X

O abre-alas da inteligência social

Observa-se uma tendência coletiva, em função de trabalho ou hábito de internet, o isolamento, cada vez mais freqüente, entre pessoas. Tanta gente convive com poucas amizades e outras tantas pessoas se recusam ou evitam a alargar os horizontes sociais. Em verdade, as pessoas, hoje, sentem medo das outras, em especial daquelas desconhecidas. Mas o fato real é que a pessoa humana, como ser social, necessita exercitar e alargar a sua inteligência social, como uma necessidade que se tem e um caminho mais amplo para se alcançar a felicidade, a alegria de viver. Necessitamos conhecer novas pessoas, descobrir nelas afinidades ou valores que nós admiramos, respeitamos e desejamos compartilhar.

E essa tarefa de conhecer novas pessoas, dialogar com elas é tão importante quanto cultivar relacionamentos já existentes. O novo é literalmente inovador, pleno de oportunidades e quem busca relacionar-se e transitar em diversas rodas de amizades desenvolve e exercita, como essa prática, a inteligência social, ao tempo em que trabalha com a inteligência emocional.

O renomado psicólogo Daniel Goleman, autor do best seller “Inteligência Emocional”, criou um guia para a compreensão e utilização dessa inteligência. Ali afirma que essa inteligência pode ser desenvolvida ao longo da vida. Em resumo, podemos aprender a utilizar as competências da inteligência e, assim, evoluirmos intelectualmente e socialmente. Então, sabendo que há vários tipos de inteligência, o cientista diz que a inteligência social é a real aplicação da inteligência emocional no mundo das relações interpessoais.

Desta forma, começa-se a compreender que para sermos socialmente inteligentes precisamos, de fato, conviver socialmente. Por isso nós construímos e desenvolvemos a inteligência social interagindo no meio em que vivemos, estimulando nosso cérebro com cultura, conhecimento, costumes, hábitos. Essas experiências novas e contínuas desencadeiam valiosas conexões neu-rais em nossa máquina cerebral, que moldam nossas emoções, criando, desse jeito, um ser humano sociável, empático, totalmente adaptável ao meio e ao convívio com outras pessoas, de forma saudável, integralizadora.

Na atualidade, após tantos estudos, os cientistas afirmam que as inteligências múltiplas podem ser menos ou mais ativadas em nosso cérebro. E para que isso aconteça contam-se como fatores determinantes as oportunidades disponíveis no ambiente sócio-cultural e, também, das decisões e escolhas pessoais ou do grupo de convívio. Estes fatores são tão específicos e variantes que moldam o ser humano como espécime único, com inteligências diferenciadas e totalmente adaptadas ao meio.

Por isso mesmo uma das competências mais requisitadas e apreciadas no universo profissional é a inteligência social, capacidade que proporciona maior colaboração entre indivíduos, desenvolvendo a empatia e a habilidade de trabalhar em grupo e conviver em comunidade, com maior interação, envolvimento e comprometimento. O poder “Inteligência Social” é a capacidade de alguém lidar com outras pessoas e com-preender os sentimentos alheios, os relacionamentos sociais e as convenções morais. Pessoas com alta Inteligência Social são sensíveis, têm tato, sabem ser atenciosas, calorosas, amigáveis. Preferem o elogio ao invés da crítica, assim como sabem evitar conflitos e discussões. Dão grande atenção a afetos e paixões e tendem a decidir com base em sentimentos. São boas em fazer amigos, influenciar pessoas e transmitir sua disposição aos demais. Isso não significa que sejam necessariamente pessoas éticas, justas ou bondosas. Pois podem ser simplesmente bons mani-puladores das emoções alheias.

O estudioso Goleman ensina que a construção dos nossos relacionamentos – as quais denomina de networking – não moldam apenas nossas experiências, mas principalmente nosso corpo físico, literalmente nossa biologia. Isso pode nos afetar de maneira maligna ou benigna, pois somos o que vivemos! Relacionamentos desagradáveis constroem verdadeiras “bombas-relógio” emocionais dentro de nós, que são montadas lentamente, ao longo da vida, prontas para explodir tomando formas como: descontrole emocional, estresse, ansiedade, doenças cardía-cas e respiratórias, úlceras entre tantos outros males que afligem a população contemporânea.

Enquanto os relacionamentos agradáveis, são celeiros de expe-riências positivas e saudáveis ao nosso corpo e, principalmente, ao cérebro, abastecendo-o de informações que construirão o ser profis-sional e social que nos tornamos, pouco a pouco, aptos e dispostos ao relacionamento interpessoal.

Dessa forma, obter os benefí-cios do networking não é difícil, apenas exige empenho e dedicação full time, pois como se sabe, o ser humano está sempre em processo contínuo de trabalho e desenvolvimento de sua inteligência social. Um cérebro menos ou mais sociável é fruto do exercício do convívio, do relacionamento e do acúmulo de expe-riências desde a mais tenra idade.

Pode-se concluir dizendo que conquistar o ápice do sucesso profissional ou pessoal depende do estímulo, das escolhas e, principalmente, desse exercício cotidiano fantástico que é a prática incessante do networking, que leva a pessoa ao encontro de redes de relacionamento sólidas, gerando experiências valiosas, que lapidadas pelo convívio, constroem nossa inteligência social. Assim, seremos, com certeza, mais felizes.

Categories: Luísa Lessa
A Gazeta do Acre: