Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Mudanças climáticas vão reduzir a capacidade de geração em hidrelétricas

As usinas hidrelétricas do Rio Madeira – Santo Antônio e Jirau – podem ter a capacidade de geração de energia abaixo do previsto no projeto inicial. Isso se dará por conta dos efeitos das mudanças climáticas que afetarão a Amazônia, em especial, com a diminuição dos períodos de chuvas e prolongamento das estações secas.
Hidreletrica
Essa é a conclusão do estudo ‘Mudanças Climáticas e Segurança Energética no Brasil’, que teve como um dos autores o cientista Roberto Schaeffer. De acordo com ele, as construções das hidrelétricas em todo o Norte não estão levando em consideração os cenários climáticos para as próximas décadas, que serão alterados por conta do processo de mudanças por que passa o planeta.

“Os nossos estudos mostraram que, a partir de cenários futuros de alterações climáticas, o nível de chuvas no Brasil será alterado, assim como as temperaturas”, disse ele, em relato ao portal Mudanças Climáticas. Conforme o estudo, o número maior de dias quentes resultará na evaporação mais rápida dos reservatórios das hidrelétricas.

Segundo Schaeffer, as re-giões Norte e Nordeste serão as mais impactadas pelas mudanças do clima. “Grandes hidrelétricas em construção hoje estão esperando uma capacidade de produção de energia que talvez elas não possam entregar no futuro”, ressalta ele.

Nessa perspectiva futura, o estudo incluiu as usinas hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e a de Belo Monte, no Pará. Essa última é atualmente a maior obra em construção do Governo Federal, orçada em R$ 20 bilhões. O cientista afirma que os projetos destas hidrelétricas falham ao não levar em consideração como estará o clima da região nas décadas vindouras.

Pelo planejamento inicial, a Usina Hidrelétrica de Jirau terá uma capacidade de geração elétrica de 3.450 MW. Já Santo Antônio pode chegar a 3.150 MW. Prevista para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, Belo Monte terá potencial energético de 11.200 MW.

Com o volume menor de chuvas na região, a tendência é de que os rios passem a ter ‘vazantes’ mais constantes e prolongadas, afetando a capacidade de geração das usinas. As hidrelétricas dependem diretamente da força da água para movimentar suas turbinas e, assim, gerar energia.

A precipitação pluviométrica na Amazônia já pôde ser sentida este ano, com os grandes rios chegando aos seus níveis mais baixos. Outra constatação é a quantidade inferior de chuvas neste período chamado de ‘inverno amazônico’. Ao contrário de outras épocas, as temperaturas nestes meses finais do ano têm estado maiores que a média histórica, e chuvas ocorrem em espaços de dias bem acima do normal.

Dona dos grandes rios brasileiros, a Amazônia passou a ser nos últimos anos o centro dos investimentos para a geração de energia no país. A construção de hidrelétricas é criticada por ambientalistas pelos inúmeros impactos ambientais que causarão.

 

 

Sair da versão mobile