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De brasileiro para brasileiro

ZiloTodos nós sabemos que algumas ações que visam atender uma emergência não resolvem definitivamente os problemas sociais, mas servem para amenizar a situação de calamidade de muitas famílias, dando o que elas não têm e, principalmente, oferecendo esperança e perspectiva de dias melhores. Essa é a maior doação.

Motivar esperança e agir para contribuir com uma mudança é uma prática que começa na base familiar, ou, como costumamos falar, no berço. Digo isso com a propriedade de quem cresceu em uma casa sempre mantida com as portas abertas, por uma mãe, professora, conhecida por suas boas ações. Mas é bem verdade também que muitos aprendem fora de casa. Você mesmo, leitor, é capaz de contagiar amigos e familiares e, juntos, fazerem algo grandioso em prol do próximo.    

Acredito que o Acre precise de ajuda em muitos aspectos. O Brasil inteiro precisa, mas, de longe, em nenhum lugar do país se viu o que agora o povo do Rio de Janeiro está vivendo. E, solidário que é, o povo acreano pode continuar ajudando sua casa, e ainda assim, também ajudando outros lugares, afinal, solidariedade nunca é demais, e quem é solidário não tem cota a distribuir por mês.

Seria uma omissão muito grande o Acre não manifestar qualquer tipo de ajuda a essa, que ganhou o título de maior tragédia causada por fenômenos naturais no Brasil. E respondendo a isso, está nas ruas a campanha Acre Solidário, que reúne Governo do Estado, instituições públicas e privadas e a sociedade civil organizada.

Frei Betto escreveu no artigo “Solidariedade & dessolidariedade” que talvez a crise da solidariedade tenha a ver, hoje, com a privatização de nossos valores e sentimentos, ressaltando que nessa pós-modernidade o individualismo cada vez mais ganha destaque, e que não é a solida-riedade que está em crise, mas a racionalidade moderna.

O mais interessante é que o artigo é de 2005, mas as palavras de Frei Betto estão bem atuais quando diz que “de algum modo, as pessoas simples continuam a acreditar num futuro melhor. Não importa se esse sentimento brota da emoção, da fé ou da esperança”. Eu ouso dizer que talvez por isso é que essas pessoas simples são as que menos têm e mais doam. Por diversas vezes estive no interior deste e de outros Estados e me deparei com gente que parecia ter pouco, mas que sempre ofereceu o melhor ao visitante, e isso não o deixou com menos – ao contrário, são de uma grandio-sidade admirável.

Tenho amigos engajados, que sempre estão abraçando causas que consideram importantes. Exemplo disso são os twitteiros, que saíram da frente do computador e já realizaram algumas ações sociais. Esses amigos agora estão doando água, mas em nenhum momento deixaram de pensar que essa doação os impede de continuar realizando outras formas de ajuda ao povo acreano.

Ontem mesmo o Acre deu mais um exemplo, quando jovens se reuniram e lançaram uma brigada de combate à dengue. Mesmo que a ação seja coordenada por um órgão público – no caso a Assessoria da Juventude -, cada jovem que abraçou a ideia a fez por solidariedade, vontade de ajudar, compromisso com seu Estado, seu país, por cidadania. Ainda assim, a água doada pelos acreanos chegará ao Rio de Janeiro em uma ação totalmente voluntária, e até mesmo o transporte dessa doação será feito de graça. Hoje é o Rio que precisa de mais ajuda, amanhã pode ser qualquer outro Estado. São brasileiros ajudando brasileiros.

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