A primeira edição do Prêmio de Jornalismo do Ministério Público Estadual (MPE) não poderia ter tido um começo melhor! Com o selo inigualável da ética, da qualidade e da responsabilidade social do órgão, a iniciativa reuniu as mais marcantes reportagens em 2010 destes vitoriosos guerreiros que são os jornalistas acreanos. A grande cerimônia de premiação aconteceu na noite da última terça (14), 19h, lotando o auditório do Teatrão com homenagens e o orgulho de uma classe que jamais poderá se sentir ingloriosa.
Muito mais do que um prêmio, a ocasião foi o reflexo perfeito das maiores conquistas e batalhas que estes profissionais encaram, dia após dia, para fazer as notícias divulgadas com tanta seriedade à sociedade (muitos podem não saber ao ver só o produto final, mas elas exigem, sim, um árduo esforço multiprofissional). Um momento ímpar, que só um órgão com dever social tão único quanto o Ministério Público poderia propiciar.
Desde o início irreverente (com dublagens cenas de grandes clássicos do cinema, como Superman, Rocky IV e Menina de Ouro) até a entrega do último prêmio, razões é o que não faltaram para valorizar os inabaláveis lutadores da comunicação social. Mas a festa também foi a chance perfeita de mostrar os verdadeiros talentos ocultos dos jornalistas.
Vários jornalistas e empresários de comunicação apresentaram poesias e músicas na cerimônia de premiação
Logo após as cômicas ‘adaptações’ mostrando a gana de se vencer o prêmio do MPE, a platéia foi tomada pelo show de músicas e poesias que deram os ilustres comunicadores convidados. O repertório foi baseado em marcantes composições artísticas de uma das épocas mais amargas à imprensa brasileira: ditadura militar. Logicamente, os intérpretes acreaníssimos – se não de nascença, então de coração – não deixaram a desejar nem para os artistas globais (e olha que lá tinha até repórter da Rede Globo para comprovar isso).
A primeira do show ‘Notícias da Cidadania’ foi Paula Amanda (uma das vencedoras da noite) entoando a música Canta Brasil, seguida de bailarinas da Dançando no Ritmo. O segundo foi a apresentador Alan Rick com uma de suas poesias, seguido da recitação do texto ‘Ditadura x imprensa x MPE’, por Raquel Moreira. Para descontrair a seqüência, o ato teve a hilariante dupla de Victor (Bombomzão) Augusto e Ludmila Santos, com a música Severina Xique Xique. A seguir, veio nova leitura de texto da jornalista Tatiana Campos e a agitada interpretação de Jocely Abreu para a canção Tiro ao Álvaro.
Radialista Eliane Sinhasique cantou música da Taiguara
O espetáculo artístico fechou com 4 performances emocionantes da radialista Eliane Sinhasique (Taiguara), do publicitário David Sento Sé (What a Wonderful World), da apresentadora Mirla Miranda (Canção da Despedida) e, por fim, Iana Sara (Alegria)
Reconhecimento ao papel da imprensa acreana
Passadas as apresentações culturais, os representantes do Ministério Público finalmente tiveram a palavra. Ainda assim, optaram por deixar a estrela dos jornalistas brilhar mais forte e não pouparam elogios ao papel da classe ante a sociedade.A primeira a falar foi a jornalista Socorro Camelo, assessora de comunicação do MPE e uma das organizadoras do evento. Orgulhosa com o projeto, ela destacou as qualidades dos repórteres acreanos ao enfrentar os desafios do cotidiano e o quanto esta ‘garra’ merece ser recompensada.
Procurador-geral Sammy Barbosa e assessora Socorro Camelo (D) destacaram o papel do jornalista na sociedade
“Todos os jornalistas aqui presentes são grandes lutadores da informação, da ética, da democracia e, sobretudo, da verdade. Com o prêmio ou não, todos devem se considerar reais vencedores pelas batalhas que enfrentam e superam no decorrer do seu dia-a-dia. E todos nós sabemos que não são poucas, e que nem sempre há tempo para comemorá-las diante das novas tarefas que surgem no dia seguinte”, destacou Socorro.
Por sua vez, o procurador-geral do Ministério Público do Acre, Sammy Barbosa, contou da satisfação ao realizar o prêmio para consagrar, pela primeira vez (mas com senso de justiça construído em anos pelo órgão), os bons materiais elaborados pra todas as mídias locais. Para Sammy, criar a premiação foi uma empreitada inovadora de se estimular matérias que retomassem a discussão de grandes temáticas junto à sociedade. Neste ponto, ele descreve o esforço dos jornalistas como essencial para estabelecer tal diálogo.
