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Anúncio precipitado do presidente da Assembléia causa indignação

Especulações garantindo que o deputado Hélder Paiva (PR) será o novo presidente da Aleac acabou tumultuando a sessão de ontem da Casa. Os dois principais postulantes, deputado Moisés Diniz (PCdoB) e o próprio Hélder, deram entrevistas indignadas sobre as informações que foram publicadas.
“Todos sabem que não sou de reclamar, mas me sinto magoado”, afirmou Hélder, que passou a manhã de ontem reunido com o governador eleito Tião Viana (PT). A tese de alguns parlamentares é que a matéria poderia servir para “fritar” as pretensões do republicano devido à grande antecedência do anúncio.
Diniz
O fato é que as eleições da mesa diretora da Aleac só acontecerão em fevereiro de 2011. Portanto, ainda faltam mais de 60 dias para o desfecho definitivo do resultado. Todo mundo sabe que num processo político eleitoral dois meses são uma eternidade e as articulações podem mudar de rumo ainda várias vezes. Além disso, a garantia de um vitorioso sem a posse dos novos deputados com direito a voto que vão renovar a maioria das atuais cadeiras não tem nenhum sentido.

Outra questão que merece destaque é o fato do secreta-riado e o segundo escalão do novo governo ainda não ter sido anunciado. Só depois disso é que os partidos que compõe a Frente Popular poderão saber o espaço que ocuparão para fazer as suas reivindicações. O governador eleito Tião Viana (PT) tem reiterado que não pretende impor nome algum à Aleac. Com origem no parlamento, Tião, declarou por várias vezes que pretende respeitar a independência dos poderes constituídos. Ele revelou que espera vir um nome de consenso, fruto das negocia-ções entre os deputados esta-duais, para aprovar. 
 
Moisés Diniz anuncia candidatura oficial
O mais revoltado com o anúncio era o atual líder do governo, Moisés Diniz. Ele sempre se manteve discreto em relação às suas pretensões de gerir a Aleac evitando dar declarações à imprensa relativas à disputa. No entanto, ontem, convocou uma entrevista coletiva para anunciar que é oficialmente candidato à sucessão do seu camarada deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB). “Oficialmente existiam dois candidatos que se declararam, o Hélder e o Tchê, que foram a imprensa. Pes-soalmente eu ainda não havia feito anúncio a nenhum meio de comunicação”, lembrou.

Agora, concorrendo à presidência Moisés explicou como foi sendo construída a sua candidatura.  “O que ocorreu é que foi fluindo o meu nome na imprensa, entre os parlamentares e naturalmente foi consolidando a idéia de uma candidatura. O fato de ter sido publicado que teria renunciado a minha candidatura me obriga a dizer que não retiro a minha candidatura apesar dela nunca ter sido anunciada. É um paradoxo. Agora, sou obrigado a dizer que sou candidato”, garantiu.

Moisés Diniz também ironiza a tese da divisão entre dois presidentes nos períodos de dois anos. “O regimento interno da Casa determina eleições para o presidente da mesa diretora a cada dois anos, portanto, se eu for candidato serei para dois anos. No Congresso Nacional o debate tem sido feito com os dois principais partidos, PT e PMDB, na base do diálogo. Quem governa é o partido político e não a pessoa. Se esse debate vier à FPA estou disposto a fazer. A minha opinião, é que aconteça uma eleição de maneira republicana. A FPA vai se reunir e decidir ouvindo as principais lideranças. Quem vota são os 24 deputados, mas nós ouviremos o governador eleito Tião Viana. Além do senador Jorge Viana (PT) e o atual presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães (PCdoB) e os principais dirigentes dos partidos. Por consenso se indicará o presidente”, garantiu.

Papel da oposição e mandato dividido
Seguindo os passos de Edvaldo Magalhães, Moisés Diniz, quer uma mesa diretora com a participação dos parlamentares de oposição. “Sou um defensor intransigente de que a decisão seja da FPA. Mas após a decisão o indicado deve procurar a oposição para dialogar para que um representante deles possa ocupar um dos cargos da mesa. Sobre a pegadinha de rodízio e de acordo ninguém negocia com a conjuntura. Não posso dizer que em 2013 ocorrerá tal fato porque a conjuntura pode não permitir que determinado acordo seja cumprido. Portanto, em política o que funciona é o momento. Por isso, nós vamos discutir sobre o próximo presidente da Aleac que irá governar por 2 anos”, argumentou.

Suposta reunião
Moisés admite que nesse dias houve muitas articulações. Mas descarta a informação de que aconteceu uma reunião específica para determinar o nome do presidente. “Já conversei com vários deputados sobre a sucessão na Aleac. Houve várias reuniões e nem sei de qual estariam falando. Nenhuma candidatura foi retirada em nenhum momento para fazer acordo. Simplesmente não houve isso”, garante. 

Quanto ao papel no processo do governador eleito Tião Viana, Moisés, salientou: “nós teremos um governador que veio do quadro do legislativo e que conhece bem os meandros da luta política no parlamento. Não tenho nenhuma dúvida que o Tião Viana estará avalizando o processo que seja mais amplo, democrático e contemple a melhor capacidade de gerir a Casa. Mas agora nós estamos com a matéria mais importante que é a votação do orçamento Anteciparmos o processo sucessório da mesa diretora é um desrespeito aos eleitores que nos elegeram até o dia 31 de janeiro de 2011”, finalizou.

Hélder Paiva se diz surpreso
O deputado Hélder Paiva também descartou qualquer veracidade nas informações publicadas. “Fui pego de surpresa e desconheço qualquer acordo. Quem me conhece sabe que sou de falar pouco. Quando falo é só aquilo que meu coração acha que deve ser. Nós temos três nomes colocados na disputa à presidência e todos são conceituados no Estado e com o direito de dirigir a Casa. O fato é que sequer conversei com os meus colegas deputados que estão nessa legislatura e com aqueles que virão para a próxima. Apenas tenho colocado que o meu nome está à disposição e isso não novidade”, sentenciou.

Quanto a um possível encontro entre deputados para antecipar o consenso em torno do nome do novo presidente, Paiva, esclarece. “Sou amigo pessoal do atual presidente Edvaldo Magalhães e um admirador do trabalho que realizou na Aleac. Jamais iria começar um processo de candidatura sem consultá-lo. Na minha concepção não conheço nada relacionada com a informação publicada. Ao chegar aqui tomei foi um susto. Daqui para fevereiro ainda vai ter muita conversa entre os colegas”, destacou.

Participação do governador
Devido à publicação da matéria o parlamentar republicano se reuniu com o governador eleito Tião Viana (PT) no escritório de transição governamental. “Fui explicar ao governador eleito Tião Viana que desconheço qualquer informação relativa a esse acordo que foi publicado. Falei para ele que estava surpreso com a matéria. Tenho evitado falar de eleição da mesa porque acho precipitado. Acredito no consenso. O conselho do Tião é que a decisão deverá ser tomada pela Casa e os seus deputados”, garantiu.

 

 

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