Os quadros, esculturas e peças de artesanato que enfeitam as paredes e corredores da Assembléia Legislativa alçaram um novo status. Produzidas por artistas acreanos as obras agora passarão pelo processo de tombamento, para que sejam consideradas Patrimônio Cultural do Estado. A cerimônia que marcou o ato ocorreu ontem, 14, no salão nobre da Casa, com a presença de autoridades, historiadores e entusiastas da cultura acreana.
Atualmente o acervo é o maior do gênero no Estado e conta com aproximadamente 180 peças catalogadas e que foram produzidas por artistas de várias cidades do Acre, desde Rio Branco até Santa Rosa do Purus. A proposta para o tombamento das obras partiu dos historiadores Gerson Albuquerque e Marcus Vínicius após visitarem a sede do Legislativo.
Para eles tornar as obras Patrimônio Cultural do Estado é uma forma não apenas de proteger como de incentivar a população acreana a buscar o acesso a elas. “Nossa expectativa com o tombamento é que não só preserve as obras como deixe a Assembléia aberta para que as pessoas vejam”, disse Albuquerque, que acredita ainda que as peças trazem olhares multifacetados da Amazônia.
Retratos Acreanos
As obras que hoje estão nas galerias da Aleac começaram a ser adquiridas no final de 2008, quando a sede do Legislativo estava em reforma e o presidente da Casa, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) junto com sua equipe pensava no que deveria ser feito para dar identidade acreana ao Parlamento. “Nós tínhamos um projeto arquitetônico desenvolvido para agregar modernidade e valores amazônicos tradicionais, mas faltava algo que evidenciasse nossa alma acreana, foi quando começamos a adquirir os quadros e outras peças de arte”, explicou o parlamentar.
Em pouco tempo a Assembléia, antes um lugar que representava o Estado politicamente passou a fazê-lo também em termos culturais. “Eu fico feliz de ver que a Casa do Povo preenchida com manifestações culturais do próprio povo. Tornando viva a cultura acreana em seus corredores”, comemora Marcus Vinícius.
Mas segundo Magalhães, a maior vitória é que a iniciativa de proteger essas obras não partiu de nenhum parlamentar ou da Mesa Diretora da Casa e sim de membros da sociedade. “Há uma tendência no serviço público de que haja uma certa descontinuidade dos trabalhos desenvolvidos e agora quando somos provocados pela sociedade temos de responder e ver que a sociedade quer resguardar essas obras nos mostra que foi uma decisão acertada a de construir esse acervo”.
Com o processo do tombamento entregue nas mãos do presidente do Conselho de Patrimônio Histórico do Acre, Daniel Zen, as obras passarão a ser protegidas por lei. Assim não poderão mais ser comercia-lizadas e o Poder Legislativo não poderá se desfazer delas, mesmo que mudem as gestões.