“Os trabalhos apresentados ressuscitaram temas interessantes, que fazem parte das lutas diárias das nossas promotorias. E este é um reconhecimento que damos a toda imprensa acreana,que sempre foi uma de nossas maiores parceiras, mesmo em momentos difíceis. O Ministério Público se distanciou ao máximo da comissão julgadora pra torná-lo isento e responsável pela escolha dos melhores. Mas todos os outros estão de parabéns”, disse.
Jornalista: aquele que segura a lanterna para tirar questões sociais da obscuridade
Outra atração memorável do Prêmio de Jornalismo do MPE foi a palestra do repórter da Rede Globo, Marcelo Canellas, especialmente convidado para abrilhantar a festa. Curto e bastante objetivo (como manda a regra do bom jornalista), ele também elogiou muito o talento e a dedicação dos profissionais acreanos, contou algumas de suas experiências na televisão e transmitiu valiosas lições dos seus 25 anos de carreira (daquelas que todo repórter, independente de quantos anos tenha na área, deve sempre relembrar).
Marcelo Canellas disse que jornalistas jamais podem se conformar
Descontraído, o gaúcho quebrou o gelo contando sobre o peso em ser apresentado como ‘o repórter da Globo’ e as muitas vezes que foi confundido na rua com outros artistas da emissora. Depois de preparar o público, ele foi direto ao discurso acerca do seu oficio.
Dentre uma de suas falas, Marcelo Canellas defendeu a tese de que o jornalista, assim como o escritor, é o homem que segura a lâmpada para iluminar as ações dos outros. É a luz que chega para tirar do escuro as problemáticas sociais que muitas vezes as pessoas se esquecem, mas que nem por isso desaparecem do seio da sociedade. Para que tal luz brilhe, ele afirmou que o jornalista jamais pode se conformar com as dificuldades na resolução de tais questões e muito menos aceitar as tentativas do poder de escondê-las.
Nesse sentido, ele exibiu e comentou sobre 2 de suas mais conceituadas reportagens na Globo, uma sobre fome e outra sobre um fundo pra custear a saída de jovens do interior.
Na matéria da fome, ele contou que poucos dias após exibi-la no Jornal Nacional uma de suas entrevistadas morreu por desnutrição. Com isso, Canellas narra que apesar da matéria ter sido de uma das séries mais premiadas da Rede Globo, o seu sentimento foi de impotência por nem ele e nem toda a audiência do maior telejornal brasileiro terem interferido para salvá-la. “É daí que o jornalista precisa ter humildade para reconhecer que sua notícia não pode mudar o mundo. Sem dúvida, um bom trabalho ajudará muitas pessoas a se portar diferente na sociedade, mas para mudá-la é preciso de mais”, pregou.
Os grandes vencedores da noite
Para fechar a cerimônia de premiação, o clima de suspense seguido de alegria irrompeu com tudo da platéia com os anúncios dos vencedores. Apresentado e repassado pelas mãos de renomadas figuras do jornalismo, da publicidade, do empresariado e mesmo do judiciário acreano, as cobiçadas estatuetas no formato de bonequinhos jornalistas foram aos poucos sendo entregues com salvas de aplausos. Confira a lista dos ganhadores:
* Categoria Jornalismo Impresso – Tiago Martinello, com a matéria “Cortina de Fumaça”, pelo do Jornal A GAZETA.
* Categoria Telejornalismo – Paula Amanda, com matéria “Bullying”, pela TV Gazeta
* Categoria Destaque Acadêmico, Jornalismo On-Line – Agnes Cavalcante, Crislei Souza e Lillian Lima, com a matéria “MP no combate à violência contra a mulher”, pelo portal oriobranco.net.
* Categoria Fotojornalismo – Regiclay Saady, com a foto “Lar dos Vicentinos”, pelo Jornal Página 20.
* Categoria Radio jornalismo – Luciana Teixeira, com a matéria “Ministério Público de Cruzeiro do Sul levanta histórico de maior proximidade com a população”, pela Rádio Aldeia FM Juruá.
* Categoria Jornalismo On-Line – Ingreson Derze, com a matéria “MPE e MPF na luta contra as queimadas no Acre”, pelo portal oriobranco.net.
* Categoria Destaque Acadêmico, Telejornalismo – Wesley Moraes, aluno da Ufac, com a matéria “O descaso no abatedouro de Manoel Urbano”, pela TV Aldeia.
A noite ainda contou com uma homenagem ao cantor e radialista Franco Silva, o sorteio de passagens de avião e uma bombante ‘Balada dos Vencedores’ na X-43.