cidade, mas as prioridades são os bairros com maiores incidências da doença. Tais como o Cadeia Velha, Conquista, Universitário, Tancredo Neves, Seis de Agosto, Santa Inês e parte do Segundo Distrito, do Bosque e do Centro.

Para finalizar, o secretário mais uma vez apelou para que a população tome os cuidados básicos para ajudar a frear o ritmo acelerado do Aedes aegypti. Entre tais cuidados, ele destaca: fechar sempre caixas d’água, não deixar outros tipos de recipientes menores de água (vasos, garrafas, pneus, etc) expostos a céu aberto, cuidar da limpeza do quintal de casa e permitir a entrada dos agentes de endemias nas visitas de prevenção.  

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