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Atleta que está atravessando o país correndo passa o Natal em Rio Branco

Até qual limite um homem é capaz de ir para ajudar a salvar vidas? Antes de responder a pergunta vale à pena conferir a história do ultramaratonista Carlos Roberto Lima Dias. Pra arrecadar fundos ao hospital do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), o atleta paulistano decidiu partir numa jornada de esperança e fazer o que nenhum ser vivo jamais conseguiu antes. No projeto Passos Solidários, Carlos pretende dar uma volta completa por todo território nacional, percorrendo 18.250 Km em apenas 365 dias para levar a mensagem de que as pessoas podem sempre ajudar umas às outras.
Atleta-correndo
Há exatos 92 dias, quando o calendário marcava 24 de setembro, Carlos Dias partiu de São Paulo com nada mais do que a sua mochila e um organizado roteiro de curso. Desde então, o ultramaratonista – categoria daquele que corre mais de 50 Km numa prova, isto é, acima do maratonista – transcorreu mais de 4.280 Km (23,45% do total da sua meta), finalmente chegando na outra ponta do país, mais precisamente na capital acreana.

Aqui, ele passará o Natal pela 1ª vez longe de sua família e recuperará a musculatura do seu corpo, hospedado no Hotel Terra Verde, Centro da cidade, ao lado da Galeria Meta. Logo depois, Carlos Dias partirá pra cumprir esta que já é a maior proeza da sua carreira. Seu ritmo tem sido de, em média, 50 Km percorridos por dia. Contudo, ele conta que já correu mais de 90 Km/dia para conseguir chegar a um lugar melhor para dormir e/ ou mesmo para ficar mais tempo descansando (a exemplo do que faz agora em Rio Branco).

Na bolsa, ele carrega seu inseparável netbook, saco de dormir, garrafas squeeze, câmera fotográfica e gravadora para recordar suas aventuras, uma clássica bandeira do Brasil (na qual coleta assinaturas de quem o ajuda), entre outros apetrechos de longas caminhadas. Já o seu roteiro de curso aponta toda trajetória a ser cumprida, marcando desde o tempo certo para cumpri-las até as paradas mais apropriadas em cada lugar (tudo esquematizado num mapa durante mais de 6 meses).

De acordo com Carlos Dias, o grande propósito do ‘Passos Solidários’ é difundir a sua missão em todos os cantos do país, sensibilizando as pessoas que queiram ajudar não a ele, mas sim ao trabalho que a Graacc de São Paulo faz para atender e tratar de mais de 2,5 mil jovens e crianças por mês com um problema de saúde tão grave quanto o câncer.

“A minha volta ao redor do país não é voltada a bater nenhum recorde, não visa nenhum ganho pessoal, fama ou nada desta natureza. O único objetivo de todo o meu esforço é fazer com que as pes-soas resgatem o melhor que há dentro de si e ajudem a Graacc, uma entidade respeitável e bastante atuante, a conseguir inaugurar o seu centro de tratamento com toda a estrutura de exames e remédios ao pleno funcionamento. Ou seja, o projeto é uma ferramenta para ajudar no tratamento ao câncer daquelas crianças e jovens”, disse.   

Para cumprir isto, o ultramaratonista ‘vende’ todos os quilômetros que corre na internet, através de seu blog: www. claudiodias ultra. com – que relata toda a sua jornada. Cada 1 quilomêtro custa apenas R$ 2,00. Até agora, infelizmente Carlos Dias conseguiu vender apenas 670 Km (equivalentes a R$ 1.340), isto é, ele ainda está com mais de 3.600 Km de saldo em relação ao que já caminhou até este ponto da sua tarefa.

O dinheiro arrecadado com a venda dos quilômetros será totalmente convertido para a Graacc quando Carlos Dias concluir o trajeto de 18.250 Km, o que está previsto para ser no dia 24 de setembro de 2011 (1 ano desde que ele começou a correr). Para se certificar de que as verbas dos quilômetros estão mesmo sendo armazenadas de forma segura à Graacc, a compra pode ser feita por meio do webmecanismo PagSeguro.

Como ele financia toda via-gem? É difícil passar 1 ano correndo país afora, mas quando se é alguém com tão poucas necessidades quanto Carlos Dias a tarefa se torna um pouco mais fácil. Os tênis são financiados pela sua patrocinadora, a empresa de calçados Croc Tegma Logistica. Ele também recebe ajuda da maior feira nacional de Esporte e de Turismo Aventureiro, a Adventures Sports Fairs. No mais, o atleta consegue refeições e hospedagem em hotéis e restaurantes que apóiam a sua iniciativa, por aonde ele passa.

Conheça mais sobre a vida do corredor
Nascido em São Bernardo dos Campos, com 37 anos – dos quais 17 foram dedicados ao Atletismo – de vida, Carlos Dias ainda está no auge da sua forma física. Ele poderia usar de todo o seu preparo, inclusive, para entrar em competições esportivas e tentar obter os prêmios em dinheiro, medalhas, troféus ou outros ornatos de méritos pessoais. Ao invés disso, ele prefere sair em jornadas como a do ‘Passos Solidários’, para trazer vantagens para quem realmente precisa. E esta não é a primeira vez que ele corre um país pra isso!

Desde 2008, o ultramaratonista se desligou um pouco das disputas de grandes provas de maratonas nacionais para se engajar em seus projetos sociais. Centrado nisso, o atleta brasileiríssimo já percorreu as tortuosas vias da China em 2008 e atravessou as gélidas estradas dos EUA em 2009 (correndo mais de 3,2 mil milhas, ou 5.120 Km, entre São Francisco, Califórnia, até a cidade de Nova Iorque, estado homônimo, em 59 dias).

Outro dos grandes feitos do esportista foi cruzar só com suas pernas os 4 desertos mais inóspitos do planeta: Gobi/China, Sahara/Egito, Antártida/Pólo Sul e Atacama/Chile.
Quer saber se ele se arrepende de ter trocado de foco no seu esporte amado? Sem hesitar, Carlos Dias responde com um ‘Não’ firme! Para ele, a satisfação em correr para ajudar os outros é incomparavelmente melhor e mais motivadora do que quando se corre pra si.

“Nesta minha missão atual, fico bastante cansado. O caminho é longo e nem sempre dá para se recuperar direito. Mas aí eu lembro da razão de estar fazendo isso. Das crianças que eu ajudarei no final disso tudo. Acho que é daí que me vem mais inspiração. O meu corpo fica exausto, mas minha mente se mantém forte para continuar correndo no dia seguinte. Nestes 3 meses de jornada, o que mais aprendi foi que, apesar de tudo de ruim que é dito, ainda há muita gente que têm boa índole e vontade de ajudar o próximo. Para mim, constatar isso tem sido um dos pontos mais gratificantes da viagem”, finaliza.    

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