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Mesmo com acordo, índios continuam acampados na sede local da Funasa

Ao contrário do que se foi noticiado, os índios não abandonaram o acampamento na sede local da Funasa e completarão amanhã (23) 50 dias de ocupação. Atualmente, um grupo de 10 indígenas permanece no prédio. Abatidos pela demora, mas sem deixar seus ideais de lado, eles prometem que só sairão quando forem cumpridos os acordos de melhorias na Casa do Índio (Casai). Caso isso não aconteça, eles ameaçam trazer as lideranças que já voltaram para as suas tribos, a fim de promover uma série de protestos na Capital.
Baracas
O acordo que acalmou os ânimos dos índios foi selado no dia 10 deste mês, em reunião com uma comissão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), MPF e o governo. Ficou acertado que a Funasa, o governo e a prefeitura atenderiam às reivindicações dos índios. Diante do compromisso assumido, muitos voltaram para casa, reduzindo o grupo de 35 para 10. Aos que sobraram ficou a missão de acompanhar a execução do acordo.

Agora, é justamente nesta parte que eles não estão tão satisfeitos! De acordo com Adriel Lima Guimarães, presidente da comissão em prol da saúde indígena/Casai e membro do grupo de transição da Funasa – Sesai, grande parte das promessas não foi cumprida até o momento, o que tem agravado a saúde dos 130 índios que esperam tratamento na Casai. 

Para ser mais específico, Adriel Lima conta que o único que está demonstrando respeito ao movimento e cumprindo a sua parte no trato é o governo estadual. Já sobre a prefeitura e a Funasa, ele diz que ‘quase nada’ foi feito para sanar os seus deveres no acordo.

“Estão dizendo na mídia que já cumpriram as exigências dos indígenas e, por isso, eles já voltaram para suas aldeias. Isso não é verdade. Algumas coisas foram solucionadas, mas ainda há muito a ser feito para cumprir as exigências acordadas pelo juiz federal, na última audiência. Até que estes compromissos saiam do papel e se tornem realidade, os índios não sairão daqui. Enquanto a oca deles estiver montada, eles vão permanecer no pátio do prédio, de forma pacífica, esperando que cumpram os seus direitos”, ponderou Adriel Lima.    

Entre os pontos principais que não estariam sendo cumpridos, constam: a conclusão da reforma geral e o conserto na fiação da Casai; agendamento e o encaminhamento dos doentes para tratamentos (há o caso de um índio que estaria morando há 3 anos na casa e já teria colocado uma sonda, mas ainda está à espera da cirurgia); compra de colchões decentes para os dormitórios; disposição de 2 vans para transportar os índios, etc.

Fazem parte do movimento em prol da saúde indígena etnias de quase todo Acre, do sul do Amazonas e noroeste de Rondônia. Se o acordo federal não for efetivado com maior celeridade até 1º de janeiro, o grupo ameaça fazer protestos de cunho político. Caso não haja uma resposta prática até meados de janeiro, eles prometem convocar suas lideranças para retomar o prédio da Funasa, a exemplo do que fizeram no final de novembro.     

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