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Binho entrega ponte sobre o Rio Purus e critica oposição

A poucos dias de deixar o Palácio Rio Branco, o governador Binho Marques participou ontem da solenidade de entrega das obras de construção da ponte sobre o Rio Purus, na BR-364. Acompanhado de parte de seu secretariado e deputados da base de sustentação na Assembléia Legislativa, ele fez uma síntese de seu governo, falou sobre o momento econômico por que o Acre passa e criticou a oposição.
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Binho Marques também defendeu seu colega de partido e antecessor, o senador eleito Jorge Viana. Binho classificou como “injustiça” as ações movidas pela Procuradora Eleitoral, que pede a cassação da candidatura de Jorge por suposta compra de votos e abuso de poder econômico. “O povo acreano defenderá nosso eterno governador”, declarou.

Binho destacou o ambiente político em que sai do governo. Para ele, não é comum governos chegarem com a mesma estrutura encontrada e deixando para o sucessor a máquina equilibrada. Binho disse que sai do governo com a sensação do dever cumprido. “Fomos um governo que começamos com muita dúvida sobre nossa capacidade”. À frente do governo nos últimos anos, o petista afirmou também ter aprendido a fazer um pouco mais de político.

Mais gestor do que político, o governador deixou as negocia-ções políticas com deputados e movimentos sociais aos cuidados de seus assessores diretos. No discurso, Binho falou sobre a atuação da Assembléia Legislativa durante sua gestão. Agradeceu o apoio da grande maioria dos paramentares da base que contribuíram para os projetos de interesse do governo ser aprovados sem dificuldades.

A oposição foi criticada por, segundo o petista, sempre torcer para que investimentos palacianos caíssem no fracasso. Como exemplo ele citou a ponte sobre o Rio Caeté, também na BR-364. A ponte teve sua estrutura ameaçada depois de rachaduras que surgiram. “Eles [a oposição] torciam para que a ponte caísse.”

Mas as dificuldades foram encontradas por Binho também dentro de setores do próprio governo Luiz Inácio Lula da Silva. Binho revelou que a futura ministra do Planejamento na gestão Dilma Rousseff, Miriam Belchior, foi contrária à liberação de recursos para a construção das pontes a partir dos modelos apresentados pelo Acre.

Coordenadora do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), Belchior achava desnecessária pontes como as planejadas pelo governo Binho Marques no meio da Floresta Amazônica. Segundo o governador, Lula deu broncas em Belchior e disse: “Por que só os paulistas podem ter uma ponte estaiada?

Quanto ao campo econômico, ele destacou o avanço obtido no crescimento do PIB (Produtor Interno Bruto) do Acre nos últimos, que representa a soma de todas as riquezas geradas pelo Estado. “Fomos o sexto Estado em crescimento do PIB em 2009”, ponderou.

Esse desenvolvimento, continuou, se deu à medida que o Acre também conseguiu reduzir seus índices de desmatamento. “O Acre cresceu no período que atingimos os níveis mais baixos de desmatamento. Então hoje não existe mais contradição entre a obra da BR-364 e o nosso projeto de desenvolvimento sustentável”.

Com a presença das principais lideranças petistas, o evento também serviu para enaltecer os feitos do governo da Frente Popular nos últimos anos. Falando pela primeira vez já como senador, o ex-secretário de Comunicação, Aníbal Diniz, disse que os avanços conquistados pelo Acre só foram possíveis graças ao empenho e determinação do governo do Partido dos Trabalhadores.

A  ponte
Construída sobre um dos principais rios da bacia hidrográfica acreana, a ponte teve um custo de R$ 46 milhões, dinheiro este proveniente do PAC. É a segunda maior ponte da BR-364 – atrás somente da do Rio Juruá – e tira definitivamente a cidade de Manuel Urbano do isolamento.

Com boa parte do trecho Sena Madureira/Manuel Urbano em fase final de pavimentação, o Deracre (Departamento de Estradas e Rodagens do Acre) manterá equipes para manutenção do trecho não asfaltado para garantir a trafegabilidade mesmo no período de chuvas.

Com uma extensão de 477 metros por 12,8 de largura, a ponte consumiu 65.000 sacas de cimento e mais de uma tonelada de aço. Odisseia, integração, desenvolvimento e liberdade foram algumas das palavras usadas pelos membros do governo que falaram no discurso oficial.

De acordo com o prefeito de Manuel Urbano, Francisco Mendes, a ponte é um símbolo do fim de um isolamento que custa caro em todos os sentidos para os quase 10.000 moradores do município. “Com a locação de barcos e aviões para transportarmos as pessoas que precisam se deslocar para Rio Branco por questão de saúde, as contas da prefeitura ficavam comprometidas”, disse ele.

O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), afirmou que a obra da ponte representou um desafio para a própria engenharia. Segundo ele, a conclusão da ponte leva a liberdade aos moradores da região.

“O isolamento tem a cara da fome porque os alimentos chegam mais caros e nem todo o mundo tem condições de comprar. O isolamento tem a cara da morte porque quando alguém adoece padece para chegar ao hospital mais próximo”, observou o parlamentar.
Mesmo não estando totalmente concluída, a ponte sobre o Purus está liberada para o tráfego. O objeti

vo é acabar com o transtorno das travessias por balsa. De acordo com Marcos Alexandre, a etapa de acabamento estará finalizada até o final do primeiro trimestre de 2011.

 

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